Goleiro Bruno consegue habeas corpus no STF e deve sair da cadeia

Advogado Lúcio Adolfo, que representa Bruno, confirmou a informação e já está aguardando a saída do cliente, na Apac de Santa Luzia

Guilherme Paranaiba

- Foto: Marcelo Albert/TJMG


O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu um habeas corpus que permite a saída do goleiro Bruno Fernandes da prisão na noite desta quinta-feira. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do STF na manhã desta sexta-feira.

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O ministro deferiu o habeas corpus número 139612, que permite que Bruno recorra de sua condenação pelo sequestro, morte e ocultação do cadáver da modelo Eliza Samudio em liberdade. Segundo a assessoria do STF, Marco Aurélio argumentou que o recurso já estava há três anos sem apreciação e, portanto, deu a Bruno o direito de continuar esperando essa análise solto.

Ainda segundo a assessoria, o documento é válido apenas se ele não estiver preso por outros crimes que não tenham relação com o caso Eliza Samudio. Os trâmites de análise do alvará e liberação do goleiro cabem à Vara de Execuções Penais de Santa Luzia, já que Bruno está preso na Associação de Proteção e Assitência ao Condenado (Apac) da cidade da Grande BH.

O advogado Lúcio Adolfo, que representa Bruno, disse que já está na Apac aguardando a liberação do cliente. "A expectativa é que ele seja liberado por volta do meio dia", diz o defensor.

 

Relembre o Caso Bruno

 Exatamente 969 dias depois da primeira notícia sobre o desaparecimento de Eliza Silva Samudio, o goleiro Bruno foi condenado. Com base na decisão de sete jurados, a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues determinou no Fórum de Contagem, na Grande BH, que Bruno Fernandes das Dores de Souza fique preso por 22 anos e três meses, 17 anos e seis meses deste tempo em regime fechado. Ele foi considerado culpado pelos crimes de homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver, além de sequestro e cárcere privado.

Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, sua ex-mulher, foi absolvida por 4 votos a 3 pelo cárcere e sequestro do bebê.

Em 26 de junho de 2010,
o goleiro Bruno, capitão do Flamengo e ídolo da maior torcida do Brasil e pretendido por clubes internacionais, como o Milan, da Itália, começou a ser investigado pelo sumiço e suposta morte da ex-amante, a modelo Eliza Samudio, de 25 anos, com quem teve um filho, Bruninho, também desaparecido. No mesmo dia a criança foi localizada no Bairro Liberdade, em Belo Horizonte, depois de a polícia descobrir que ela estava sob os cuidados da ex-mulher do atleta, Dayanne Rodrigues, que passou mais de 12 horas presa, até que um alvará de soltura a tirou da Delegacia de Contagem.

Juntamente com o goleiro Bruno também foram condenados por participação direta no crime Luis Henrique Romão - o 'Macarrão' -, amigo de Bruno e que possuía ligações com o tráfico de drogas em Ribeirão das Neves, na Grande BH; Marcos Aparecido dos Santos - o Bola, policial civil exonerado por indisciplina e idoneidade moral; e Fernanda Gomes de Castro, ex-mulher do goleiro Bruno.

 

Marcos Aparecido dos Santos foi apontado como executor de Eliza Samúdio e responsável pela ocultação do cadáver dela, o ex-policial civil foi condenado em 22 anos de reclusão em regime fechado pela morte da ex-namorada de Bruno, em 27 de abril de 2013.

Luís Henrique Romão, o 'Macarrão foi condenado em 23 de novembro de 2011 por sequestro, cárcere privado e homicídio triplamente qualificado, por uma pena de 15 anos, 12 deles em regime fechado. Na época das investigações, um fato curioso chamou a atenção de todos. Uma tatuagem feita por Macarrão, levantou suspeitas sobre uma suposta relação homossexual entre o homem e o goleiro. 

Já Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do jogador, foi condenada, também em 23 de novembro de 2011, pela participação no sequestro de Eliza e de Bruno Samudio, filho da modelo e do atleta que à época tinha cinco meses de idade. Ela teve a pena estipulada em cinco anos em regime aberto.

Outro envolvido no caso, Sérgio Rosa Sales, primo do goleiro do Bruno, foi morto em 22 de agosto de 2012 . Sérgio era tratado pela Polícia Civil como testmunha-chave do processo. O delegado Édson Moreira, à  frente das investigações na época, tratou o caso como queima de arquivo, afinal, dentre os investigados, Sérgio era o que mais contribuía com as investigações, segundo a Polícia Civil.

 

No decorrer do processo, a defesa de Bruno conseguiu transferir o goleiro de unidade em 10 de  junho de 2014. Inicialmente na Penitenciária Nelson Hungria,o goleiro foi transferido para a Penitenciária Francisco Sá, no Norte de Minas Gerais. 

Durante o tempo em que o goleiro esteve preso, a volta ao futebol foi cogitada e fazia parte de uma estratégia da defesa, que tentou conseguir autorização da Justiça para que o ex-atleta retornasse aos gramados. Em 28 de fevereiro de 2014, ele assinou um contrato com o Montes Claros Futebol Clube - equipe da segunda divisão do futebol mineiro.



Antes da ida para Francisco Sá, os advogados de Bruno pediram a transferência dele para o Presídio de Montes Claros, o que facilitaria uma volta aos gramados, mas não tiveram êxito. De acordo com especialistas, o ex-atleta só teria direito à saída temporária para o trabalho a partir de 2020.

Os advogados, no entanto, argumentam que mesmo em regime fechado, existiria a brecha na lei para o preso trabalhar durante o dia. Apesar de todos os esforços da defesa, a volta de Bruno aos gramados, foi impedida. Com a negativa, a defesa solicitou que Bruno retornasse à Região Metropolitana de BH, devido a proximidade com a família. O pedido foi aceito e Bruno retornou, novamente, para a Nelson Hungria em 26 de novembro de 2014.

Em 9 de setembro de 2015, o goleiro Bruno foi novamente transferido, desta vez para a Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (APAC) de Santa Luzia, também na Grande BH, onde se encontrava até hoje. Na APAC, o goleiro se casou com a atual mulher, Ingrid Calheiros, além de realizar cursos de pedreiro e trabalhar como segurança no local.

Apesar da condenação de Bruno, os restos mortais de Eliza Samudio não foram encontrados pela Polícia Civil. Em uma busca mais recente, deliberadas após denúncias do irmão do goleiro Rodrigo Fernandes das Dores de Souza, preso no Piauí por estupro, a Polícia Civil não encontrou nenhum resquício, o que aumentou ainda mais o suspense sobre o caso; afinal, desde 2010, com o início das investigações, foram feitas onze buscas - sem sucesso, dos restos mortais de Eliza.



 

 

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