O encerramento do carnaval popular na Praça da Estação, no Centro de Belo Horizonte, foi manchado por uma confusão generalizada entre foliões e a Polícia Militar (PM). Foram utilizadas bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral, e balas de borracha. Os policiais alegam que foram recebidos a garrafadas por um grupo de pessoas que estavam. No local, ficava um dos palcos com shows gratuitos para população, que pode aproveitar desde sexta-feira as apresentações. Mas confusões começaram a ser registradas desde a noite de segunda-feira.
De acordo com a PM, muitas pessoas entraram na praça com garrafas de vidro. Brigas foram registradas entre grupos rivais. Por causa disso, os policiais agiram. No momento da confusão, acontecia o show da Carla Gomes. Por várias vezes, ela pediu para os brigões pararem. Ainda haveria a apresentação do Baile do Maguá, mas o evento foi suspenso.
“Tivemos hoje um descontrole de parte do público. Por volta de 22h, foram arremessadas garrafas contra o efetivo que aqui estava sendo necessária a intervenção. No momento da ação, a situação piorou. Mais objetos foram lançadas dos dois lados da praça, sendo necessária fazer a desobstrução para que fosse dada a garantia e a retomada da ordem pública”, afirmou o comandante do 1º Batalhão da PM, Coronel Eduardo Alves, que comandou a operação na Praça da Estação.
Muitas viaturas foram deslocadas para o entorno da Praça da Estação e o local foi rapidamente esvaziado. Na saída, muitas pessoas caíram e sofreram ferimentos, como olhos inchados, contusões nas pernas, e cortes pelo corpo. As vítimas receberam atendimento em um posto médico no local e depois foram levadas para o Hospital João XXIII. Não foi repassado o balanço do número de feridos. Também não há informações sobre pessoas detidas.
O pedreiro Sebastião Luz da Silva, de 58 anos, estava junto com a mulher trabalhando de ambulante quando começou o tumulto. “Eu caí e acabei ferindo a perna. Não consegui ver o que aconteceu”, relatou. Por causa do tumulto, a Estação Central do metrô foi fechada por alguns minutos por causa do grande número de pessoas que correram para o local. A Guarda Municipal reforçou a segurança e houve a reabertura. O helicóptero da PM também ajudou na segurança.
Com a dispersão, foliões subiram para a Avenida Afonso Pena, onde acontecia o desfile de escolas de samba. Houve um princípio de confusão, mas a Polícia Militar reforçou o policiamento na região.
A coordenadora de palco, Renata Chamilet, afirmou que estavam aproximadamente 25 mil pessoas no entorno da praça, onde acontecia os shows. Somente na praça, 20 mil. Para ela, o público se assustou com a ação da PM. “No quinto dia de festa, praça cheia todos os dias, e às vezes, quando temos multidão, qualquer ação se torna maior do que ela seja. Talvez a PM chegou para agir em uma situação pontual, de maneira que as pessoas se assustaram, houve uma correria. Nisso, ninguém sabe quem é o culpado. Acho que, na verdade, todo mundo tentando se proteger e buscando um lugar seguro. Mas, tirando isso, foram cinco dias de festa que Belo Horizonte compareceu. Foi bem bonito”, disse.
Praça cercada
Segundo o comandante do 1º Batalhão da PM, os próximos eventos devem ser com o local cercado e com controle de acesso do público. “O evento na Praça da Estação com ela totalmente aberta se torna inviável. Já discutimos isso hoje em reunião mais cedo e já chegamos nessa conclusão que para os próximos eventos a Prefeitura vai fazer um cercamento do local para ter um controle de acesso. Isso serve para que a gente evite que as pessoas entrem com possíveis armas, como facas, garrafas de vidro, e para que possamos dar mais seguranças”, comentou.