Ativista do movimento negro, Vanessa Cristina de Jesus, conhecida como Vanessa Beco, de 44 anos, foi detida na manhã desta quarta-feira, durante organização do Bloco Arrasta %2b Bloco de Favela, na Vila Antena, que faz parte do Aglomerado Morro das Pedras, na Região Oeste da capital mineira.
O caso ocorreu pouco antes das 12h, horário que seria o da saída do bloco, conforme a prefeitura. Segundo a Polícia Militar (PM), uma viatura foi deslocada para a Rua São José para acompanhar a realização da festa. Chegando ao local, os militares encontraram duas pessoas montando uma barraca na rua. Uma delas era o responsável pelo bloco, Álvaro Augusto Moura da Silva, que forneceu seus documentos aos policiais. A outra pessoa era Vanessa, que se recusou a se identificar, alegando que não precisaria fazer isso, pois não era responsável pelo evento.
Segundo a PM, consta no relato dos militares que ela começou a alterar a voz, passou a filmar a ação e xingou os militares de “racistas, despreparados e fracos”, e teria incitado a população contra os eles. Ainda de acordo com a polícia, outro homem começou a filmar a ação dos policiais e a reação de Vanessa. De acordo com a polícia, “o celular foi recolhido para ser periciado na produção de provas com a incitação da população pela conduzida”.
O aparelho era do conselheiro municipal de cultura Leonardo Silva de Carvalho. “Estava registrando tudo o que acontecia, como os próprios policiais faziam com seus celulares. Começaram a dizer que se a imagem deles fosse divulgada a gente 'ia ver'. Que eles não autorizavam. Disse que eram funcionários públicos no exercício da profissão e aí eles tomaram meu celular”, conta Leonardo.
Os militares disseram que houve uma aglomeração de pessoas, que começaram a xingá-los e chamaram reforços. Ainda segundo a PM, com a chegada de sua advogada, Vanessa foi levada para a delegacia, onde apresentou seus documentos.
Ao deixar a delegacia, Vanessa criticou a ação da PM. "Se fossem outras pessoas, de outros blocos, em outras regiões da cidade, não seriam desrespeitadas. A nossa luta é para que mais pessoas ergam a cabeça e não aceitem ser humilhadas. Esse tipo de tratamento é diário na favela. Precisamos garantir que as próximas gerações sejam mais plenas humanamente. Tentaram criminalizar o simples exercício da cidadania", disse emocionada.