O goleiro Bruno Fernandes das Dores de Souza, de 32 anos, seguiu para o Rio de Janeiro, ainda na noite de quinta-feira, depois de se apresentar no Fórum de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, fazendo planos para fazer um levantamento sobre o que restou do patrimônio que acumulou antes de ser preso. O ex-jogador de clubes como Atlético e Flamengo retornou ao local onde foi preso há exatos seis anos, seis meses e 24 dias, acusado do desaparecimento de Eliza Samudio, que reclamava o reconhecimento da paternidade de seu filho, Bruninho.
A prisão do jogador ocorreu em 7 de julho de 2010. No dia seguinte, Bruno, na época titulasr do gol flamenguista, foi transferido para Belo Horizonte, juntamente com seu amigo Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, em um avião da Policia Civil mineira.
De acordo com o advogado Lúcio Adolfo da Silva, que defende Bruno, seu cliente viajou para o Rio apenas para descansar na casa da mulher, a dentista Calheiros, no Recreio dos Bandeirantes (Zona Oeste). Em uma semana, retornará a BH, local informado como de sua residência fixa à Justiça. A indicação do endereço foi uma das exigências feitas pelo ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), para determinar a soltura de Bruno, ocorrida no dia 24.
Depois que conseguiu a liberdade graças a liminar do STF, além de tentar voltar aos gramados o atleta vai cuidar de “resolver todas as questões pendentes de sua vida”, incluindo também o paradeiro do seu patrimônio, revelou Lucio Adolfo.
Segundo o advogado, além de pedir o teste de DNA de Bruninho (que hoje mora com a avó materna), a defesa vai pedir a revisão da pensão alimentícia paga à criança e levantar outras informações sobre a vida financeira do atleta. “Queremos saber para onde foi o dinheiro do Bruno.
“Quanto à pensão alimentícia, foi estipulado o valor de R$ 22 mil quando ele ganhava R$ 150 mil por mês. Agora, a realidade é outra. Bruno está solto, mas desempregado e sem renda”, afirmou o advogado. Lúcio Adolfo lembrou que o goleiro tem outros dois filhos com a ex-mulher Dayane Rodrigues Souza, e que o valor da pensão alimentícia paga a eles é de um salário minino cada.
Em 8 de março de 2013, Bruno foi condenado pelo Tribunal do Júri da Comarca de Contagem a 22 anos e três meses de reclusão, por homicídio qualificado por motivo torpe, com emprego de asfixia e recurso que dificultou a defesa da vítima, sequestro, cárcere privado e ocultação de cadáver. No último dia 24, foi solto sob argumento de excesso de prazo para que o Tribunal de Justiça de Minas Gerais julgasse habeas corpus apresentado pela defesa há quase quatro anos. O recurso pedia que o réu aguardasse em liberdade o desenrolar do processo.
O advogado Lucio Adolfo reafirmou ontem que dentro dos próximos 10 dias Bruno vai decidir seu retorno aos gramados, e que negociará com um dos 10 clubes interessados. Além do Betinense, como revelou o Estado de Minas, o advogado citou como interessados o Bangu e o Friburguense (que disputam o Campeonato do Rio de Janeiro) e o Brasiliense. “Há também existem dois clubes da série A do futebol brasileiro, cujos nomes ainda não posso falar”, argumentou o defensor.
Acordo amigável
O advogado também anunciou que vai tentar um “acordo amigável” com o Montes Claros Futebol Clube para facilitar a negociação do goleiro com outra equipe. Bruno assinou contrato com o time do Norte de Minas em 27 de fevereiro de 2014, mesmo dentro da prisão, na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem. O vínculo tinha validade de cinco anos, mas a defesa de Bruno alega que não estaria mais em vigor, porque o clube teria descumprido normas contratuais.
No entanto, o presidente do Montes Claros, Vile Mocellin, afirmou que o contrato continua válido, constando no Boletim Informativo Diário (BID) da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Disse que, desta forma, os representantes do jogador terão que procurar o clube antes de qualquer negociação com outra equipe. O advogado Lúcio Adolfo salientou que deve procurar o dirigente nos próximos dias.