A ausência de vigias em parques de Belo Horizonte é o passaporte para que sem-teto usem as guaritas e outras estruturas como dormitórios e até motel. Ao contrário do que o nome sugere, essa é a situação que ocorre no Vida e Esperança, unidade de conservação do Bairro Tirol (Região do Barreiro). E se repete no Maria do Socorro Moreira, no Carlos Prates (Noroeste), onde embalagens de preservativos são observadas sobre lixo e fezes que imundam o que deveria ser um cartão-postal.
O parque do Tirol parecia ser uma grande vitória dos moradores, mas se tornou motivo de dor de cabeça. O projeto para a construção do lugar venceu a disputa com outras obras no Orçamento Participativo do biênio 2007/2008. Quase 10 anos depois, não saiu do papel como planejado.
Um tormento para Marlene Lana, presidente da associação dos moradores: “Haveria playground, uma arena para esportes e outros atrativos. Trata-se de um espaço importante para a região, mas está desta forma que a gente vê, com muito lixo e entulho. Virou um berçário para o mosquito da dengue”. Ela lembra que o lugar era protegido por vigias. Não há mais. Sem eles, a guarita, agora toda pichada, passou a ser ocupada por moradores de rua.
Em junho de 2016, a prefeitura anunciou a revitalização do espaço, em parceria com a iniciativa privada. Publicado no Diário Oficial do Município, texto informou que “a empresa será responsável pela reforma geral da edificação e portaria, reparos nas partes elétrica e hidráulica, pintura, limpeza, podas e supressões arbóreas necessárias, além de outras responsabilidades. Cerca de R$ 80 mil serão investidos nas ações de recuperação das estruturas do parque”.
O prazo de entrega era de 100 dias. Mais de 200 dias depois, a intenção continua apenas no papel. Uma situação que incomoda Rogério Damasceno, de 28 anos: “É um descaso total do poder público. Deveria cuidar mais desta área verde”. Grande, por sinal: o parque tem quase 27 mil metros quadrados. Entre árvores de várias espécies, porém, também há bota-fora, formado por pessoas que aproveitam a ausência de vigias para dispensar no espaço entulho de construção civil.
DESTRUIÇÃO Bem distante de lá, no Bairro Carlos Prates, a sujeira também tomou conta do único parque municipal da comunidade, o Maria do Socorro Moreira, uma espécie de anexo do Aeroporto Carlos Prates. Uma das três guaritas da unidade virou dormitório de sem-teto, mesmo destino do vestiário, que deveria ser usado pelos jogadores do campo de terra.
O potiguar João Batista, que chegou a BH há dois meses, viu o portão do parque aberto, entrou, encontrou um colchão usado no vestiário e decidiu passar as noites por ali. “Sou andarilho. Deixei Natal há bastante tempo. Gostei do parque. Daqui vejo os aviõezinhos decolarem”, resume.
O vestiário em que ele passa as noites foi alvo de vandalismo. Os vasos sanitários foram quebrados e as portas, arrancadas. Janelas também foram depredadas e há cacos de vidro por toda parte. Quase nada escapou dos ataques e até o piso sofreu avarias.
O que era para ser um lugar alegre virou retrato do abandono. O mato tomou conta do lugar onde fica o escorregador. As fachadas de casinhas de cimento construídas para a garotada exibem marcas de sprays. Buracos com mais de um metro de diâmetro foram feitos em paredes de outras construções.
“Um horror!”, resume um vizinho do parque, que prefere o anonimato, ao dizer que não tem coragem de passear pela unidade, criada em 2000, em uma área de quase 100 mil metros quadrados. O terreno foi cedido pela Infraero para que fosse mantido pela prefeitura e pela população. Manutenção que ficou há muito nas intenções de algum documento oficial.
Enquanto a degradação e o abandono tomam conta de várias unidades de conservação espalhadas por Belo Horizonte, três grandes parques com capacidade e estrutura para atender ao público na cidade estão fechados, mas por questão de saúde pública. Por precaução contra risco de febre amarela, os parques das Mangabeiras e da Serra do Curral, ambos na Região Centro Sul, da capital, além do Jacques Cousteau, no Bairro Betânia, Região Oeste, tiveram o acesso proibido ao público depois que macacos foram encontrados mortos em suas áreas.
O parque do Tirol parecia ser uma grande vitória dos moradores, mas se tornou motivo de dor de cabeça. O projeto para a construção do lugar venceu a disputa com outras obras no Orçamento Participativo do biênio 2007/2008. Quase 10 anos depois, não saiu do papel como planejado.
Um tormento para Marlene Lana, presidente da associação dos moradores: “Haveria playground, uma arena para esportes e outros atrativos. Trata-se de um espaço importante para a região, mas está desta forma que a gente vê, com muito lixo e entulho. Virou um berçário para o mosquito da dengue”. Ela lembra que o lugar era protegido por vigias. Não há mais. Sem eles, a guarita, agora toda pichada, passou a ser ocupada por moradores de rua.
Em junho de 2016, a prefeitura anunciou a revitalização do espaço, em parceria com a iniciativa privada. Publicado no Diário Oficial do Município, texto informou que “a empresa será responsável pela reforma geral da edificação e portaria, reparos nas partes elétrica e hidráulica, pintura, limpeza, podas e supressões arbóreas necessárias, além de outras responsabilidades. Cerca de R$ 80 mil serão investidos nas ações de recuperação das estruturas do parque”.
O prazo de entrega era de 100 dias. Mais de 200 dias depois, a intenção continua apenas no papel. Uma situação que incomoda Rogério Damasceno, de 28 anos: “É um descaso total do poder público. Deveria cuidar mais desta área verde”. Grande, por sinal: o parque tem quase 27 mil metros quadrados. Entre árvores de várias espécies, porém, também há bota-fora, formado por pessoas que aproveitam a ausência de vigias para dispensar no espaço entulho de construção civil.
DESTRUIÇÃO Bem distante de lá, no Bairro Carlos Prates, a sujeira também tomou conta do único parque municipal da comunidade, o Maria do Socorro Moreira, uma espécie de anexo do Aeroporto Carlos Prates. Uma das três guaritas da unidade virou dormitório de sem-teto, mesmo destino do vestiário, que deveria ser usado pelos jogadores do campo de terra.
O potiguar João Batista, que chegou a BH há dois meses, viu o portão do parque aberto, entrou, encontrou um colchão usado no vestiário e decidiu passar as noites por ali. “Sou andarilho. Deixei Natal há bastante tempo. Gostei do parque. Daqui vejo os aviõezinhos decolarem”, resume.
O vestiário em que ele passa as noites foi alvo de vandalismo. Os vasos sanitários foram quebrados e as portas, arrancadas. Janelas também foram depredadas e há cacos de vidro por toda parte. Quase nada escapou dos ataques e até o piso sofreu avarias.
O que era para ser um lugar alegre virou retrato do abandono. O mato tomou conta do lugar onde fica o escorregador. As fachadas de casinhas de cimento construídas para a garotada exibem marcas de sprays. Buracos com mais de um metro de diâmetro foram feitos em paredes de outras construções.
“Um horror!”, resume um vizinho do parque, que prefere o anonimato, ao dizer que não tem coragem de passear pela unidade, criada em 2000, em uma área de quase 100 mil metros quadrados. O terreno foi cedido pela Infraero para que fosse mantido pela prefeitura e pela população. Manutenção que ficou há muito nas intenções de algum documento oficial.
Cidade tem três grandes unidades interditadas
Enquanto a degradação e o abandono tomam conta de várias unidades de conservação espalhadas por Belo Horizonte, três grandes parques com capacidade e estrutura para atender ao público na cidade estão fechados, mas por questão de saúde pública. Por precaução contra risco de febre amarela, os parques das Mangabeiras e da Serra do Curral, ambos na Região Centro Sul, da capital, além do Jacques Cousteau, no Bairro Betânia, Região Oeste, tiveram o acesso proibido ao público depois que macacos foram encontrados mortos em suas áreas.