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Estado de Minas

Recuperação de parques de Belo Horizonte ainda está na promessa

Parques abandonados em BH denunciam descaso do Tirol ao Carlos Prates, com estruturas que deveriam ser de segurança depredadas e invadidas


postado em 06/03/2017 06:00 / atualizado em 06/03/2017 07:54

Parque Vida e Esperança, no Tirol, não faz mais jus ao nome. Abandonado e destruído, de conquista da comunidade se transformou em problema(foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Parque Vida e Esperança, no Tirol, não faz mais jus ao nome. Abandonado e destruído, de conquista da comunidade se transformou em problema (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
A ausência de vigias em parques de Belo Horizonte é o passaporte para que sem-teto usem as guaritas e outras estruturas como dormitórios e até motel. Ao contrário do que o nome sugere, essa é a situação que ocorre no Vida e Esperança, unidade de conservação do Bairro Tirol (Região do Barreiro). E se repete no Maria do Socorro Moreira, no Carlos Prates (Noroeste), onde embalagens de preservativos são observadas sobre lixo e fezes que imundam o que deveria ser um cartão-postal.

O parque do Tirol parecia ser uma grande vitória dos moradores, mas se tornou motivo de dor de cabeça. O projeto para a construção do lugar venceu a disputa com outras obras no Orçamento Participativo do biênio 2007/2008. Quase 10 anos depois, não saiu do papel como planejado.

Um tormento para Marlene Lana, presidente da associação dos moradores: “Haveria playground, uma arena para esportes e outros atrativos. Trata-se de um espaço importante para a região, mas está desta forma que a gente vê, com muito lixo e entulho. Virou um berçário para o mosquito da dengue”. Ela lembra que o lugar era protegido por vigias. Não há mais. Sem eles, a guarita, agora toda pichada, passou a ser ocupada por moradores de rua.

Em junho de 2016, a prefeitura anunciou a revitalização do espaço, em parceria com a iniciativa privada. Publicado no Diário Oficial do Município, texto informou que “a empresa será responsável pela reforma geral da edificação e portaria, reparos nas partes elétrica e hidráulica, pintura, limpeza, podas e supressões arbóreas necessárias, além de outras responsabilidades. Cerca de R$ 80 mil serão investidos nas ações de recuperação das estruturas do parque”.

O prazo de entrega era de 100 dias. Mais de 200 dias depois, a intenção continua apenas no papel. Uma situação que incomoda Rogério Damasceno, de 28 anos: “É um descaso total do poder público. Deveria cuidar mais desta área verde”. Grande, por sinal: o parque tem quase 27 mil metros quadrados. Entre árvores de várias espécies, porém, também há bota-fora, formado por pessoas que aproveitam a ausência de vigias para dispensar no espaço entulho de construção civil.
Em construções do parque do Aeroporto Carlos Prates, até paredes estão sendo destruídas aos poucos(foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Em construções do parque do Aeroporto Carlos Prates, até paredes estão sendo destruídas aos poucos (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)

DESTRUIÇÃO Bem distante de lá, no Bairro Carlos Prates, a sujeira também tomou conta do único parque municipal da comunidade, o Maria do Socorro Moreira, uma espécie de anexo do Aeroporto Carlos Prates. Uma das três guaritas da unidade virou dormitório de sem-teto, mesmo destino do vestiário, que deveria ser usado pelos jogadores do campo de terra.

O potiguar João Batista, que chegou a BH há dois meses, viu o portão do parque aberto, entrou, encontrou um colchão usado no vestiário e decidiu passar as noites por ali. “Sou andarilho. Deixei Natal há bastante tempo. Gostei do parque. Daqui vejo os aviõezinhos decolarem”, resume.

O vestiário em que ele passa as noites foi alvo de vandalismo. Os vasos sanitários foram quebrados e as portas, arrancadas. Janelas também foram depredadas e há cacos de vidro por toda parte. Quase nada escapou dos ataques e até o piso sofreu avarias.

O que era para ser um lugar alegre virou retrato do abandono. O mato tomou conta do lugar onde fica o escorregador. As fachadas de casinhas de cimento construídas para a garotada exibem marcas de sprays. Buracos com mais de um metro de diâmetro foram feitos em paredes de outras construções.

“Um horror!”, resume um vizinho do parque, que prefere o anonimato, ao dizer que não tem coragem de passear pela unidade, criada em 2000, em uma área de quase 100 mil metros quadrados. O terreno foi cedido pela Infraero para que fosse mantido pela prefeitura e pela população. Manutenção que ficou há muito nas intenções de algum documento oficial.

Cidade tem três grandes unidades interditadas


Enquanto a degradação e o abandono tomam conta de várias unidades de conservação espalhadas por Belo Horizonte, três grandes parques com capacidade e estrutura para atender ao público na cidade estão fechados, mas por questão de saúde pública. Por precaução contra risco de febre amarela, os parques das Mangabeiras e da Serra do Curral, ambos na Região Centro Sul, da capital, além do Jacques Cousteau, no Bairro Betânia, Região Oeste, tiveram o acesso proibido ao público depois que macacos foram encontrados mortos em suas áreas.


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