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Estado de Minas

Estudo mapeia tremores de terra que sacudiram Minas Gerais

Estado é o que registrou o maior número de abalos sísmicos em 2016. Montes claros é o município mineiro com maior quantidade de casos


06/03/2017 06:00 - atualizado 06/03/2017 08:02

Casas destruídas em Itacarambi, na Região Norte: estado teve único tremor que resultou em morte no país(foto: Maria Oliveira/Prefeitura de Itacarambi/Divulgação - 9/12/07)
Casas destruídas em Itacarambi, na Região Norte: estado teve único tremor que resultou em morte no país (foto: Maria Oliveira/Prefeitura de Itacarambi/Divulgação - 9/12/07)
Minas Gerais foi o estado brasileiro com maior número de abalos sísmicos em 2016. Foram 88 tremores de terra  ocorridos em todas as regiões mineiras durante o ano, sendo o maior deles, de 3,7 graus na Escala Richter, registrado em Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em 2 de maio. É o que revela levantamento sobre a ocorrência de tremores elaborado pelo Nucleo de Estudos Sismológicos (NES) da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).

Dos 88 tremores registrados em Minas no ano passado, 36 ocorreram em municípios próximos a Belo Horizonte e 34, no Norte de Minas. A terra também tremeu em outras regiões do estado: Sul de Minas e Triângulo Mineiro (quatro abalos cada), vales do Jequitinhonha e do Rio Doce (três cada), Campos das Vertentes (dois) e Zona da Mata (um sismo).

A pesquisa da Unimontes apresenta um histórico de todos os abalos sísmicos em Minas desde que os fenômenos começaram a ser registrados oficialmente no Brasil, em janeiro de 1824, até 12 de janeiro de 2017. Em 193 anos, foram registrados 738 tremores no estado, nove deles acima de 4 graus na Escala Richter, magnitude que pode causar algum tipo de dano.

O maior fenômeno, de 4,9 graus, ocorrido em  em 9 de dezembro de 2007 em Caraíbas, município de Itacarambi, Norte de Minas, resultou na primeira morte provocada por um  tremor de terra no Brasil, de uma menina de 5 anos.

A casa onde a vítima, Jessiquele Oliveira Silva, morava, como as demais do lugarejo, tinha estrutura precária. Seis moradias foram destruídas na ocasião e outras 70 ficaram danificadas pelo tremor. Apos o fenômeno, os moradores foram transferidos para um conjunto habitacional, construído pelo governo do estado na sede de Itacarambi

A pesquisa mostra que ao longo de quase dois séculos ocorreram tremores de terra em 250 municípios mineiros, espalhados por todas as regiões do estado. O primeiro caso registrado oficialmente no território mineiro foi de 3,2 graus na escala Richter, em Caxambu, no Sul de Minas, em 1º de janeiro de 1824. O último abalo que consta no levantamento, de 3,2 graus, foi sentido em Poços de Caldas, na mesma região, em 12 de janeiro deste ano.

O professor e pesquisador Lucas Vieira Barros, do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), afirma que Minas Gerais, de fato, é considerado uma “área sísmica”, mas, mesmo com o maior número de registros oficiais, não é a unidade da federação onde mais ocorrem tremores de terra. “Verifica-se maior ocorrência de eventos sísmicos em Minas porque é onde há maior quantidade de estações sismográficas que registram os fenômenos. Mas, na verdade, o estado brasileiro onde mais acontecem sismos é o Ceará”, afirma o especialista.

Lucas Vieira Barros ressalta a importância do estudo da Unimontes. “Não é possivel prever quando vão acontecer tremores. Mas fenômenos futuros têm muito a ver com a ocorrência de tremores registrados em determinada região”, observa o professor da UnB. Ele ressalta que os estudos também servem para adoção de  medidas preventivas contra danos de eventuais abalos no futuro, como o reforço estrutural das construções. “Com o  conhecimento, é possível tomar medidas para se evitar o fator surpresa e o risco de vida para pessoas”, comenta.

Para o especialista, não há ameaça de ocorrerem em Minas terremotos de maiores proporções, superiores ou iguais a 6 graus na escala, que possam provocar castástrofes. Lucas Vieira Barros explica que a grande maioria dos tremores registrados em território mineiro é de baixa intensidade, normalmente tendo como causas falhas geológicas e liberação de esforços da Terra.

O levantamento da Unimontes, coordenado pelo professor Maykon Fredson Freitas,  foi realizado por meio de cooperação técnico-científica com a duas instituições brasileiras de estudos sobre sismologia: Observatório Sismológico da UnB e Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (IAG/USP). Os dados foram coletados no Catálogo Sísmico Brasileiro.

Devido a falha geológica, Montes Claros é campeã


O município mineiro com maior quantidade de abalos no período analisado na pesquisa da Unimontes foi Montes Claros. Foram registrados na cidade do Norte de Minas 172 tremores de terra entre 1º de janeiro de 1824 e 12 de janeiro de 2017. O maior deles, de 4 graus na Escala Richter, aconteceu em 19 de maio de 2012.

Estudos apontam que os sucessivos abalos na cidade norte-mineira têm como causa uma falha geológica situada entre 1,5 mil e 2 mil metros de profundidade, com cerca de três quilômetros de extensão, partindo da região do Parque Estadual da Lapa Grande em direção à área urbana. Os tremores e a existência da falha geológica motivaram a instalação de nove sismógrafos em diversos pontos da área urbana e da zona rural do município, e a própria criação do Núcleo de Estudos Sismológicos da unimontes, implantado com o apoio do governo do estado, do Observatório Sismológico da UnB e da USP.


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