O processo de reintegração de posse foi movido por um dono de imobiliária de Contagem, na Grande BH, que alega ter a escritura do terreno. Assim como o homem, a arquidiocese também afirmou ter os documentos, já anexados ao processo, que legitimam a doação do terreno pelo seu antigo dono, o fazendeiro Valdemiro Muniz, em 1994, mesmo ano em que começaram as edificações da capela.
Construída há 25 anos, a Igreja de Nossa Senhora Aparecida foi erguida por moradores do bairro que careciam de um espaço católico ali, como conta Ilza Helena Silva, de 46 anos, recepcionista e uma das integrantes da comissão "Diga Não à Demolição". "Para nós, este lugar é tudo. Perder este terreno é perder o chão. Erguemos a igreja com muita luta e batalha, buscando dinheiro de casa em casa", relembra Ilza.
"Aqui não é só uma capelinha. O Serra Verde é um bairro grande e muito vivo culturalmente. A comunidade é animada e até os que não são fiéis usam os salões, salas e o terreno à volta para trabalhos sociais, festas, ponto de encontro e mais", explicou o pároco. Entre os trabalhos, destacam-se as oficinas de pintura e as aulas de alfabetização infantil, que atendem o público da região de modo amplo.
Ali, durante dois anos, funcionou um posto de saúde, que mais tarde foi transferido para outro imóvel também no bairro, segundo Ilza. "Para além do valor católico, há um valor soial. Seria trágica a perda. A comunidade está reagindo de maneira firme e nós vamos ocupar a igreja, impedindo que a derrubada ocorra", acrescentou o padre.
RB
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