A delegada Karine Maia Costa, chefe da especializada, revela que constantemente recebe vítimas com marcas de violência no rosto ou em outras partes do corpo. Foi o que ocorreu com Geralda (nome fictício), moradora da Vila Anália, em Montes Claros, que, conforme testemunhou a reportagem, chegou à delegacia com os olhos inchados e outros sinais de agressão. “Levei até uma pedrada no rosto”, contou ela, acrescentando que foi espancada pelo companheiro por motivos fúteis. E não foi a primeira vez.
Também de Montes Claros, Solange (nome fictício), mãe de quatro filhos, conta que sofreu calada com a violência do ex-marido por cerca de sete anos. Somente tomou coragem de comparecer à delegacia no fim do ano passado. “Eu não denunciava porque tinha medo.
Com a adoção de medidas protetivas, o agressor, que trabalha como pedreiro, é obrigado a manter uma distância mínima de 300 metros de Solange. “Para mim, foi uma alívio”, diz a doméstica, lembrando que durante os 10 anos em que esteve casada, somente nos três primeiros não foi agredida pelo ex-companheiro. “No início, ele era tranquilo. Mas, de uma hora para outra ficou violento e passou a me ameaçar e a me atacar”, relata.
A delegada Karine Maia disse que a Lei Maria da Penha contribuiu para o aumento das denúncias. Mas ela também acredita que existe um outro desafio a ser vencido. “Estamos vivendo um momento complicado. As mulheres estão descobrindo e exigindo mais seus direitos. Por outro lado, os homens não estão sabendo lidar com isso, o que causa desarmonia. Acredito que é preciso aprimorar as políticas públicas para cuidar dessa questão.”
A policial informa que a delegacia especializada de Montes Claros, além de implantar ações com a meta de reduzir a violência ligada ao gênero, presta auxílio às vítimas, com assistência jurídica, social e psicológica. Nesta semana, como parte das comemorações do Dia Internacional da Mulher, a unidade lança o Projeto Diálogos, no qual os agressores, após cumprir medidas impostas pela Justiça, participarão de oficinas e palestras voltadas para a boa convivência e harmonia. Segundo ela, a participação poderá até ser determinada judicialmente, como medida obrigatória para homens enquadrados na Lei Maria da Penha..