A verba vai ajudar a compensar o déficit mensal de R$ 1 milhão do hospital, segundo o diretor técnico e administrativo, Ivo Lopes. A crise que provoca falta de insumos básicos e atraso em salários há dois meses, motivou centenas de pessoas, entre funcionários, pacientes e famílias de crianças que nasceram na unidade, a darem um abraço simbólico no Sofia, pedindo providências do poder público. Eles temem que a maternidade mais procurada na capital para os partos humanizados perca pelo menos 40 leitos. A unidade é referência nacional em atenção neonatal e partos de alto risco e só em 2016 garantiu cerca de 11 mil nascimentos.
“Eu disse na minha campanha que problema dentro de Belo Horizonte é de Belo Horizonte. É claro que este hospital atende a todo o estado, mas nós não podemos deixar uma maternidade agonizar. Então, vamos adiantar um dinheiro da Secretaria de Saúde para o Sofia, o que nas palavras do próprio diretor vai retornar o hospital à normalidade por um bom tempo”, disse o prefeito Alexandre Kalil.
Atualmente, além da falta de insumos, o 13º salário está atrasado para os profissionais de nível superior, além dos pagamentos de janeiro e fevereiro. “ O dinheiro anunciado pelo prefeito vai servir para pagar os salários e colocar em dia as necessidades de atenção à saúde, o que evita o fechamento de leitos”, afirma o diretor Ivo Lopes. Depois disso, ele afirma que confia nas articulações em Brasília prometidas por Alexandre Kalil.
Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, o Sofia tem hoje 243 leitos e integra o quadro de maternidades consideradas referência pela Organização Mundial de Saúde para gestantes de alto risco. A unidade, porém, afirma que conta com 183 leitos. Em 2017, está previsto um investimento estadual de R$ mais de 7 milhões, incluindo recursos dos programas Pro-Hosp e Rede Cegonha. De acordo com Maria da Glória Abido Capistrano, que faz parte do Conselho Municipal de Saúde de BH, se não for negociada uma solução definitiva, 40 leitos do hospital podem ser fechados.
PROTESTOS Na manhã de ontem, centenas de pessoas protestaram contra a crise. Mães carregando filhos de colo, grávidas e funcionários da unidade fizeram muito barulho. “Falta material para o trabalho, como toucas, máscaras, seringas. Precisamos de tudo isso imediatamente, para garantir o atendimento que nossos prematuros necessitam”, afirma a técnica em enfermagem Rosana Bendine, de 30 anos, grávida de seis meses. “Agora eu sei exatamente o que as mães sentem ao imaginar que o hospital pode diminuir os atendimentos. Meu filho vai nascer aqui e eu amo trabalhar neste lugar”, completa. Também técnica em enfermagem, Stefany Monteiro, de 24, trabalha com a coleta de leite materno e relata dificuldades na estrutura.
A psicóloga e doula Aline Teixeira, de 36, teve o filho João, hoje com 2 anos, no Sofia, e garante que o atendimento foi excelente. “Fiz todo o pré-natal aqui e tive o acompanhamento de uma equipe em casa, onde meu filho nasceu. Depois, tive uma intercorrência e precisei ser atendida no hospital, que é referência internacional. Não podemos admitir uma diminuição de atendimentos em uma unidade como esta”, afirma.