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Estado de Minas

Chuva ressalta desafios para o trânsito de Belo Horizonte

Prefeito de BH diz que falha no sistema da central de operações do município foi o que provocou o caos na noite de quarta-feira, quando sinais travaram e o trânsito também


postado em 10/03/2017 06:00 / atualizado em 10/03/2017 07:43

Kalil brincou ao responder sobre a situação:
Kalil brincou ao responder sobre a situação: "A BHTans não foi localizada porque estava presa no trânsito" (foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)
Horas e horas para chegar em casa depois do trabalho, congestionamento nas principais vias, sinais sem funcionar, motoristas invadindo e fechando cruzamentos, pontos de ônibus lotados e nenhum agente à vista. E mais: muita irritação nos veículos e perigo para pedestres. Os belo-horizontinos viveram um fim de tarde de quarta-feira para ficar na memória – tanto pelo temporal que transformou a cidade em caos total quanto por problemas no gerenciamento do trânsito. Fruto, na explicação do prefeito Alexandre Kalil (PHS), de uma falha no sistema do Centro de Operações da Prefeitura de BH (COP/BH), espécie de central de inteligência do município. Segundo o chefe do Executivo, “houve um problema no cabeamento e na internet do órgão”. A BHTrans diz que não houve falhas na gestão, mas especialistas avaliam que elas existiram, sim, assim como falta de entrosamento com a Guarda Municipal e a Polícia Miliar.


“Infelizmente, BH não está preparada para uma emergência dessas. Foi horrível”, disse o corretor de imóveis Sérgio Luiz Ribeiro Ferraz de Almeida, morador do Bairro Buritis, na Região Oeste da capital. Depois de deixar a mulher num hospital da Avenida do Contorno, às 17h, ele seguiu para casa, mas, devido à situação, foi obrigado a ficar 40 minutos em um estacionamento da Avenida Raja Gabaglia. “O pior mesmo foi o trânsito, com muitos sinais apagados, lentidão, enfim, tudo parado”, lamentava Sérgio na tarde de ontem.

Uma mulher que preferiu não se identificar contou ter demorado mais de três horas para ir do Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul da capital, ao Eldorado, em Contagem, na Grande BH. Levantando um pouco a barra do vestido, ela mostrou a marca roxa no joelho direito, já que caiu, toda ensopada, na calçada esburacada  da Avenida Afonso Pena, onde pegaria o coletivo da Linha 104 em direção ao Centro. “Como estava tudo ‘embananado’, achei melhor ir caminhando, mesmo com muita dor, até a Avenida Augusto de Lima. Lá, fiquei mais de uma hora esperando o ônibus. Se tiver mais uma volta para casa desse tipo, não sei como vamos fazer. As autoridades precisam tomar providências. No meu trajeto, não vi agentes de trânsito, nem PM, nem guarda municipal entre as 18h30 e 21h30”, contou a mulher, ainda assustada.

GARGALOS A diretora de Ação Regional e Operações da BHTrans, Deusuite Matos, argumenta que a situação decorreu de uma conjunção de fatores, como o retorno à normalidade da cidade, na primeira semana útil depois do carnaval – a frota na capital é de 1,6 milhão de veículos – e manifestações na tarde de ontem, em pontos diferentes: nas praças da Assembleia e Rui Barbosa (Estação), que se juntaram e formaram reuniões maiores na Praça Sete e na Praça da Liberdade. Outro problema veio do céu, com a formação de raios que atingiram 37 intercessões semafóricas o que significa mais de 150 sinais de trânsito em pane, informou a diretora.

Deusuite afirma que 16 dessas intercessões atingidas pelas descargas atmosféricas ficam na área central e 10 fora da Avenida do Contorno, com destaque para os cruzamentos das avenidas Afonso Pena e Getúlio Vargas, Contorno com Rua Juiz de Fora, Amazonas com Contorno, Amazonas nas proximidades do Cefet, Avenida Tereza Cristina com Via-210, Avenida Pedro II e Via Expressa.

“Foi realmente um dia atípico em Belo Horizonte, mas não houve falhas por parte da BHTrans. O problema é que ainda faltou energia elétrica. Foram deslocados 72 agentes para as ruas, mas eles não ficaram presos no trânsito. O problema ocorreu com uma equipe técnica que se deslocava para fazer reparos no Centro de Operações da Prefeitura de BH (COP/BH)”, disse. “Nós nos esforçamos para evitar maiores problemas e estamos trabalhando nesse sentido”, disse a diretora.
Acesso ao Buritis, onde ficam a BHTrans e a COP, foi apenas um dos que ficaram completamente parados. Diretora culpa movimento, raios e manifestações(foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Acesso ao Buritis, onde ficam a BHTrans e a COP, foi apenas um dos que ficaram completamente parados. Diretora culpa movimento, raios e manifestações (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)

SEM SINCRONIA O prefeito Alexandre Kalil atribuiu o caos no trânsito à falha no sistema da COP. “A BHTrans não foi localizada porque ela estava presa no trânsito ontem, não foi por má vontade”, brincou o prefeito, respondendo a uma jornalista durante visita a obra do Orçamento Participativo na Região do Barreiro. “Ontem (quarta-feira) o sistema não funcionou na COP. Nós não conseguimos sincronizar os sinais, é uma coisa que acontece, nada de calamitoso, nada de tragédia, mas foi o que aconteceu”, justificou.

Durante a chuva, semáforos estragados e pontos de alagamento causaram 126 quilômetros de congestionamento na cidade, segundo a empresa Maplink. O Corpo de Bombeiros atendeu a 13 ocorrências entre 17h e meia-noite, entre quedas de árvores, enchentes, desmoronamentos e risco de desabamento.

“A chuva não pode ser colocada nas costas de ninguém, a não ser de São Pedro”, comentou o prefeito. “Apesar de que a cidade pode se preparar para futuras chuvas nos próximos 10, 15 ou 20 anos; é uma preparação longa, a cidade se prevenir contra situações cada vez mais comuns pela própria degradação da cidade e dos homens”, disse. “Poderíamos ter nos preparado melhor, não Belo Horizonte, o país, mas não foi feito e isso acontece. Graças a Deus, apesar daquela tromba d’água não houve vítimas. E a gente fica pelo menos aliviado, porque só vamos ter que trabalhar dobrado hoje para limpar tudo”, disse.

NOITE DE CAOS


No meio ao trânsito travado da tarde e noite de quarta-feira, o EM registrou situações de perigo iminente para motoristas e pedestres. Confira algumas

19h30
Na Avenida do Contorno, no ponto que dá acesso à Avenida Francisco Sales, no Bairro Funcionários, os veículos chegaram a formar até três filas, impedindo o acesso de quem seguia para outras regiões da cidade. Com isso, pedestres ficaram encurralados, ainda mais pela passagem das motos

21h
Ao sair da Rua Antero da Silveira para entrar na Avenida do Contorno, no Bairro Cruzeiro, na Região Centro-Sul, o motorista encontrava o sinal apagado. A avenida estava lotada e não havia nem sinal de agentes da BHTrans. Se o condutor ficasse feliz ao chegar à Avenida Cristóvão Colombo, o quadro era pior, pois nada andava e os semáforos piscavam

21h30
A chuva já havia parado, mas no cruzamento das ruas Cláudio Manoel e Rio Grande do Norte, na Região da Savassi, imperavam a confusão e o perigo. Com o sinal permanentemente verde na Rio Grande do Norte, motoristas que vinham na transversal forçavam a passagem e buzinavam, com risco de batidas e atropelamentos

Especialista critica falta de integração


Para o professor de engenharia de transporte e trânsito da universidade Fumec, Márcio Aguiar, o problema maior foi que a BHTrans não conseguiu pôr em prática, a contento, plano de contingência para evitar todos os transtornos vividos pelos belo-horizontinos na quarta-feira. “Temos que levar em consideração que choveu muito, mas estamos em março e pode vir mais chuva. É preciso estar preparado, principalmente porque a cidade tem sérios problemas de drenagem. Desse jeito, tudo deve ser feito com muita agilidade num momento como o de quarta à noite”, disse o professor.

Aguiar afirmou ainda que houve falha no entrosamento da Polícia Militar, Guarda Municipal e BHTrans para desatar o nó no trânsito. Para ele, é fundamental mais agilidade para resolver as dificuldades, treinamento e integração das equipes envolvidas.

O consultor em transporte e trânsito Osias Baptista Neto manda um recado, especialmente aos motoristas, em situações como a de quarta-feira. “Num momento desses, é fundamental não perder a calma. Muitos condutores, nesses dias, fecham cruzamentos, embicam o carro de qualquer jeito, e acabam piorando o que já está difícil. É preciso entender que é quase um treinamento de incêndio: não pode ficar nervoso ou ter uma postura egoísta”, diz o consultor, classificando como erro a BHTrans ficar fora da fiscalização do trânsito.

Prefeitura retoma as obras do OP


A visita do prefeito Alexandre Kalil ontem ao Barreiro, onde falou sobre os problemas de trânsito enfrentados pela cidade durante o úlitmo temporal, marcou a retomada de intervenções do Orçamento Participativo em BH. Conforme o secretário Municipal de Obras e Infraestrutura, Josué Valadão, são 123 projetos que se encontram em diferentes fases e pararam por restrições orçamentárias. As prioridades serão as intervenções em saneamento básico e em vilas e favelas.

Ontem, a equipe da PBH esteve na Rua Nova Esperança, na Vila Ecológica, que começou como ocupação, mas já está consolidada. A obra promete urbanizar um trecho de cerca de 100 metros da via, ainda sem asfalto, e terminar o cercamento do trecho ao lado do Córrego Olaria. Também será instalada iluminação pública “Vamos fazer desde obras de R$ 2 milhões até obras de R$ 400 milhões que já estão contratadas, em fase de projeto, licitação ou já em retomada de obras”, disse o prefeito. (Com Cristiane Silva e Guilherme Paranaíba)

 

Caminhão para o Anel Rodoviário


Um caminhão em chamas interditou ontem as pistas principal e marginal do Anel Rodoviário de Belo Horizonte, na altura do Bairro Engenho Nogueira, na Região da Pampulha, próximo ao Shopping Del Rey, no sentido Rio de Janeiro. Militares do Corpo de Bombeiros foram acionados para apagar o incêndio, que destruiu a cabine do veículo de transporte de cimento. Motoristas que passaram pelo local enfrentaram congestionamento, devido à fila de carros que se formou a partir do local do incidente. As causas do incêndio serão investigadas.


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