Preocupada com a conservação do templo projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012) e construído entre 1943 e 1945, a Arquidiocese de BH está fazendo uma tomada de preços para escolher a empresa que vai retirar, transportar e depois restaurar os quadros – alguns apresentam manchas e desprendimento de policromia. “Não podemos fazer nada de forma apressada e temos que envolver todos os órgãos de patrimônio e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG)”, disse, ontem, a coordenadora-geral do Memorial da Arquidiocese, Goretti Gabrich. As pinturas deverão ser acondicionadas em embalagens específicas e tudo indica que a mesma empresa encarregada do transporte fará o restauro. Ainda não foi marcada a data para a realização do serviço.
Na tarde de sexta-feira, como vem ocorrendo semanalmente, o arquiteto do Memorial da Arquidiocese, Hebert Soares, fez, no local, a avaliação das condições da igrejinha e dos quadros expostos no interior do templo, não detectando estragos. Todos os relatórios, a partir do monitoramento, são compartilhados com o MPMG, Iphan, Iepha e Fundação Municipal de Cultura (FMC)/Prefeitura de Belo Horizonte. Depois de recuperadas, as 14 pinturas só deverão retornar à igreja em 2019, já que ela ficará fechada a partir de novembro próximo para uma intervenção com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas.
O diretor do Conjunto Moderno da Pampulha, Gustavo Mendicino, adiantou que há uma conversa entre as instituições envolvidas indicando alguns caminhos: um deles é a possibilidade de a intervenção pelos restauradores ocorrer num “ateliê aberto”, portanto, aos olhos do público. “Não há ainda nada definido. Pode ser que os quadros sejam restaurados num ambiente fechado mesmo”, acrescentou.
OBRAS A recuperação da Igreja de São Francisco de Assis esteve envolta em grande polêmica nos últimos anos, culminando com o fechamento marcado para 2018. Em dezembro, foi firmado termo de ajustamento de conduta (TAC) com o MPMG, representado pela promotora de Justiça e Defesa do Meio Ambiente e do Patrimônio Histórico e Cultural de BH, Lilian Marotta Moreira, que definiu o período de fechamento.
Um dos maiores problemas nesta história foi o grande número (mais de 200) de casamentos marcados para 2017, implicando manifestação das noivas diante da igrejinha para evitar o fechamento. No TAC, ficou determinado que as cerimônias realizadas na São Francisco de Assis poderão receber, no máximo, 150 pessoas. E a partir de 20 de novembro, o templo estará à disposição da Sudecap/Prefeitura de Belo Horizonte para as reformas.
Triste lembrança
Um dos templos católicos mais visitados de Belo Horizonte, a Igreja de São Francisco de Assis tem trabalhos também de Paulo Werneck (1903-1962) e Alfredo Ceschiatti (1918-1989), sendo rodeado pelos jardins do paisagista Burle Marx (1909-1994). Há quase um ano, em 21 de março, a quatro meses da conquista do título de patrimônio e paisagem cultural da humanidade, a capela amanheceu com uma das laterais sujas de tinta azul, ganhando repercussão nacional e exigindo ações das autoridades para garantir mais proteção e segurança. Depois de investigação do Ministério Público de Minas Gerais e Polícia Civil, os responsáveis pelo ato de vandalismo foram identificados. .