De acordo com a Prefeitura de Governador Valadares, o expressivo aumento de casos de chikungunya ocorreu, principalmente, a partir de fevereiro.
De acordo com moradores da cidade, virou rotina ouvir que um familiar, vizinho ou amigo contraiu a doença. Uma das vítimas foi a dona de casa Maria de Lourdes Teixeira Aguiar, de 65 anos, que está há mais de 30 dias com dores no corpo e fraqueza. “Comecei sentindo calafrios, dores de cabeça e no corpo. Passei o dia assim. Depois, veio mal-estar, enjoo e falta de apetite. Fui ao médico e a suspeita era de dengue. Passei pelo pronto-atendimento e o médico pediu exames que confirmaram a chikungunya”, afirmou. “Dá muita dor nas articulações, que até incham. Quando comecei a sentir os sintomas, não aguentava nem mesmo pegar uma bolsa de mão”, comentou.
Com a propriedade de quem sofreu com as três doenças transmitidas pelo Aedes, a dona de casa Gicelly Souza Ferreira, de 37, garante: a chikungunya é a pior. Ela, o marido de 47 anos, e o filho de 9, contraíram a doença no mês passado. “Fiquei doente há quase um mês e ainda tenho muitas dores.
INFESTAÇÃO Enquanto tentam dar conta da alta demanda por atendimento, os serviços de saúde de Governador Valadares lidam ainda com outro complicador: um cenário de elevada infestação do transmissor. Segundo a administração municipal, em janeiro de 2017 o Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa) apontou resultado de 9,7%, enquanto para a Organização Mundial de Saúde (OMS) as faixas de segurança para risco de epidemia devem ficar abaixo de 3%. “Naquele momento não havia estrutura de resposta adequada, diante da indisponibilidade de insumos, de pessoal, de veículos e de processos de trabalho ordenados. Isso dificultou a dinâmica de trabalho”, informou a prefeitura. Ainda segundo o município, o trabalho foi normalizado, com qualificação da estrutura disponível para diminuir a densidade do mosquito, bem como organizar a melhor rede de atenção à saúde.
De acordo com a prefeitura, hoje toda a demanda de atendimento multiprofissional tem sido absorvida pela rede.
Estado admite vulnerabilidade
De acordo com o subsecretário de Vigilância e Proteção à Saúde, Rodrigo Said, Minas é uma área vulnerável à ocorrência de epidemias de chikungunya, devido aos fatores ambientais favoráveis à manutenção do transmissor, à circulação do vírus e à baixa proteção imunológica da população. Em relação aos municípios de Governador Valadares e de Teófilo Otoni, que também enfrentou aumento de casos, o subsecretário afirmou que essas são áreas que apresentam todas essas situações. Rodrigo Said afirmou ainda que uma epidemia de doenças causadas pelo Aedes afeta diretamente a rede de saúde. “Diferentemente da febre amarela, em que a maior parte dos pacientes precisavam ser acompanhados em regime de internação, no caso de chikungunya é necessário ampliar o acesso dos pacientes às unidades de atenção primária e secundárias, com a implantação de espaços/unidades de hidratação, orientação ao paciente sobre os sinais de gravidade e retorno para acompanhamento da evolução da doença”, informou o subsecretário..