Dores nas articulações que impedem o trabalho doméstico e dificultam até a locomoção em casa ou o levantar da cama. Mal-estar, enjoo, calafrios, além de inchaços em mãos e pernas. Esses são alguns dos sintomas que moradores de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, ainda sentem, mesmo depois de 30 dias ou mais de receberem diagnóstico da febre chikungunya. As vítimas do mosquito Aedes aegypti lotam unidades de saúde do município, que concentra atualmente o maior número de casos suspeitos em Minas. Embora a Secretaria de Estado de Saúde (SES) tenha recebido 1.043 notificações da virose na cidade, o município já acumula neste ano 2.366 registros, contra 119 de todo o passado. Sozinha, a cidade já tem mais casos dos que os que constam no último balanço de todo o estado (2.296). E, da mesma forma que Valadares, outros municípios dos vales do Rio Doce e Mucuri, já castigados pelo surto de febre amarela, sofrem com a sobrecarga no atendimento e com gastos extras acumulados com a chikungunya desde o início do ano. Isso tudo em meio à alta demanda por atendimento de dengue e zika, transmitidas pelo mesmo vetor.
De acordo com a Prefeitura de Governador Valadares, o expressivo aumento de casos de chikungunya ocorreu, principalmente, a partir de fevereiro. “Isso influenciou o atendimento em toda a rede hospitalar e na unidade de pronto-atendimento municipal, a que grande parte dos usuários – em sua maioria população em idade produtiva – recorre em busca de assistência, inclusive nos dias e horários em que as unidades de atenção básica não estão abertos”, informou em nota a administração municipal. Outro grande desafio é o de enfrentar uma doença que, apesar das informações até então disponíveis quanto ao tratamento, sinais e sintomas, é acompanhada de situações novas no cotidiano dos funcionários da rede. “Médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e outros profissionais têm sido desafiados na busca constante das melhores e mais adequadas evidências para cuidar, com o máximo de eficiência, dos pacientes”, informou a prefeitura.
De acordo com moradores da cidade, virou rotina ouvir que um familiar, vizinho ou amigo contraiu a doença. Uma das vítimas foi a dona de casa Maria de Lourdes Teixeira Aguiar, de 65 anos, que está há mais de 30 dias com dores no corpo e fraqueza. “Comecei sentindo calafrios, dores de cabeça e no corpo. Passei o dia assim. Depois, veio mal-estar, enjoo e falta de apetite. Fui ao médico e a suspeita era de dengue. Passei pelo pronto-atendimento e o médico pediu exames que confirmaram a chikungunya”, afirmou. “Dá muita dor nas articulações, que até incham. Quando comecei a sentir os sintomas, não aguentava nem mesmo pegar uma bolsa de mão”, comentou.
Com a propriedade de quem sofreu com as três doenças transmitidas pelo Aedes, a dona de casa Gicelly Souza Ferreira, de 37, garante: a chikungunya é a pior. Ela, o marido de 47 anos, e o filho de 9, contraíram a doença no mês passado. “Fiquei doente há quase um mês e ainda tenho muitas dores. A gente não consegue fazer muita coisa nem mesmo em casa. Tenho dificuldade até para sair do carro. Ando de moto, mas não estou conseguindo, porque não consigo virar o pescoço. São sintomas complicados que nunca saram”, reclamou. “Falta informação do poder público sobre como vamos proceder nesta situação. Para se ter ideia, não recebemos nenhum agente de saúde neste ano”, disse.
INFESTAÇÃO Enquanto tentam dar conta da alta demanda por atendimento, os serviços de saúde de Governador Valadares lidam ainda com outro complicador: um cenário de elevada infestação do transmissor. Segundo a administração municipal, em janeiro de 2017 o Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa) apontou resultado de 9,7%, enquanto para a Organização Mundial de Saúde (OMS) as faixas de segurança para risco de epidemia devem ficar abaixo de 3%. “Naquele momento não havia estrutura de resposta adequada, diante da indisponibilidade de insumos, de pessoal, de veículos e de processos de trabalho ordenados. Isso dificultou a dinâmica de trabalho”, informou a prefeitura. Ainda segundo o município, o trabalho foi normalizado, com qualificação da estrutura disponível para diminuir a densidade do mosquito, bem como organizar a melhor rede de atenção à saúde.
De acordo com a prefeitura, hoje toda a demanda de atendimento multiprofissional tem sido absorvida pela rede. Ainda segundo a administração, com base em um plano de contingência que já previa o aumento de casos, foi montado o Centro de Atendimento em Arboviroses, para acolher o cidadão com equipe especializada. No local, têm sido realizados, em média, 180 atendimentos/dia, o que tem desafogado o hospital municipal. Outra iniciativa foi a criação do Programa Estruturador de Controle e Combate às Arboviroses, com duração de quatro anos e orientado para controle do transmissor, organização da assistência, mobilização social e vigilância epidemiológica.
De acordo com o subsecretário de Vigilância e Proteção à Saúde, Rodrigo Said, Minas é uma área vulnerável à ocorrência de epidemias de chikungunya, devido aos fatores ambientais favoráveis à manutenção do transmissor, à circulação do vírus e à baixa proteção imunológica da população. Em relação aos municípios de Governador Valadares e de Teófilo Otoni, que também enfrentou aumento de casos, o subsecretário afirmou que essas são áreas que apresentam todas essas situações. Rodrigo Said afirmou ainda que uma epidemia de doenças causadas pelo Aedes afeta diretamente a rede de saúde. “Diferentemente da febre amarela, em que a maior parte dos pacientes precisavam ser acompanhados em regime de internação, no caso de chikungunya é necessário ampliar o acesso dos pacientes às unidades de atenção primária e secundárias, com a implantação de espaços/unidades de hidratação, orientação ao paciente sobre os sinais de gravidade e retorno para acompanhamento da evolução da doença”, informou o subsecretário.
De acordo com a Prefeitura de Governador Valadares, o expressivo aumento de casos de chikungunya ocorreu, principalmente, a partir de fevereiro. “Isso influenciou o atendimento em toda a rede hospitalar e na unidade de pronto-atendimento municipal, a que grande parte dos usuários – em sua maioria população em idade produtiva – recorre em busca de assistência, inclusive nos dias e horários em que as unidades de atenção básica não estão abertos”, informou em nota a administração municipal. Outro grande desafio é o de enfrentar uma doença que, apesar das informações até então disponíveis quanto ao tratamento, sinais e sintomas, é acompanhada de situações novas no cotidiano dos funcionários da rede. “Médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e outros profissionais têm sido desafiados na busca constante das melhores e mais adequadas evidências para cuidar, com o máximo de eficiência, dos pacientes”, informou a prefeitura.
De acordo com moradores da cidade, virou rotina ouvir que um familiar, vizinho ou amigo contraiu a doença. Uma das vítimas foi a dona de casa Maria de Lourdes Teixeira Aguiar, de 65 anos, que está há mais de 30 dias com dores no corpo e fraqueza. “Comecei sentindo calafrios, dores de cabeça e no corpo. Passei o dia assim. Depois, veio mal-estar, enjoo e falta de apetite. Fui ao médico e a suspeita era de dengue. Passei pelo pronto-atendimento e o médico pediu exames que confirmaram a chikungunya”, afirmou. “Dá muita dor nas articulações, que até incham. Quando comecei a sentir os sintomas, não aguentava nem mesmo pegar uma bolsa de mão”, comentou.
Com a propriedade de quem sofreu com as três doenças transmitidas pelo Aedes, a dona de casa Gicelly Souza Ferreira, de 37, garante: a chikungunya é a pior. Ela, o marido de 47 anos, e o filho de 9, contraíram a doença no mês passado. “Fiquei doente há quase um mês e ainda tenho muitas dores. A gente não consegue fazer muita coisa nem mesmo em casa. Tenho dificuldade até para sair do carro. Ando de moto, mas não estou conseguindo, porque não consigo virar o pescoço. São sintomas complicados que nunca saram”, reclamou. “Falta informação do poder público sobre como vamos proceder nesta situação. Para se ter ideia, não recebemos nenhum agente de saúde neste ano”, disse.
INFESTAÇÃO Enquanto tentam dar conta da alta demanda por atendimento, os serviços de saúde de Governador Valadares lidam ainda com outro complicador: um cenário de elevada infestação do transmissor. Segundo a administração municipal, em janeiro de 2017 o Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa) apontou resultado de 9,7%, enquanto para a Organização Mundial de Saúde (OMS) as faixas de segurança para risco de epidemia devem ficar abaixo de 3%. “Naquele momento não havia estrutura de resposta adequada, diante da indisponibilidade de insumos, de pessoal, de veículos e de processos de trabalho ordenados. Isso dificultou a dinâmica de trabalho”, informou a prefeitura. Ainda segundo o município, o trabalho foi normalizado, com qualificação da estrutura disponível para diminuir a densidade do mosquito, bem como organizar a melhor rede de atenção à saúde.
De acordo com a prefeitura, hoje toda a demanda de atendimento multiprofissional tem sido absorvida pela rede. Ainda segundo a administração, com base em um plano de contingência que já previa o aumento de casos, foi montado o Centro de Atendimento em Arboviroses, para acolher o cidadão com equipe especializada. No local, têm sido realizados, em média, 180 atendimentos/dia, o que tem desafogado o hospital municipal. Outra iniciativa foi a criação do Programa Estruturador de Controle e Combate às Arboviroses, com duração de quatro anos e orientado para controle do transmissor, organização da assistência, mobilização social e vigilância epidemiológica.
Estado admite vulnerabilidade
De acordo com o subsecretário de Vigilância e Proteção à Saúde, Rodrigo Said, Minas é uma área vulnerável à ocorrência de epidemias de chikungunya, devido aos fatores ambientais favoráveis à manutenção do transmissor, à circulação do vírus e à baixa proteção imunológica da população. Em relação aos municípios de Governador Valadares e de Teófilo Otoni, que também enfrentou aumento de casos, o subsecretário afirmou que essas são áreas que apresentam todas essas situações. Rodrigo Said afirmou ainda que uma epidemia de doenças causadas pelo Aedes afeta diretamente a rede de saúde. “Diferentemente da febre amarela, em que a maior parte dos pacientes precisavam ser acompanhados em regime de internação, no caso de chikungunya é necessário ampliar o acesso dos pacientes às unidades de atenção primária e secundárias, com a implantação de espaços/unidades de hidratação, orientação ao paciente sobre os sinais de gravidade e retorno para acompanhamento da evolução da doença”, informou o subsecretário.