Segurando o crucifixo com todo o cuidado, Zaqueu explica que há partes quebradas e outras coladas, embora sem a intervenção adequada do trabalho de restauração. O serviço está a cargo do restaurador e professor da Faop Sílvio Luiz Rocha Vianna de Oliveira, responsável, com sua equipe, pela recente recuperação das pinturas de São Luís Rei da França e São Eduardo Rei da Inglaterra, do século 18, da Igreja de Nossa Senhora do Carmo. “Estamos investigando a origem do crucifixo e quem o doou à Secretaria de Cultura e Patrimônio”, explicou Zaqueu, adiantando que o restauro da peça será concluído até a Páscoa.
Localizada no térreo do imponente Casarão Rocha Lagoa, a capela vai ganhar iluminação especial e alguns reparos para ser visitada por moradores e turistas e frequentada pelos funcionários. O secretário mostra o teto em policromia, do século 18, doado ao município pelo ex-prefeito e atual secretário estadual de Cultura Angelo Oswaldo.
CERIMÔNIAS O momento não poderia ser mais oportuno para recuperar a peça, já que, em 1º de abril, começam as cerimônias do Setenário das Dores (veja programação), na Igreja de Nossa Senhora das Dores, da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, no Bairro de Antônio Dias. A cada ano, as celebrações solenes da Semana Santa em Ouro Preto se alternam entre essa paróquia (ano ímpar) e a de Nossa Senhora do Pilar (ano par), ambas no Centro Histórico. Em outras cidades mineiras do Ciclo do Ouro, como Sabará e Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, as meditações e rezas das Sete Dores de Maria enchem as igrejas.
HISTÓRICO O Casarão Rocha Lagoa fica na Rua Teixeira Amaral, ladeira de acesso às igrejas São José e São Francisco de Paula e rodoviária de Ouro Preto. De provável construção datada do fim do século 18, o sobrado recebeu esse nome por ter sido residência, já na segunda metade do século 19, da tradicional família Amaral e Rocha Lagoa, representada principalmente pelo senador Francisco Rocha Lagoa e sua esposa, Amélia Amaral Rocha Lagoa, filha do coronel Francisco Teixeira Amaral.
De acordo com o Inventário de Proteção do Acervo Cultural (Ipac), a mais antiga referência ao imóvel data de 1806. Naquele ano, consta do Livro de Tombos de Terrenos Foreiros a informação de que “Vicência Moreira de Oliveira possuía uma casa na rua da ladeira que segue para a capela de São José”. O documento destaca ainda que a primeira referência direta ao coronel Francisco Teixeira Amaral se deu em 1872.
SETENÁRIO DAS DORES
Confira a programação
» Ouro Preto
Local: Igreja de Nossa Senhora das Dores, no Centro Histórico
De 1º a 7 de abril, às 19h, com a participação do Coral Pio X
» Santa Luzia
Local: Paróquia Santuário de Santa Luzia, no Centro Histórico
Segunda-feira, às 17h – Mutirão de confissões na Matriz
Dia 1º de abril, às 19h – Missa solene de abertura do Setenário de Nossa Senhora das Dores
Dia 2, às 19h – Primeira Dor (Profecia de Simeão), seguida de missa
De 3 a 8, às 19h30 – Meditação e reza de Nossa Senhora das Dores
» Sabará
Local: Igreja de São Francisco, no Largo de São Francisco, no Centro Histórico
De 2 a 8, às 19h, com participação da Orquestra Santa Cecília na abertura e no encerramento. No dia 8, haverá a procissão do Depósito de Nossa Senhora das Dores, em direção às Mercês
Local: Matriz de Nossa Senhora da Conceição, na Praça Getúlio Vargas
De 2 a 8, às 19h .