Um dado há muito aguardado na saúde pública mineira finalmente se confirmou, mas, infelizmente, acompanhado da abertura de outra frente de batalha e de preocupação. O surto de febre amarela dá sinais de perder força em Minas, que pela primeira vez no ano completa oito dias sem nenhum novo registro feito pela Secretaria de Estado de Saúde (SES). Mas a doença da vez é a chikungunya, que já se alastrou por 126 municípios mineiros, o equivalente a aproximadamente 15% do total. Enquanto autoridades de saúde comemoravam a trégua no surto de uma virose, em apenas uma semana mais de mil novas notificações da outra eram registradas, chegando à marca de 4.852 pacientes com contaminação provável pela febre chikungunya em território mineiro, que, desde 2014, quando a enfermidade apareceu, nunca havia contabilizado óbitos e agora investiga duas mortes suspeitas.
Entre os sintomas da doença – uma das transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti – estão febre, dores de cabeça, dores fortes nas articulações, que podem durar meses, erupções na pele e enjoos. A velocidade de avanço no número de casos é assustadora quando se compara com os registros dos últimos anos. Nos 12 meses de 2016, Minas teve 500 casos prováveis de chikungunya, nove vezes menos que neste início de ano. Em 2015, houve apenas 31 notificações, e, em 2014, foram só 18.
A escalada da chikungunya começou em janeiro, com 706 casos suspeitos. No mês seguinte, o número já era quatro vezes maior: em apenas 28 dias, foram computadas 2.826 notificações.
A grande preocupação de especialistas agora é com cidades do Leste de Minas Gerais. Governador Valadares lidera o número de notificações da doença, com 3.074. Em seguida, vêm Teófilo Otoni (651), Conselheiro Pena (308), Aimorés (174) e Medina (106), todas na porção oriental do estado. Diante do quadro, a Secretaria de Saúde promoveu seminário com médicos e profissionais que fazem parte do SUS nos 51 municípios da área da Regional de Governador Valadares, com a meta de informar sobre cuidados com a enfermidade.
FEBRE AMARELA Já em relação à febre amarela, a estagnação há muito prevista por autoridades sanitárias parece enfim começar a se confirmar. Depois de uma escalada no início do ano, com maior número de notificações na segunda e terceira semanas (entre 8 e 21 de janeiro de 2017), houve redução significativa a partir da sexta semana (entre 5 e 11 de fevereiro), segundo a Saúde estadual.
O principal fator para o controle é a vacinação, que resultou neste ano na aplicação de mais de 3,1 milhões de doses do imunizante no território mineiro. “A Secretaria de Estado da Saúde vem mantendo o trabalho de prevenção e bloqueio vacinal, bem como de vigilância e investigação, tanto de novos casos (que têm se reduzido dia a dia), quanto das epizootias (mortes de macacos com suspeita de contágio pela febre amarela)”, informou a pasta, em nota.
Embora a quantidade de casos notificados da virose tenha se mantido desde o último balanço, do dia 21, Minas confirmou mais 29 casos de febre amarela, totalizando 376 diagnósticos positivos. Além disso, mais seis mortes suspeitas foram registradas, saltando de 195 para 201. Em relação às mortes confirmadas, o aumento foi de mais 14 (de 123 para 137). Outras 398 notificações foram descartadas. Segundo a SES, a maioria dos óbitos, 90,5%, são de pessoas do sexo masculino, com média de idade de 45 anos.
A secretaria afirma que continua tomando medidas tanto para a febre amarela quanto para a chikungunya. “Ambas necessitam de monitoramento constante e ações oportunas de prevenção e controle. Para a febre amarela, a principal medida de prevenção é a vacina, enquanto para a febre chikungunya, é imprescindível a remoção e tratamento químico de criadouros de mosquitos Aedes aegypti”, informou.
PREVISÃO O infectologista Unaí Tupinambás, professor da Faculdade de Medicina da UFMG, explica que o equilíbrio dos casos de febre amarela ainda em março era esperado, diante das ações de controle.
E ainda tem a gripe...
Com a chegada do frio, surge nova preocupação no setor de saúde no estado: a gripe. Medidas de prevenção já começam a ser tomadas para evitar um grande número de mortes, como o ocorrido no ano passado. Em 2016, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) provocada pelo vírus influenza tirou a vida de 290 pessoas em Minas. Neste ano, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), foram registrados 15 casos de Srag por influenza.