O Instituto Saúde e Sustentabilidade (ISS), com apoio do Greenpeace, realizou pesquisa em Barra Longa, cidade a 215 quilômetros da capital, na Zona da Mata, voltada para as condições de saúde da população depois do rompimento da Barragem do Fundão, da mineradora Samarco, na vizinha Mariana. A cidade, depois do distrito de Bento Rodrigues, do município em que ficava o reservatório, foi a mais atingida pela lama de rejeito de minério, que ainda poluiu a Bacia do Rio Doce. A divulgação dos resultados do estudo, cerca de um ano e cinco meses depois do desastre ecológico, aponta que os barra-longuenses demonstram maior vulnerabilidade e frequência de alguns sintomas em relação a moradores de outras regiões, como afecções de pele, vômitos, dores nas pernas e cãibras (“dor nos ossos”).
O Instituto Saúde e Sustentabilidade é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) que tomou a iniciativa da pesquisa, depois da constatação de que o derramamento dos rejeitos causou o revolvimento e aumento da biodisponibilidade de uma série de componentes tóxicos – inclusive metais – demonstrado por uma série de análises em vários componentes naturais de água, solo e fauna (peixes e crustáceos), em níveis superiores aos preconizados para segurança segundo as leis brasileiras. De acordo com a ISS, a bacia aérea da cidade também se tornou tóxica, devido ao pó proveniente da lama seca, exacerbado pelas obras de reconstrução.
A Oscip divulgou o estudo na quarta-feira e, segundo as análises, a saúde da população de Barra Longa está comprometida de diversas formas. “Os dados de saúde encontrados espelham o sofrimento da população a multivariadas queixas e doenças, e ao acometimento de sua saúde e qualidade de vida plenas”, destaca a pesquisa. “Embora os sintomas relatados possam caracterizar diversas doenças, também podem eventualmente ocorrer em casos de intoxicação por alguns metais. O estudo aponta os sintomas sugestivos, mas não permite afirmar a associação causa-efeito da exposição aos metais e adoecimento”, conclui.
Conforme a ISS, a pesquisa não encontrou diferenças significativas na análise estatística quando estudados grupos de doenças entre os locais de moradia: proximidade ao rio, centro urbano e área rural. E, diante da maior vulnerabilidade e frequência de alguns sintomas dos barra-longuenses em relação a grupos populacionais de outras regiões, o estudo sugere o monitoramento e vigilância da área afetada e da população exposta como parte dos problemas de avaliação de riscos, bem como estudos futuros, que possam elucidar eventual associação com intoxicação e comprometimento de saúde.
O estudo destaca ainda que são escassos os dados de saúde contabilizados e monitorados desde o desastre. Uma pesquisa epidemiológica em saúde EPI INFO, foi realizada pelo Ministério da Saúde, em julho de 2016, em Barra Longa, e até março de 2017, os resultados ainda não haviam sido divulgados. Cópias da pesquisa da Oscip foram enviadas ao Ministério Público de Ponte Nova e à Secretaria Municipal de Saúde de Barra Longa.
O Ministério Público informou que, na área administrativa do órgão em Ponte Nova, que responde pelo município vizinho, não foi acusado o recebimento do estudo. Os promotores de Justiça da comarca não foram localizados. Ninguém foi encontrado na Prefeitua de Barra Longa para falar sobre a pesquisa e seus resultados.
Fundação afirma que cidade teve reforço na área de saúde
Por meio de nota, a Fundação Renova, criada para reparar os danos do desastre ambiental causado pelo rompimento da barragem, que pertence à mineradora Samarco, informou que sua prioridade foi disponibilizar profissionais da área de saúde, fortalecendo a equipe local de Barra Longa. De acordo com a fundação, para o atendimento na cidade, foram escalados 27 profissionais, entre eles nove clínicos gerais, um psiquiatra e dois psicólogos, que atendem sem agendamento, além de manter uma ambulância de suporte básico para emergências, com uma equipe de 10 socorristas.
“A Renova prepara um amplo estudo epidemiológico e toxicológico, com foco em toda a área impactada, que analisará indicadores de saúde no horizonte de 10 anos antes e, no mínimo, 10 anos depois do rompimento da Barragem do Fundão. Nesse contexto, a pesquisa do Instituto Saúde e Sustentabilidade apresenta-se como uma importante base de dados e de avaliação a ser considerada”, diz o comunicado.
Ainda segundo a fundação, desde fevereiro de 2016 Barra Longa conta com uma estação de monitoramento automático da qualidade do ar, instalada no Centro da cidade. “Os resultados mostram que a qualidade do ar na cidade está dentro dos parâmetros exigidos pela legislação brasileira”, destaca a nota. A Renova afirma ainda que foram retirados 157 mil metros cúbicos de rejeitos depositados na área urbana de Barra Longa, volume transportado e disposto no aterro da cidade.
O Instituto Saúde e Sustentabilidade é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) que tomou a iniciativa da pesquisa, depois da constatação de que o derramamento dos rejeitos causou o revolvimento e aumento da biodisponibilidade de uma série de componentes tóxicos – inclusive metais – demonstrado por uma série de análises em vários componentes naturais de água, solo e fauna (peixes e crustáceos), em níveis superiores aos preconizados para segurança segundo as leis brasileiras. De acordo com a ISS, a bacia aérea da cidade também se tornou tóxica, devido ao pó proveniente da lama seca, exacerbado pelas obras de reconstrução.
A Oscip divulgou o estudo na quarta-feira e, segundo as análises, a saúde da população de Barra Longa está comprometida de diversas formas. “Os dados de saúde encontrados espelham o sofrimento da população a multivariadas queixas e doenças, e ao acometimento de sua saúde e qualidade de vida plenas”, destaca a pesquisa. “Embora os sintomas relatados possam caracterizar diversas doenças, também podem eventualmente ocorrer em casos de intoxicação por alguns metais. O estudo aponta os sintomas sugestivos, mas não permite afirmar a associação causa-efeito da exposição aos metais e adoecimento”, conclui.
Conforme a ISS, a pesquisa não encontrou diferenças significativas na análise estatística quando estudados grupos de doenças entre os locais de moradia: proximidade ao rio, centro urbano e área rural. E, diante da maior vulnerabilidade e frequência de alguns sintomas dos barra-longuenses em relação a grupos populacionais de outras regiões, o estudo sugere o monitoramento e vigilância da área afetada e da população exposta como parte dos problemas de avaliação de riscos, bem como estudos futuros, que possam elucidar eventual associação com intoxicação e comprometimento de saúde.
O estudo destaca ainda que são escassos os dados de saúde contabilizados e monitorados desde o desastre. Uma pesquisa epidemiológica em saúde EPI INFO, foi realizada pelo Ministério da Saúde, em julho de 2016, em Barra Longa, e até março de 2017, os resultados ainda não haviam sido divulgados. Cópias da pesquisa da Oscip foram enviadas ao Ministério Público de Ponte Nova e à Secretaria Municipal de Saúde de Barra Longa.
O Ministério Público informou que, na área administrativa do órgão em Ponte Nova, que responde pelo município vizinho, não foi acusado o recebimento do estudo. Os promotores de Justiça da comarca não foram localizados. Ninguém foi encontrado na Prefeitua de Barra Longa para falar sobre a pesquisa e seus resultados.
Fundação afirma que cidade teve reforço na área de saúde
Por meio de nota, a Fundação Renova, criada para reparar os danos do desastre ambiental causado pelo rompimento da barragem, que pertence à mineradora Samarco, informou que sua prioridade foi disponibilizar profissionais da área de saúde, fortalecendo a equipe local de Barra Longa. De acordo com a fundação, para o atendimento na cidade, foram escalados 27 profissionais, entre eles nove clínicos gerais, um psiquiatra e dois psicólogos, que atendem sem agendamento, além de manter uma ambulância de suporte básico para emergências, com uma equipe de 10 socorristas.
“A Renova prepara um amplo estudo epidemiológico e toxicológico, com foco em toda a área impactada, que analisará indicadores de saúde no horizonte de 10 anos antes e, no mínimo, 10 anos depois do rompimento da Barragem do Fundão. Nesse contexto, a pesquisa do Instituto Saúde e Sustentabilidade apresenta-se como uma importante base de dados e de avaliação a ser considerada”, diz o comunicado.
Ainda segundo a fundação, desde fevereiro de 2016 Barra Longa conta com uma estação de monitoramento automático da qualidade do ar, instalada no Centro da cidade. “Os resultados mostram que a qualidade do ar na cidade está dentro dos parâmetros exigidos pela legislação brasileira”, destaca a nota. A Renova afirma ainda que foram retirados 157 mil metros cúbicos de rejeitos depositados na área urbana de Barra Longa, volume transportado e disposto no aterro da cidade.
(RG)