A engenheira sanitarista da SLU Patrícia Dayrell, coordenadora do grupo que produziu o plano, adverte que, apesar de prevista no plano, a mudança na coleta do lixo comum ainda depende de avaliação periódica, já que o plano precisa ser atualizado de dois em dois anos e revisado de quatro em quatro anos. “Isso é uma mudança bem radical. Por isso estamos (prevendo) em um longo prazo, com um incremento de conscientização e educação, para avaliar (se é possível)”, diz a engenheira.
A mudança, que resultaria em redução de custos da coleta, depende de investimentos na coleta seletiva. Hoje, 15% da população de BH é atendida pela coleta seletiva (383.365 moradores), com a modalidade conhecida como porta a porta. Nesse caso, um caminhão específico percorre as ruas de 36 bairros coletando exclusivamente o lixo que pode ser reciclado.
Até 2036, a intenção é reduzir o percentual do porta a porta para 10% e dotar os outros 90% de estrutura para coleta ponto a ponto, com contêineres que receberiam o lixo reciclável da própria população, para depois ser captado por um caminhão que faria todo o processo de forma automatizada. A estrutura para esse processo também viabilizaria a entrega do lixo comum para 50% da população.
DESAFIOS “A Política Nacional dos Resíduos Sólidos estipula que só pode ser aterrado aquilo que não tiver valor econômico. Então, os municípios têm que promover a ampliação da reciclagem”, afirma Patrícia Dayrell. Hoje, para que a coleta seletiva seja ampliada, a Prefeitura de BH diz enfrentar alguns desafios, como a falta de recursos, a necessidade da ampliação da cadeia envolvida no processo e a deficiência de educação ambiental. Sobre a cadeia envolvida, a prefeitura sustenta que os galpões das associações de catadores e cooperativas não apresentam infraestrutura adequada para uma boa produtividade e não foram dimensionados para o trabalho de catadores avulsos ou de doações. Isso exige a participação ativa desses empreendimentos sociais para a mudança no processo.
Atualmente, há nove unidades de triagem de material reciclável em BH e todas elas são consideradas de baixa tecnologia – fazem o trabalho praticamente todo manual. O plano dos resíduos prevê que passem a existir 11 em 2034, porém, nove com alta tecnologia (processo totalmente mecanizado) e duas com média tecnologia (processo mecânicos com apoio manual). Outra previsão para os próximos 20 anos é a geração de energia a partir dos gases do lixo aterrado no Aterro Macaúbas, em Sabará, para onde é enviado o lixo produzido em BH. O Plano Municipal de Gestão de Resíduos Sólidos de Belo Horizonte é uma obrigação da prefeitura para pleitear recursos federais na área e está disponível na íntegra no site www.pbh.gov.br. Além disso, também foi editada uma cartilha para distribuição para a população com uma linguagem bem mais acessível..