Prefeitura de BH espera que metade da população pare de deixar lixo na porta de casa em 20 anos

Expectativa da administração municipal é que 50% dos moradores usem contêineres nos bairros em duas décadas. Coleta seletiva em toda a cidade também está prevista apenas para 2036

Guilherme Paranaiba
Intenção da PBH é implantar pontos de coleta em que moradores vão levar o lixo para caminhão retirar de forma automatizada e não mais buscar na porta de cada residência - Foto: Jair Amaral/EM/D.A PRESS - 29/01/2016
A Prefeitura de Belo Horizonte quer promover mudanças na coleta de lixo da capital, mas as medidas vão levar tempo até ser implementadas. Apresentado ontem pela Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos prevê que metade da população não deixe mais o lixo comum na porta de casa ou do prédio, e sim em pontos fixos espalhados pelos bairros. Também estabelece que a coleta seletiva alcance 100% dos belo-horizontinos – hoje atende apenas 15% –, elevando o percentual do material reciclável de 1% para 11% em relação ao total dos resíduos domiciliares. Nos dois casos, as metas só devem ser totalmente cumpridas em 2036.

A engenheira sanitarista da SLU Patrícia Dayrell, coordenadora do grupo que produziu o plano, adverte que, apesar de prevista no plano, a mudança na coleta do lixo comum ainda depende de avaliação periódica, já que o plano precisa ser atualizado de dois em dois anos e revisado de quatro em quatro anos. “Isso é uma mudança bem radical. Por isso estamos (prevendo) em um longo prazo, com um incremento de conscientização e educação, para avaliar (se é possível)”, diz a engenheira.

A mudança, que resultaria em redução de custos da coleta, depende de investimentos na coleta seletiva. Hoje, 15% da população de BH é atendida pela coleta seletiva (383.365 moradores), com a modalidade conhecida como porta a porta. Nesse caso, um caminhão específico percorre as ruas de 36 bairros coletando exclusivamente o lixo que pode ser reciclado.
Em 2021, a intenção é que esse percentual porta a porta suba para 20%, e outros 21% da população ganhe atendimento ponto a ponto, elevando a coleta seletiva para 41% da cidade.

Até 2036, a intenção é reduzir o percentual do porta a porta para 10% e dotar os outros 90% de estrutura para coleta ponto a ponto, com contêineres que receberiam o lixo reciclável da própria população, para depois ser captado por um caminhão que faria todo o processo de forma automatizada. A estrutura para esse processo também viabilizaria a entrega do lixo comum para 50% da população.

- Foto: Arte/EM
DESAFIOS “A Política Nacional dos Resíduos Sólidos estipula que só pode ser aterrado aquilo que não tiver valor econômico. Então, os municípios têm que promover a ampliação da reciclagem”, afirma Patrícia Dayrell. Hoje, para que a coleta seletiva seja ampliada, a Prefeitura de BH diz enfrentar alguns desafios, como a falta de recursos, a necessidade da ampliação da cadeia envolvida no processo e a deficiência de educação ambiental. Sobre a cadeia envolvida, a prefeitura sustenta que os galpões das associações de catadores e cooperativas não apresentam infraestrutura adequada para uma boa produtividade e não foram dimensionados para o trabalho de catadores avulsos ou de doações. Isso exige a participação ativa desses empreendimentos sociais para a mudança no processo.

Atualmente, há nove unidades de triagem de material reciclável em BH e todas elas são consideradas de baixa tecnologia – fazem o trabalho praticamente todo manual. O plano dos resíduos prevê que passem a existir 11 em 2034, porém, nove com alta tecnologia (processo totalmente mecanizado) e duas com média tecnologia (processo mecânicos com apoio manual). Outra previsão para os próximos 20 anos é a geração de energia a partir dos gases do lixo aterrado no Aterro Macaúbas, em Sabará, para onde é enviado o lixo produzido em BH. O Plano Municipal de Gestão de Resíduos Sólidos de Belo Horizonte é uma obrigação da prefeitura para pleitear recursos federais na área e está disponível na íntegra no site www.pbh.gov.br. Além disso, também foi editada uma cartilha para distribuição para a população com uma linguagem bem mais acessível..