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Estado de Minas

Arara-azul traficada para a Argentina é devolvida ao Brasil e se recuperará em MG

A ave estava sob poder das autoridades argentinas desde 2007, quando foi apreendida em Buenos Aires, após ser traficada ao país


postado em 05/04/2017 13:52 / atualizado em 05/04/2017 15:17

(foto: Marcus Romero/ Criadouro Fazenda das Cachoeiras )
(foto: Marcus Romero/ Criadouro Fazenda das Cachoeiras )
Uma arara-azul-de-lear, de nome científico Anodorhynchus leari, foi devolvida ao Brasil na manhã desta quarta-feira, após ser apreendida na Argentina em 2007. A ave, traficada ao país, permaneceu no zoológico de Buenos Aires enquanto aguardava a negociação judicial entre os países.  

A devolução foi acompanhada pelo Ibama, pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e pelas embaixadas e ministérios de Meio Ambiente dos dois países. O animal, após chegada no Brasil, foi encaminhada para a Estação Quarentenária de Cananéia (EQC), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

A arara permanece na estação por um período de 15 a 20 dias para realizar exames clínicos e laboratoriais, visando impedir a entrada de doenças no Brasil. Após os processos obrigatórios, será entregue ao criadouro científico Fazenda das Cachoeiras, em Minas Gerais, onde passará por programa de cativeiro, que prevê a reprodução nativa da espécie.

Ugo Vercillo, diretor do Departamento de Conservação e Manejo de Espécies do Ministério do Meio Ambiente, destacou a relação entre os países durante o período em que a ave teve de aguardar o julgamento de crime ambiental na justiça argentina.“ Essa repatriação é um marco. Ela demonstra o interesse e cooperação dos dois países para preservação e conservação da espécie.”

Ver galeria . 8 Fotos Marcus Romero: Criadouro Fazenda das Cachoeiras
(foto: Marcus Romero: Criadouro Fazenda das Cachoeiras )
Segundo Marcos Reple, superintendente do Ibama em São Paulo, a ave passará por processos de recuperação da espécie, para reinserção na natureza. “É uma espécie que já esteve sob ameaça de extinção, então a ideia é reproduzir um número maior dessa espécie, que hoje está em recuperação na fauna brasileira,” relatou.

Veterinário responsável pelo criadouro científico Fazenda Cachoeiras. Marcus Romero diz que a ave passará por um processo de pareamento e reprodução, que não tem previsão de término. “O objetivo é produzir novos filhotes para redistribuirmos à natureza. Vamos parear com uma fêmea e receber, no decorrer do processo, outras fêmeas em cativeiro para dar prosseguimento ao processo de postura e reprodução. O ideal é que os filhotes sejam criados pelos pais, porque é uma espécie mais selvagem”.

Sobre o criadouro, Reple afirmou que o local está enquadrado na categoria de conservação e está vinculado ao plano de ação nacional de recuperação de espécies do Instituo Chico Mendes. “Participamos de quatro programas de recuperação em parceria com o Ministério do Meio Ambiente: o mutum do sudeste; o mutum de lagoa; a ararinha azul de sipx e a arara-azul-de-lear. Já obtivemos sucesso reprodutivo com a ararara-azul-de-lear e postura com a ararinha azul,” relatou.

O criadouro, segundo Marcus, atua junto ao governo há 10 anos, mas, no processo de recuperação das aves, a atuação é recente, com início em 2015. No local, as araras recolhidas em cativeiro contam com amplos viveiros individuais que contribuem para o bom funcionamento dos processos de recuperação e reprodução.”Hoje nós temos sete viveiros para arara-azul-de-lear e, em cada viveiro, as medidas são em torno de 13m de comprimento, 3m de largura e 4m de altura. Trabalham conosco três médicos veterinários e cinco tratadoras, que ficam responsável por alimentar os animais”, relatou.

Arara Azul

No Brasil, existem hoje, segundo o Ministério do Meio Ambiente, 1.358 araras-azuis-de-lear na natureza. A ave está em perigo de extinção no Endêmica da Caatinga,na região conhecida como Raso da Catarina, no nordeste da Bahia.

Responsável pelo Programa de Cativeiro e pela Coordenação do Plano de Ação Nacional, para a conservação da arara-azul-de-lear, o Cemave identificou como principal ameaça a esses animais a perda de habitat e recursos, que é agravada pelo tráfico de animais silvestres e pelos conflitos com a população local. 

Junto com o Brasil, Inglaterra, Espanha, Alemanha, República Checa e Catar, fazem parte do Programa de Cativeiro, que atualmente conta 150 aves em fase de recuperação em 14 instituições, segundo Priscila Amaral, coordenadora do projeto.


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