O Ministério da Saúde anunciou ontem mudança no esquema de vacinação contra a febre amarela, ainda com o país sob impacto do pior surto da doença já registrado oficialmente, com 140 mortes confirmadas apenas em Minas Gerais. Com a mudança, a pasta passa a adotar dose única da proteção em todo o território nacional. Está em estudo também a possibilidade de adoção de um esquema de contingência, com fracionamento da vacina e aplicação de doses menores, com menor tempo de proteção, para que mais pessoas recebam a substância em caso de uma situação de emergência.
A medida é válida a partir deste mês de abril, e segundo a pasta está de acordo com orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS). “A partir de agora, as pessoas que já tomaram uma dose não precisam se vacinar mais contra a febre amarela ao longo da vida”, afirmou nesta quarta-feira o ministro Ricardo Barros, durante o anúncio da mudança.
Ele explicou que, em 2014, quando a OMS passou a recomendar a dose única, o Ministério da Saúde brasileiro, consultando as sociedades científicas, avaliou que os estudos ainda não eram suficientes para que fosse adotada a decisão naquele momento.
Além disso, o ministério está preparando a rede pública para um possível fracionamento das doses da vacina. Se adotada, a medida servirá para conter a expansão da doença nas regiões metropolitanas que precisarem de bloqueio.
O fracionamento tem caráter preventivo e é adotado quando há aumento de casos de febre amarela silvestre de forma intensa, com risco de expansão da doença em cidades com elevado índice populacional, como no caso das capitais Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro, que não têm recomendação permanente para vacinação.
O Ministério da Saúde reforça que a dose fracionada é tão eficaz quanto a vacina na dose padrão, mas o tempo de proteção é de um ano. “Temos que estar preparados para um cenário onde haja necessidade do fracionamento de doses. Se houver a ocorrência de casos, além do que nós estamos avaliando hoje, com a mudança do perfil epidemiológico, vamos estar preparados para iniciar a vacinação fracionada”, destacou o secretário de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, Adeilson Cavalcante.
Para adotar essa ação são necessárias algumas medidas técnicas, como a aquisição de seringas especiais, sem registro ainda no Brasil, treinamento de pessoal e adequação do sistema de informação para registro nominal.
Atualmente, o Ministério da Saúde usa a dose padrão da vacina de febre amarela, feita com 0,5 ml (mililitros). A dose fracionada conta com um quinto desse volume. Fracionado, um frasco com cinco doses do imunizante contra febre amarela, por exemplo, pode imunizar 25 pessoas.
(RG)