Kalil deve anunciar novo presidente da Fundação de Cultura em uma semana

Depois de cinco anos no cargo, arquiteto e historiador Leônidas Oliveira deixa a prefeitura. Principal realização com ele à frente da FMC foi o título conquistado pela Pampulha de Patrimônio Cultural da Humanidade

Gustavo Werneck
Leônidas Oliveira ficou cinco anos à frente da FMC e agora vai se dedicar a um pós-doutorado - Foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS - 09/12/2016
Depois de oito anos de atuação na Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), o arquiteto e historiador Leônidas Oliveiras, de 44 anos, deixa a presidência da Fundação Municipal de Cultural (FMC), no que representa a primeira baixa no alto escalão do governo de Alexandre Kalil (PHS). Segundo Leônidas, a saída tem a ver com o curso de pós-doutorado em antropologia que vai fazer na cidade de Évora, em Portugal. Ao entregar, ontem, a carta de demissão ao prefeito, ele se comprometeu a ficar ainda 15 dias para a transição do cargo. A PBH divulgou nota informando que “o prefeito Alexandre Kalil ainda estuda um nome e deve anunciar o substituto de Leônidas Oliveira na próxima semana”.

Na tarde de ontem, em casa, Leônidas disse que se preocupa com a condução dos projetos iniciados na sua gestão. E se queixa da falta de verba para levar adiante as ações nas áreas de teatro, dança, música, artes plásticas, festivais e outras atividades. “Não temos um orçamento específico na fundação para a gestão dos projetos. Faltam equipamentos, faltam recursos. A cultura está presente em tudo, é o eixo transversal de todas as políticas de um município”, afirma.
Ele lembra que está uma “quebradeira geral” e sempre há o temor de corte de pessoal e fechamento de equipamentos culturais na cidade.

Nesse aspecto, Leônidas adianta que um dos problemas sérios no âmbito da FMC, que, nos planos de Kalil, deverá voltar a ser Secretaria Municipal de Cultura, vai ser resolvido nesta semana: “O prefeito garantiu que serão nomeados os gerentes de 17 centros culturais de Belo Horizonte”. Se esse setor vai ser solucionado, há outros, acrescenta, que estão sem gestores. Entre eles, a Casa Kubitschek, na Pampulha, teatros municipais, como o Marília, Francisco Nunes e Raul Belém Machado, no Bairro Alípio de Melo, e a área de patrimônio histórico. “A expectativa é de que os postos sejam preenchidos com a reforma administrativa enviada para a Câmara Municipal”, disse.

BATUTA Mineiro de São Gotardo, na Região Centro-Oeste, Leônidas ocupou dois cargos de direção durante as duas gestões do ex-prefeito Marcio Lacerda: esteve à frente do Museu Histórico Abílio Barreto (MHAB), de 2009 a 2012, e da FMC, de 2012 a 2016, sendo dos poucos mantidos no cargo por Alexandre Kalil. “Dei meu sangue, agora tenho que passar a batuta”, resume Leônidas sobre sua atuação na fundação por quase cinco anos. No processo de transição de 15 dias, terá participação importante o diretor de Planejamento da FMC, Murilo Júnio.

Entre as principais realizações na sua gestão, Leônidas destaca a conquista, pelo conjunto moderno da Pampulha, do título Patrimônio Cultural da Humanidade concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a criação do sistema municipal de cultura, a descentralização cultural, com a apropriação de espaços públicos, a volta do prêmio literário, “o mais antigo do país, criado na época de JK, a implantação dos museus da Moda, num prédio histórico do Centro de BH, o Museu da Imagem e do Som e outros equipamentos.

Assim que terminar o período de transição, Leônidas deverá viajar para Portugal, onde pretende passar uma temporada, embora o curso de pós-doutorado não seja presencial. “Estou estudando muito para essa nova etapa da vida, daí a necessidade de me preparar muito”, disse. .