Essa e várias outras histórias com final feliz são contadas pelas dezenas de profissionais que trabalham no Centro de Operações da Prefeitura de Belo Horizonte (Cop-BH), uma espécie de força-tarefa que reúne 15 instituições municipais e do estado numa sala no Buritis. Semelhante ao Big Brother Brasil, a central de videomonitoramento, criada para a Copa do Mundo de 2014, vigia a cidade por meio de centenas de câmeras.
O principal resultado do Cop é proporcionar resposta rápida a fatos que, até a criação da central, eram resolvidos num tempo maior. A presença de diferentes instituições na mesma sala possibilita uma sinergia em favor da cidade. “Esse tempo de resposta é essencial”, contou Denise Fontes, gerente de Operações do Cop-BH, que funciona 24 horas ininterruptas durante os sete dias da semana.
A sinergia ocorre diariamente, como explica Cristina Maria Souza, uma das representantes do Samu. “Há poucas semanas, uma carreta desgovernada atingiu vários veículos na BR-356, no Belvedere (Região Sul).
Mais uma vez, vidas foram salvas. As decisões são tomadas com maior agilidade, pondera Cristina, quando profissionais de instituições diferentes veem as imagens na mesma sala. Há poucos dias, outra vida foi salva graças à imagem captada numa das estações do Move, no Centro, e exibida no Cop. Tratava-se de um crime por motivo fútil.
Um jovem ficou indignado com outros que tentaram furar a fila para entrar no transporte coletivo e, transtornado, golpeou um dos rapazes com um canivete. O sangue se espalhou na estação. Houve pânico e correria. As imagens chamaram a atenção de quem estava no Cop. Uma equipe do Samu foi acionada, socorreu a vítima e a levou ao Hospital de Pronto-Socorro (HPS) João XXIII. O autor se entregou horas depois numa unidade da Polícia Militar.
NO TRÂNSITO As mesmas câmeras que flagraram esse crime ajudam a monitorar o trânsito na cidade. Dependendo das imagens, Artur Abreu, gerente de Operações do BRT, ajuda a montar estratégias para reduzir a dor de cabeça de motoristas e passageiros. “Há poucos dias, por exemplo, uma árvore caiu na Avenida Carandaí, na região hospitalar. Acionamos o pessoal para liberar a via com maior rapidez.
E quando há protestos ou manifestações no Centro da cidade? Novamente, o Cop entra em ação. Além de desviar o trânsito, uma estratégia curiosa é aplicada. Caminhões da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) passam no itinerário programado pelos manifestantes para recolher objetos que possam ser usados por eventuais vândalos que se infiltram entre os protestantes pacíficos.
As câmeras ainda ajudam a amenizar um problema antigo de Belo Horizonte. Quando chove, conta o subinspetor da Guarda Municipal Wellington Rodrigues, alguns equipamentos são direcionados para o Ribeirão Arrudas. “Pelo monitor, acompanhamos a evolução do leito. Dependendo do que pode ocorrer, acionamos a Defesa Civil e interditamos o trânsito (em parte da Via-Expressa).” Dessa forma, caso o leito transborde, o estrago será menor, pois pessoas são orientadas a não passar pela região. “Com o Cop, nosso tempo de resposta foi otimizado”, diz Arthur Abreu.
DENGUE Além das 15 instituições, uma empresa privada se beneficia do Cop. Trata-se de uma firma de helicópteros, que tem parceria com a prefeitura. A organização recebe informações do Cop e, em troca, fornece imagens aéreas e outros serviços.
Há alguns meses, técnicos da Secretaria Municipal de Saúde sobrevoaram a cidade para levantar focos de criatórios do Aedes aegypti, transmissor da dengue e de outras doenças, em imóveis particulares. Com base no levantamento, estratégias para combater o mosquito foram adotadas..