Passados os primeiros três meses da gestão do prefeito Alexandre Kalil (PHS) em Belo Horizonte, uma importante obra na área de transporte e mobilidade urbana empacou e já dá sinais de que não ficará pronta até agosto – prazo estabelecido em contrato assinado pela administração anterior, de Marcio Lacerda (PSB).
A nova rodoviária de BH, que está sendo construída no Bairro São Gabriel, Nordeste da capital mineira, praticamente parou desde que foi visitada por Lacerda, em agosto do ano passado. A responsabilidade dos investimentos de construção e adequação do sistema viário da região é toda do consórcio SPE Terminal, formado por cinco empresas, que, em contrapartida, tem o direito de gerenciar a rodoviária e arrecadar receitas de operação pelos próximos 30 anos.
As máquinas simplesmente sumiram e, na área de obras, três grandes terrenos continuam sem nenhum metro quadrado de construção, separados pela Rua Jacuí e também por uma alça de ligação entre a Via-040 e o Bairro São Gabriel. O atraso ganha ainda mais destaque diante da decisão do governo de Minas de encerrar as operações de ônibus que ainda ocorriam em um terminal anexo à Estação José Cândido da Silveira do metrô, no Bairro Santa Inês, Região Leste de BH. O serviço foi desativado por falta de infraestrutura necessária para receber passageiros.
Sem o anexo e sem sinais de que a nova rodoviária ficará pronta em breve, as atenções se voltam novamente para o Terminal Rodoviário Governador Israel Pinheiro (Tergip), no Centro da cidade, que agora concentra todas as viagens e ainda deve continuar assim por um longo período. Essa semana, o terminal já enfrentará um teste de fogo, com os embarques e desembarques gerados pelo recesso da semana santa.
A equipe do Estado de Minas visitou a área de obras da nova rodoviária, de responsabilidade do consórcio SPE Terminal, e encontrou o terreno exatamente do mesmo jeito que estava na data da última agenda oficial da prefeitura no local, em agosto de 2016. Um dos funcionários que trabalham na segurança do local informou que o engenheiro responsável está de férias e que as poucas máquinas ainda usadas no terreno foram recolhidas. Somente quatro seguranças, dois durante o dia e dois à noite, estão trabalhando no local. Os três lotes estão cercados por tela e a vigilância atua justamente para resguardar esse território, que era ocupado irregularmente por famílias antes da liberação para a obra.
“A rodoviária aqui no São Gabriel seria muito importante para alavancar o crescimento dessa região, mas a gente não sabe o que está acontecendo”, afirma o desempregado Natal dos Reis, de 53 anos, morador do vizinho Bairro São Paulo. “Tudo indica que está faltando verba. Afinal, tudo no Brasil é assim hoje em dia”, acrescenta o carpinteiro Milton Teixeira dos Santos, de 48, que mora próximo ao terreno. Já a auxiliar administrativo Rosângela Couto, de 34, esperava que a nova rodoviária disciplinasse a entrada do Bairro São Gabriel e criasse uma área menos degradada, com mais modernidade. “Se era para ficar pronto em agosto, só nos resta lamentar, porque estamos vendo que não tem absolutamente nada ainda”, afirma.
Visita perto das eleições
Em agosto do ano passado, o então prefeito Marcio Lacerda visitou as obras, acompanhado de seu candidato à sucessão na prefeitura, o então vice-prefeito Délio Malheiros, derrotado nas urnas por Alexandre Kalil. Os dois ouviram de engenheiros da obra que os serviços de terraplanagem já estavam praticamente concluídos e que o próximo passo seria uma mudança na Rua Jacuí, para possibilitar a junção dos três grandes terrenos que ainda permaneciam separados por trechos viários. Sete meses depois, a barreira física para o avanço das intervenções permanece.
Naquela época, Lacerda destacou que o prazo de um ano e meio de construção começou a contar a partir do momento que o terreno foi entregue ao consórcio SPE Terminal (29 de janeiro de 2016), após longa batalha judicial para desapropriações na área. “O contrato prevê um prazo de 18 meses após a entrega do terreno. A prefeitura investiu mais de R$ 40 milhões em desapropriações e remoções, com 287 construções, e isso levou muito mais tempo do que esperávamos. Inclusive, temos três (casos) ainda na Justiça após a liberação do terreno”, disse Lacerda, em agosto de 2016.
A partir daí, passou a ser responsabilidade da empresa a aplicação de R$ 85 milhões na construção do prédio da rodoviária e mais R$ 6,5 milhões no sistema viário do entorno, sob pena de multa em caso de descumprimento. Procurada pela reportagem, a BHTrans, gestora da obra, informou apenas que está avaliando o caso e que, com a desativação do terminal da Estação José Cândido da Silveira, vai continuar fazendo operações para garantir a fluidez do trânsito e o conforto dos usuários no acesso à rodoviária do Centro. A assessoria central da prefeitura apenas reiterou a informação. O EM tentou contato com o SPE Terminal, mas a assessoria de imprensa da Socicam, uma das empresas do grupo, informou que todos os dados sobre a obra estão concentrados na BHTrans.
ENQUANTO ISSO...
...Plano ainda é integrar velho terminal ao Move
Em nota, a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), atual administradora da rodoviária da área central, informou que o projeto da construção da nova rodoviária de Belo Horizonte, bem como sua execução, estão sob a responsabilidade da prefeitura. “A proposta do Governo de Minas Gerais é que, após a inauguração do novo terminal, sejam realizadas obras para adequação do funcionamento do Tergip (Terminal Rodoviário Governador Israel Pinheiro) em Terminal Metropolitano, integrado às estações do Move”, diz o comunicado.
A nova rodoviária de BH, que está sendo construída no Bairro São Gabriel, Nordeste da capital mineira, praticamente parou desde que foi visitada por Lacerda, em agosto do ano passado. A responsabilidade dos investimentos de construção e adequação do sistema viário da região é toda do consórcio SPE Terminal, formado por cinco empresas, que, em contrapartida, tem o direito de gerenciar a rodoviária e arrecadar receitas de operação pelos próximos 30 anos.
As máquinas simplesmente sumiram e, na área de obras, três grandes terrenos continuam sem nenhum metro quadrado de construção, separados pela Rua Jacuí e também por uma alça de ligação entre a Via-040 e o Bairro São Gabriel. O atraso ganha ainda mais destaque diante da decisão do governo de Minas de encerrar as operações de ônibus que ainda ocorriam em um terminal anexo à Estação José Cândido da Silveira do metrô, no Bairro Santa Inês, Região Leste de BH. O serviço foi desativado por falta de infraestrutura necessária para receber passageiros.
Sem o anexo e sem sinais de que a nova rodoviária ficará pronta em breve, as atenções se voltam novamente para o Terminal Rodoviário Governador Israel Pinheiro (Tergip), no Centro da cidade, que agora concentra todas as viagens e ainda deve continuar assim por um longo período. Essa semana, o terminal já enfrentará um teste de fogo, com os embarques e desembarques gerados pelo recesso da semana santa.
A equipe do Estado de Minas visitou a área de obras da nova rodoviária, de responsabilidade do consórcio SPE Terminal, e encontrou o terreno exatamente do mesmo jeito que estava na data da última agenda oficial da prefeitura no local, em agosto de 2016. Um dos funcionários que trabalham na segurança do local informou que o engenheiro responsável está de férias e que as poucas máquinas ainda usadas no terreno foram recolhidas. Somente quatro seguranças, dois durante o dia e dois à noite, estão trabalhando no local. Os três lotes estão cercados por tela e a vigilância atua justamente para resguardar esse território, que era ocupado irregularmente por famílias antes da liberação para a obra.
“A rodoviária aqui no São Gabriel seria muito importante para alavancar o crescimento dessa região, mas a gente não sabe o que está acontecendo”, afirma o desempregado Natal dos Reis, de 53 anos, morador do vizinho Bairro São Paulo. “Tudo indica que está faltando verba. Afinal, tudo no Brasil é assim hoje em dia”, acrescenta o carpinteiro Milton Teixeira dos Santos, de 48, que mora próximo ao terreno. Já a auxiliar administrativo Rosângela Couto, de 34, esperava que a nova rodoviária disciplinasse a entrada do Bairro São Gabriel e criasse uma área menos degradada, com mais modernidade. “Se era para ficar pronto em agosto, só nos resta lamentar, porque estamos vendo que não tem absolutamente nada ainda”, afirma.
Visita perto das eleições
Em agosto do ano passado, o então prefeito Marcio Lacerda visitou as obras, acompanhado de seu candidato à sucessão na prefeitura, o então vice-prefeito Délio Malheiros, derrotado nas urnas por Alexandre Kalil. Os dois ouviram de engenheiros da obra que os serviços de terraplanagem já estavam praticamente concluídos e que o próximo passo seria uma mudança na Rua Jacuí, para possibilitar a junção dos três grandes terrenos que ainda permaneciam separados por trechos viários. Sete meses depois, a barreira física para o avanço das intervenções permanece.
Naquela época, Lacerda destacou que o prazo de um ano e meio de construção começou a contar a partir do momento que o terreno foi entregue ao consórcio SPE Terminal (29 de janeiro de 2016), após longa batalha judicial para desapropriações na área. “O contrato prevê um prazo de 18 meses após a entrega do terreno. A prefeitura investiu mais de R$ 40 milhões em desapropriações e remoções, com 287 construções, e isso levou muito mais tempo do que esperávamos. Inclusive, temos três (casos) ainda na Justiça após a liberação do terreno”, disse Lacerda, em agosto de 2016.
A partir daí, passou a ser responsabilidade da empresa a aplicação de R$ 85 milhões na construção do prédio da rodoviária e mais R$ 6,5 milhões no sistema viário do entorno, sob pena de multa em caso de descumprimento. Procurada pela reportagem, a BHTrans, gestora da obra, informou apenas que está avaliando o caso e que, com a desativação do terminal da Estação José Cândido da Silveira, vai continuar fazendo operações para garantir a fluidez do trânsito e o conforto dos usuários no acesso à rodoviária do Centro. A assessoria central da prefeitura apenas reiterou a informação. O EM tentou contato com o SPE Terminal, mas a assessoria de imprensa da Socicam, uma das empresas do grupo, informou que todos os dados sobre a obra estão concentrados na BHTrans.
ENQUANTO ISSO...
...Plano ainda é integrar velho terminal ao Move
Em nota, a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), atual administradora da rodoviária da área central, informou que o projeto da construção da nova rodoviária de Belo Horizonte, bem como sua execução, estão sob a responsabilidade da prefeitura. “A proposta do Governo de Minas Gerais é que, após a inauguração do novo terminal, sejam realizadas obras para adequação do funcionamento do Tergip (Terminal Rodoviário Governador Israel Pinheiro) em Terminal Metropolitano, integrado às estações do Move”, diz o comunicado.