Câmara dos Deputados discute degradação das veredas no cerrado brasileiro

Assunto foi tema de série de reportagens do Estado de Minas no ano passado, quando a obra Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, chegou a 60 anos

Luiz Ribeiro

Área de vereda destruída pelo fogo na Serra do Cabral: especialistas alertam que danos podem ser irreversíveis - Foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A PRESS - 14/10/2016

A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS) da Câmara dos Deputados realizou na tarde de ontem, em Brasília, audiência pública para discutir a degradação das veredas no cerrado brasileiro. O problema foi tema de reportagens publicadas pelo Estado de Minas em 2016, quando a obra Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, completou 60 anos.

Participaram da audiência, requerida pelo deputado Zé Silva (SD-MG), especialistas do setor hídrico e pesquisadores. O coordenador da área técnica de manejo de bacias da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), Maurício Roberto Ferreira, alertou para a necessidade de ações para manutenção das veredas. “As veredas são um ecossistema muito frágil e a regeneração é lenta. Os danos causados podem ser irreversíveis”, assinalou.


Já a professora Maria das Dores Veloso, do Departamento de Biologia da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), falou sobre as ações feitas para recuperação das nascentes. Ela apresentou o projeto “Vereda Viva”, implementado pela universidade em parceria com o Ministério Público Federal (MPF), que levanta os danos causados nas veredas na região de Bonito de Minas, onde está situado o pantanal mineiro do Rio Pandeiro, importante berçário de peixes do Rio São Francisco.

Recuperação “Por causa dos impactos nas veredas, o pantanal mineiro sofreu uma grande redução de suas áreas alagadas nos últimos anos”, apontou. A pesquisadora disse ainda que é preciso liberar mais recursos para investimentos na recuperação das nascentes. O deputado Zé Silva sugeriu a ela a preparação de projeto para captação de verbas.


Também convidado, o repórter do EM Luiz Ribeiro fez um relato sobre a situação encontrada nas veredas e sobre os problemas enfrentados por moradores do norte- mineiro com o secamento de rios e córregos.

Ribeiro destacou agressões como desmatamento, assoreamento, construção de estradas sem planejamento, pisoteio de gado e queimadas. “Diante da situação do quadro encontrado, se não forem tomadas providências urgentes os problemas vão se agravar mais, tendo como grande prejudicado o Rio São Francisco”, ressaltou.

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