Obras de reforço começam no casarão da Rua Manaus, no Santa Efigênia

Intervenções são primeira etapa do projeto de revitalização proposto por coletivos de Belo Horizonte para o imóvel que sedia a ocupação Espaço Luiz Estrela, desde 2013

Valquiria Lopes

- Foto: Beto Novaes EM DA Press

O casarão da Rua Manaus, 348, no Bairro Santa Efigênia, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, cedido em dezembro de 2013 a integrantes da ocupação Espaço Luiz Estrela, já está em obras para começar a ser revitalizado. No imóvel, que é tombado pelo patrimônio histórico, estão em andamento desde segunda-feira as primeiras intervenções para sanar os danos causados pela ação do tempo. Esta etapa inclui reforço nas estruturas de sustentação do telhado e da laje – atualmente deteriorados – que têm causado sobrepeso nas paredes.

Os trabalhos iniciais também vão abrir as portas do casarão para a implantação do projeto de restauração elaborado por arquitetos, urbanistas e historiadores membros do Coletivo Luiz Estrela. O projeto tem o aval da Diretoria de Patrimônio da Fundação Municipal de Cultura e terá, a princípio, um aporte aprovado no Fundo Estadual de Cultura no valor de R$ 89 mil – para o início da obra emergencial de reforço da estrutura. Essa fase exigirá ainda mais R$ 150 mil e o custo final da obra é estimado em R$ 1,56 milhão.


Nesta quarta-feira, o coletivo lançou uma campanha na internet com o objetivo de arrecadar recursos para a execução da obra, por meio de financiamento único ou contribuição mensal. As informações para participar da ação podem ser obtidas na página www.evoecultural.com/luizestrela.

Os integrantes da ocupação Espaço Luiz Estrela se mantêm no imóvel desde outubro de 2013.

Em dezembro do mesmo ano, eles conseguiram a concessão do imóvel em acordo feito com representantes do governo de Minas e Ministério Público. A cessão de uso é válida pelo período de 20 anos.

De acordo arquiteta e urbanista Priscila Mesquita Musa, integrante do coletivo Luiz Estrela e responsável pelo projeto de restauração, o espaço comum surgiu da ideia de reunir é um local vários e diferentes coletivos para realização cotidiana de atividades culturais e políticas que envolvem o exercício da cidadania, a proteção do patrimônio histórico, a defesa dos direitos humanos, as práticas econômicas solidárias e a participação popular.

A revitalização do imóvel, segundo ela, seguirá a quatro diretrizes. “A primeira visa à manutenção da memória da cidade, com permanência de alguns elementos estéticos, como trincas, pinturas e marcas de mofo, que funcionam também como uma denúncia da história que abandono pela qual o casarão passou”, explica Priscila.

Ela destaca ainda que o projeto foi elaborado com uma proposta de menor custo possível; execução do trabalho pelos próprios membros dos coletivos; além de priorizar a mutabilidade dos espaços, ou seja, eles não terão definição fixa de uso. “Assim como os coletivos são mutáveis na cidade, o espaço quer manter essa peculiaridade. Então, haverá uma sala ampla, para eventos múltiplos e assembleias, e outras salas menores para oficinas variadas”, afirma.

HISTÓRIA

O casarão da Rua Manaus pertence à Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), mas estava cedido à Fundação Educacional Lucas Machado (Feluma) desde o mês de julho de 2013. A edificação pertence ao Conjunto Arquitetônico da Praça Floriano Peixoto.

O prédio sediou o Hospital Militar no período de 1914 a 1947. Em seguida, funcionou como Hospital de Neuropsiquiatria Infantil, até 1980; e nos anos seguintes, até a década de 1990, foi sede de um centro psicopedagógico. O prédio tem estilo arquitetônico eclético, marcado pela mistura de elementos da arquitetura clássica e é um dos poucos desse estilo, no Bairro Santa Efigênia.

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