Os trabalhos iniciais também vão abrir as portas do casarão para a implantação do projeto de restauração elaborado por arquitetos, urbanistas e historiadores membros do Coletivo Luiz Estrela. O projeto tem o aval da Diretoria de Patrimônio da Fundação Municipal de Cultura e terá, a princípio, um aporte aprovado no Fundo Estadual de Cultura no valor de R$ 89 mil – para o início da obra emergencial de reforço da estrutura. Essa fase exigirá ainda mais R$ 150 mil e o custo final da obra é estimado em R$ 1,56 milhão.
Os integrantes da ocupação Espaço Luiz Estrela se mantêm no imóvel desde outubro de 2013. Em dezembro do mesmo ano, eles conseguiram a concessão do imóvel em acordo feito com representantes do governo de Minas e Ministério Público. A cessão de uso é válida pelo período de 20 anos.
De acordo arquiteta e urbanista Priscila Mesquita Musa, integrante do coletivo Luiz Estrela e responsável pelo projeto de restauração, o espaço comum surgiu da ideia de reunir é um local vários e diferentes coletivos para realização cotidiana de atividades culturais e políticas que envolvem o exercício da cidadania, a proteção do patrimônio histórico, a defesa dos direitos humanos, as práticas econômicas solidárias e a participação popular.
A revitalização do imóvel, segundo ela, seguirá a quatro diretrizes. “A primeira visa à manutenção da memória da cidade, com permanência de alguns elementos estéticos, como trincas, pinturas e marcas de mofo, que funcionam também como uma denúncia da história que abandono pela qual o casarão passou”, explica Priscila.
Ela destaca ainda que o projeto foi elaborado com uma proposta de menor custo possível; execução do trabalho pelos próprios membros dos coletivos; além de priorizar a mutabilidade dos espaços, ou seja, eles não terão definição fixa de uso. “Assim como os coletivos são mutáveis na cidade, o espaço quer manter essa peculiaridade. Então, haverá uma sala ampla, para eventos múltiplos e assembleias, e outras salas menores para oficinas variadas”, afirma.
HISTÓRIA
O casarão da Rua Manaus pertence à Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), mas estava cedido à Fundação Educacional Lucas Machado (Feluma) desde o mês de julho de 2013. A edificação pertence ao Conjunto Arquitetônico da Praça Floriano Peixoto.
O prédio sediou o Hospital Militar no período de 1914 a 1947. Em seguida, funcionou como Hospital de Neuropsiquiatria Infantil, até 1980; e nos anos seguintes, até a década de 1990, foi sede de um centro psicopedagógico. O prédio tem estilo arquitetônico eclético, marcado pela mistura de elementos da arquitetura clássica e é um dos poucos desse estilo, no Bairro Santa Efigênia.