Estudos avaliam que a combinação de sono e volante é responsável por milhares de acidentes de trânsito no país a cada ano. Em 2015, segundo balanço da Polícia Rodoviária Federal (PRF), a trágica mistura foi a causa presumível de 4.056 desastres nas estradas. Diante disso, a pedido da corporação, um professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), criou o sonômetro, equipamento que mede a fadiga e a sonolência de condutores e será testado, na manhã de hoje, na movimentada Fernão Dias, que liga Belo Horizonte a São Paulo.
A estratégia é alertar eventuais condutores que não estarão aptos a seguir a viagem naquele estado. A ação contará com parceria da PRF. “A corporação fará a intervenção com motoristas e nós os convidaremos a participar da avaliação. Subirão na plataforma de força e vamos ver o equilíbrio. Calcularemos a fadiga e o risco de acidente para cada um”, disse Marco Túlio.
Ele conta que, há aproximadamente 12 anos, um médico da PRF o fez um desafio: “Ele me disse mais ou menos assim: ‘Temos o bafômetro, mas não temos um sonômetro’. Diante disso, começamos a desenvolver o trabalho”. O professor explica que, à medida que um indivíduo “vai ficando acordado, o desequilíbrio dele aumenta”. E acrescenta: “Há estudos que mostram que, se a pessoa ficar 19 horas acordada, é como se ela estivesse bêbada para dirigir. É batata. Fica muito desequilibrada”.
O estudo, porém, tem uma limitação que está prestes a ser sanada. O resultado ideal é que o condutor seja avaliado duas vezes, numa espécie de “o antes e o depois”. Mas não há como pedir ao motorista que trafega na Fernão Dias que fique para o teste. Diante disso, daqui a algumas semanas, a ideia é fazer um grande teste com aproximadamente 3 mil pessoas.
“Será a segunda fase. Com várias pessoas, poderemos tirar uma curva de graus, uma normalidade, um resultado mais aplicável à população. Quando isso ocorrer, poderemos fazer apenas um teste (para saber o resultado sem a necessidade de dois exames)”, completou Marco Túlio. Ele e sua equipe testam constantemente o aparelho na UFMG.
O professor vai aproveitar uma viagem a Brasília, no fim de abril, e tentar se reunir com diretores da PRF. Sua intenção é retornar á capital mineira com a possibilidade de uma data disponível para a realização dos testes na multidão em torno de 3 mil motoristas.
FISCALIZAÇÃO Enquanto isso, quem trafega pelas estradas do país devem ter a consciência de que a sonolência e a fadiga podem ser passaportes para acidentes. Neste feriado prolongado, a PRF vai aumentar o reforço nas BRs que cortam Minas Gerais, estado com a maior malha viária do país. Serão 950 agentes atuando exclusivamente nas fiscalizações das BRs.
A missão deles é impedir desastres e, caso ocorra tragédias, conseguir respostas rápidas aos acidentados, além de garantir a liberação das estradas. Para isso, vão combater as principais causas de acidente: excesso de velocidade, ultrapassagens proibidas, embriaguez ao volante, trânsito no acostamento e, claro, evitar a combinação sono e volante.
Os policiais terão o reforço de agentes de outros estados. Um helicóptero, 31 radares móveis e 150 bafômetros vão ser usados na operação. Parte da estratégia será a realizar rondas ostensivas. Viaturas estarão posicionadas nos chamados pontos críticos.
Assim como em outros feriados, o trânsito de veículos pesados terá restrição nas rodovias de pista simples na Sexta-feira da Paixão. Carretas e caminhões que necessitam de autorização especial de trânsito (cegonheiras carregadas, bitrens, rodotrens, treminhões e veículos com cargas excedentes) não poderão rodar nos seguintes dias e horários: hoje, das 16h às 22h; amanhã, das 6 às 12h; domingo, das 16h às 22h. O infrator será multado em R$ 130,16 e ganhará quatro pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O veículo será o veículo retido.