Game mortal

Adolescente mineiro é vítima do Baleia Azul, o jogo do suicídio

Rapaz de 19 anos morador de Pará de Minas já tinha tentado sair do grupo do Baleia Azul que incentiva as pessoas a tirarem a própria vida, mas se matou por overdose de medicamentos na quarta-feira (12)

Mateus Parreiras

Imagem da baleia azul é utilizada como código para o jogo do suicídio - Foto: Reprodução/Facebook


A morte de um adolescente de 19 anos de Pará de Minas, na Região Central do estado é investigada pela Polícia Civil; ele seria a primeira vítima mineira de um jogo internacional de desafios que levam seus participantes ao suicídio. Chamado Baleia Azul, esse game de origem russa começa por meio de contatos com grupos secretos do Facebook e culmina com um administrador repassando 50 desafios de graus variáveis de dificuldade, sendo a última tarefa a pessoa dar cabo da própria vida.


Gabriel Antônio dos Santos Cabral tinha mulher e uma filha de apenas 40 dias e segundo sua mãe, Maria de Fátima Santos, de 37, vinha tentando deixar esse grupo, mas sofria uma pressão muito grande e nos últimos dias vinha agindo de forma estranha. O corpo dele foi encontrado pela mulher sobre a cama do casal, depois que ela voltou do pernoite na casa da mãe, nesta quarta-feira. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros foram acionados e os socorristas encontraram cinco cartelas vazias de um antidepressivo. Estima-se que o rapaz tenha ingerido dezenas desses comprimidos na noite anterior. O caso está sendo investigado na Delegacia Regional de Pará de Minas, onde o telefone celular da vítima está sendo periciado.

De acordo com a Polícia Civil, o grupo que Gabriel participava está sendo investigado e foram encontrados participantes de todos os estados do Brasil com idades entre 10 e 20 anos. Gabriel foi enterrado nesta manhã sob muita comoção. Uma de suas irmãs chegou a desmaiar.

Na família todos comentavam não esperar por esse tipo de desfecho, comentando que o rapaz era trabalhador, pagava as próprias contas de aluguel e da casa e estava planejando uma festa de aniversário para a filha, no fim deste ano.

A mãe conta que só soube sobre o jogo no último domingo (9), quando o próprio filho a contou sobre sua participação. “Pedi a ele para sair disso. Que isso era coisa do diabo, de quem tem pacto com o demônio e está coletando as almas dos outros. Ele disse que tentava sair, mas que as pessoas do grupo adicionavam ele de volta, atormentavam meu filho, ele não sabia mais o que fazer”, relata Maria de Fátima.

Segundo a mãe contou à polícia, o jovem disse que já tinha cumprido alguns desafios, como tirar uma fotografia assistindo a um filme de terror, filmar a ele mesmo no alto de um edifício e chegou a se cortar tentando desenhar uma baleia no braço com uma lâmina de barbear quebrada, desafio que não terminou. O remédio que ele tomou era uma prescrição médica para a insônia e a enxaqueca que o afligiam, segundo a mãe. “Ele tinha dificuldades para dormir e dores de cabeça, enxaquecas. O médico tinha prescrito e ele tomou tudo”, conta.

 

Como funciona - O jogo tem um curador ou moderador que distribui os desafios a partir de um grupo secreto onde os contatos são inciados pelo Facebook. Entre os desafios estão provas mórbidas que de certa forma preparam os participantes para o suicídio.

São desafios típicos, por exemplo: escrever frases e fazer desenhos com lâminas na palma da mão e nos braços, assistir a filmes de terror de madrugada, subir no alto de um telhado ou edifício, escutar músicas depressivas, mutilar partes do corpo - como os lábios -, ficar doente, ir a uma estrada de ferro de madrugada, receber e aceitar uma data para a sua morte e cumprir essa missão. 

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