Enquanto ainda são aguardadas ações não definidas para tratar da lama que se acumulou no fundo dos rios e nas margens dos mananciais atingidos pelo rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, a Fundação Renova, instituída pela Samarco em acordo com o poder público, realiza monitoramentos periódicos da qualidade da água. De acordo com o último relatório da fundação, as 35 análises de março feitas nos três rios (Gualaxo do Norte, do Carmo e Doce), apresentaram 10 resultados acima do limite de turbidez – transparência da água devido à dissolução de sólidos –, todos em Minas Gerais. A legislação estabelecida pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), determina a unidade NTU como parâmetro para avaliação da turbidez, sendo 100 o limite tolerado nos corpos d’água como os da Bacia do Rio Doce, que eram considerados de classe 2 antes do acidente.
O rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, ocorreu em 5 de novembro de 2015 e de acordo com o Ibama despejou 40 milhões de metros cúbicos de lama e rejeitos, matando 19 pessoas e produzindo o pior desastre socioambiental do país. Segundo o órgão ambiental, a área total afetada chega a dois mil hectares, sendo que 102 quilômetros dos Córrego Santarém e dos rios Gualaxo do Norte, do Carmo e Doce tiveram suas margens destruídas. Outros 120 córregos, ribeirões e cursos d’água foram contaminados ou soterrados.
Segundo a Fundação Renova declarou em audiência pública com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH-Doce), a recuperação de 5 mil nascentes já foi iniciada, prevista para os próximos 10 anos. Serão 500 nascentes recuperadas a cada ano, por meio de uma parceria com o Instituto Terra e o CBH-Doce. Também foram feitas coletas de amostras de água em 115 pontos do Rio Doce, afluentes e do mar. Diariamente são feitas análises da turbidez do rio em 26 pontos distintos.