De 2014 até hoje foram 98 mortes em batidas, capotamentos e atropelamentos, 2.893 pessoas feridas e 6.005 acidentes, segundo dados da Polícia Militar Rodoviária (PMRv). Só neste ano morreram sete pessoas.
O projeto de modernização e ampliação do Anel Rodoviário foi anunciado em meados de 2011. A via é uma sobreposição das BRs 040, 262, 356 e 381 e por isso é de responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit). Contudo, o projeto lançado em 2011 previa uma parceria com a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), que deveria entregar um plano executivo em um ano e depois licitar a obra. A previsão é que levaria mais dois anos e ao todo seriam gastos cerca de R$ 1 bilhão. Entre as melhorias estão a abertura de gargalos, como os estreitamentos em pontes e viadutos férreos onde o tráfego se concentra e com isso os riscos de acidentes. Áreas de escape para veículos desgovernados seriam abertas, mais sinalização e monitoramento por radar também estavam previstos, assim como espaços reservados para caminhões de reboque usados para desimpedir a rodovia em caso de batidas.
Para o tenente Geraldo Donizete, militar da PMRv, certamente menos pessoas teriam perdido suas vidas se a reforma tivesse sido feita quando prometida. “Teríamos, por exemplo, áreas de escape com amortecedores de pelotas de cerâmica. Os caminhões sem controle que fizeram os últimos graves acidentes, por exemplo, poderiam ingressar nesses espaços, sendo desacelerados e não ferindo ninguém no processo”, afirma.
PASSARELAS As péssimas condições de conservação da passarela que liga o Bairro Palmeiras à Vila Bernadete, próximo à subestação da Cemig, têm feito muitas pessoas evitarem essa travessia e se arriscar na pista. “Um caminhão bateu aqui e depois disso a passarela tem só se entortado. Quando passam caminhões aqui ela treme, balança toda. Já vi uma vizinha ficar paralisada de medo, chorando, porque achava que a passarela ia cair”, conta Efigênia Fontes, de 40. A passarela se encontra com o concreto degradado ao ponto de um buraco ter sido aberto e ser possível enxergar os carros passando pelo rombo. As ferragens da estrutura já estão visíveis, muitas delas enferrujadas. O deslocamento de ar da passagem dos veículos faz com que a estrutura balance. Quem se apoia na grade de proteção sente que ela não está bem fixa.
De acordo com a Setop, o projeto de readequação do Anel Rodoviário foi concluído e entregue ao Dnit em dezembro do ano passado. Outra obra que poderia remover grande parte do tráfego que hoje circula na via é o Rodoanel, cujo trecho norte seria de responsabilidade do estado. “O Rodoanel Norte teve a licitação anulada. O valor do empreendimento licitado na modalidade PPP foi considerado incompatível com a disponibilidade orçamentária e financeira do estado e no momento não há nenhum projeto sobre este empreendimento em análise nesta secretaria”, informou a Setop.
Edital para obras sai em maio, diz Dnit
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) informou que o “plano de melhorias com intervenções pontuais está de pé”. De acordo com o departamento, está sendo elaborado um edital para o projeto executivo que definirá as obras para melhoria no Anel Rodoviário de Belo Horizonte. A previsão é de que o edital seja lançado até o final de maio.
Por sua vez, a Concessionária Via-040, que administra parte do Anel Rodoviário, entre os Bairros Olhos D’Água e Califórnia, informou que não está prevista no contrato celebrado com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) a realização de obras de ampliação e expansão da capacidade das pistas e de duplicação de pontes e viadutos. “À concessionária cabe a gestão dos serviços de recuperação e manutenção da rodovia, bem como a oferta de serviços de atendimento médico de emergência e socorro mecânico”.
Quanto aos radares, já instalados, a Via 040 aguarda a homologação por parte dos órgãos responsáveis pela fiscalização da rodovia. A passarela entre os bairros Vila Bernadete e Palmeiras não consta como parte dos bens arrolados pela concessão, cabendo sua manutenção à Prefeitura de Belo Horizonte. (MP).