Mesmo com segurança eletrônica, escolas de BH são alvos e crimes em série

Menos de um ano após adotar proteção eletrônica, escolas municipais de BH são alvo de crimes. A maioria foi depredada, mas algumas também tiveram materiais roubados na semana santa.

Landercy Hemerson
Na Escola Municipal Francisca de Paula, no Bairro Cinquentenário, uma das cinco atacadas na Região Oeste da capital, comunidade denuncia proteção frágil - Foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press
Pelo menos seis escolas da rede pública municipal de Belo Horizonte foram arrombadas durante o feriado da semana santa. Além de atos de vandalismo, houve furtos de notebooks e outros equipamentos eletroeletrônicos. A mais visada foi a Região Oeste da capital, onde criminosos atacaram cinco estabelecimentos: as escolas municipais Mestre Ataíde, Francisca de Paula, Tenente Manoel Magalhães Penido, Hugo Werneck e Professora Efigênia Vidigal. Foi ainda invadida, no Barreiro, a Escola Municipal Pedro Aleixo. Os arrombamentos ocorrem menos de um ano após a demissão de cerca de 500 guardas patrimoniais que atuavam na vigilância das escolas e foram substituídos por sistemas de proteção eletrônica. No início do ano, a prefeitura da capital teria recontratado vigias para atuar em 50 unidades.

A substituição da vigilância presencial por equipamentos eletrônicos, anunciada pelo então prefeito Márcio Lacerda em maio de 2016, foi alvo de críticas imediatas em comunidades escolares, que temiam uma sucessão de ataques de vândalos e ladrões. Na Escola Francisca de Paula, a auxiliar de serviços gerais Aparecida Andrade, de 42 anos, lamenta a adoção da segurança eletrônica.
“Depois que tiraram os vigias, aumentou muito a violência na escola. É a segunda vez em menos de um ano que esse tipo de invasão acontece. Eu trabalho o dia inteiro e meus filhos ficam aqui em tempo integral. Temos que melhorar a segurança para as nossas crianças”, ressaltou.

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Municipal (SindRede-BH) denuncia que não houve licitação para a escolha da empresa de vigilância de segurança eletrônica. “Houve uma escolha interna da Secretaria de Educação. Porém, durante a campanha do Kalil, ele prometeu que voltaria integralmente com os vigias”, afirma Wanderson Rocha, diretor da entidade de classe.

Em fevereiro, o SindRede informou que o prefeito anunciou a volta de seguranças em escolas municipais e Umeis que tivessem sofrido com vandalismo e invasões. De acordo com o sindicato, pelo menos 80 unidades de educação, desde a adoção do sistema eletrônico, foram alvo de depredação, roubo e furto, entre agosto de 2016 e o mês passado. A instituição sustenta não ter dados sobre invasões em períodos anteriores.

O sistema de segurança eletrônica, conforme o Sind -Rede, funciona a partir das 22h, por meio de câmeras de vigilância e com monitoramento de quatro motoqueiros. Somente às 6h chega a cada unidade um porteiro. “A segurança eletrônica deveria ser complementar ao trabalho do vigia. Os motoqueiros não conseguem monitorar 300 escolas”, aponta Wanderson Rocha. O sindicalista lembra ainda que maioria dos vigilantes eram moradores da comunidade e, por isso, conheciam a vizinhança e tinham um vínculo com quem trabalha em cada escola.

A Secretaria Municipal de Educação informou, por meio de nota, que solicitou uma reunião com a Guarda Municipal para avaliar a situação. De acordo com a pasta, nas cinco escolas invadidas na Regional Oeste, o modo de agir dos arrombadores foi semelhante, com pichações e vandalismo nas instalações, o que sugere que um mesmo grupo é responsável pelos ataques.
O comunicado acrescenta que o serviço de inteligência da Guarda já está em articulação com outros órgãos de segurança para monitorar a situação e identificar os responsáveis. A corporação também vai estudar um aumento no contingente para monitoramento de unidades escolares.

De acordo com o major Flávio Santiago, chefe da Sala de Imprensa da Polícia Militar, a corporação tem atuado junto às instituições da rede pública de ensino por meio da Patrulha Escolar, em busca de aproximação com a comunidade para aumentar o nível de segurança nas escolas. Segundo ele, as unidades da PM que têm escolas em suas subáreas fazem contatos visando a apoiar as ações da Guarda Municipal.
Na Mestre Ataíde, no Bairro Betânia, marcas de destruição aparecem já na placa de identificação. PBH convoca Guarda Municipal para reforçar vigilância - Foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press
DEPREDAÇÕES Segundo a Secretaria Municipal de Educação, na maioria das escolas invadidas durante o feriado a ocorrência foi de vandalismo, sem observação de furto de materiais. O maior prejuízo foi verificado na Escola Municipal Professora Efigênia Vidigal, a primeira a ser atacada, na qual foram furtados aparelhos eletrônicos. As unidades de onde foram levados equipamentos estão providenciando levantamento do material furtado, uma vez que a empresa de segurança é responsável pela reposição por meio de seguro patrimonial.

Com relação às demissões dos vigias noturnos, a Secretaria de Educação informou que “a decisão de retirá-los das escolas foi tomada pela gestão anterior e a secretaria já autorizou que 50 escolas contratem vigilância humana este ano”. De acordo com a nota, a lista de unidades contempladas foi definida de acordo com o número de ocorrências registradas em cada uma. A atuação desses profissionais será avaliada ao longo do ano. “Vale ressaltar que a presença dos vigias é uma estratégia a ser analisada de acordo com a realidade de cada escola, sempre em sintonia com outras ações de segurança desenvolvidas em torno da instituição”, concluiu o texto.

OS ALVOS DO VANDALISMO

Regional Oeste


» Escola Municipal Mestre Ataíde
» EM Francisca de Paula
» EM Tenente Manoel Magalhães Penido
» EM Hugo Werneck
» EM Professora Efigênia Vidigal

Regional Barreiro

» EM Pedro Aleixo

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