Uma das testemunhas ouvidas durante a investigação da morte de Gabriel afirmou à polícia que ele teria resistido a entregar o celular, ocorrendo até princípio de luta corporal entre ele e um dos assaltantes. Nesse momento, o segundo criminoso desceu de uma moto e atirou no peito do jovem. Ontem, a Polícia Civil apresentou os dois maiores de idade acusados pelo latrocínio. Um jovem de 17 anos também foi apreendido. Os três têm uma longa ficha policial.
Um dos dois maiores, Roberth Martins da Silva, de 20 anos, era, inclusive, foragido da Justiça após uma saída temporária para passar o Natal de 2016 em casa, enquanto cumpria pena de nove anos por um roubo em 2015.
O terceiro envolvido no caso, de 17 anos, foi detido logo depois de roubar, à mão armada, uma carga de carne suína no Anel Rodoviário de Belo Horizonte, em 8 de março. Os três ostentavam roupas de marca e frequentavam festas de luxo com o dinheiro proveniente de roubos. “Essa vida que eles estavam levando era às custas do celular da empregada doméstica no ponto de ônibus, do frentista, do operário de obra, da senhora que está fazendo uma caminhada, do rapaz indo para a escola. E são jovens, com toda a capacidade física e rigidez mental para o trabalho”, diz Emerson Morais.
ENTENDA O CASO Segundo a Polícia Civil, o trio nem chegou a levar o celular de Gabriel. O delegado explicou que os três estavam em duas motos, sendo o menor sozinho em uma delas dando cobertura. Eles seguiram em 6 de fevereiro pela Rua Ilha da Malta à procura de uma oportunidade de assalto. Roberth e Marcos Flávio observaram Gabriel andando pela rua e mexendo no celular, quando o abordaram. Ele havia saído de uma quadra de futebol e se dirigia à casa de um amigo e teria reagido, tomando um tiro. Graças a informações repassadas pelo 181, a polícia conseguiu localizar os suspeitos e começou a remontar o caso.
“O menor apontou os dois como autores do disparo e os dois jogaram a responsabilidade no menor. Mas os álibis que eles construíram foram derrubados pela investigação”, afirma o delegado. Roberth e Marcos Flávio negaram o crime, mas podem pegar de 20 a 30 anos de cadeia pelo crime de latrocínio. O adolescente pode ficar até três anos internado.
O delegado Matheus Cobucci, chefe da Divisão de Crimes contra a Vida, reitera a importância de manter a calma e não reagir a um roubo, pois tentar preservar um bem pode custar a vida no momento em que os bandidos estão exaltados pela situação em si, mas também por uso de drogas e álcool.