Boato de morte de crianças pelo jogo Baleia Azul assusta Ipanema, em Minas

Mensagem no WhatsApp dizia que jovem daria balas envenenadas para crianças de três escolas da cidade. PM desmente boato e segurança nas escolas foi reforçada

Cristiane Silva
Ipanema fica no Vale do Rio Doce e tem pouco mais de 18 mil habitantes - Foto: Prefeitura de Ipanema/Divulgação
Um boato envolvendo o jogo Baleia Azul, que incentiva o suicídio, assustou moradores de Ipanema, no Vale do Rio Doce, nessa terça-feira. Uma mensagem, que começou a circular pelo WhatsApp, dizia que um participante do desafio estava pronto para envenenar crianças de três escolas do município, que tem pouco mais de 18 mil habitantes. O episódio mobilizou a Polícia Militar (PM) e as diretorias das instituições. A corporação afirma que o conteúdo é falso.

No texto, que se espalhou por várias cidades, um homem  se identifica como morador de Ipanema, diz que está na décima tarefa das 50 relacionadas ao jogo, e que esta seria distribuir balas envenenadas  para 30 crianças de três escolas da cidade. “Peço desculpas às mães, mas tenho que cumprir ou eles vem atrás de mim. Sinto muito pelos filhos de vocês. Desafio aceito”, diz a mensagem, que começou a circular no início das aulas do período vespertino na cidade.

Segundo a polícia, há mais versões da mensagem circulando, com outras cidades e outras escolas - Foto: Reprodução internet/WhatsApp

“No horário em que saiu essa mensagem o 190 aqui disparou”, explica o comandante do Pelotão da Polícia Militar de Ipanema, tenente Bruno de Miranda Fernandes.
“Mães, todo mundo preocupado, mas pelo que a gente levantou é spam mesmo. Essa mensagem está se espalhando por outras cidades, só muda o nome da cidade e escolas”, explica. O militar disse ter recebido uma versão do texto sobre Caratinga. Além disso, o 10º desafio que aparece na mensagem não é um dos que consta na lista.

Policiais militares foram até as escolas para orientar diretores, professores e alunos. “Em todas as escolas citadas, além das outras, diretores e professores foram orientados, foram em sala, falaram com os alunos sobre a situação, até para minimizar o impacto da informação falsa”, disse o tenente. Ainda de acordo com o comandante do pelotão, ainda ontem, os policiais reforçaram a ronda nas portas das escolas e foram a até a rádio local para tranquilizar a população. “É um boato”, enfatiza.

O diretor da Escola Estadual Nilo Morais Pinheiro, Robson Nogueira, disse que assim que as mensagens começaram, todas as providências cabíveis foram tomadas. “Assim que ficamos sabendo da repercussão, por volta das 13h30, nós nos reunimos com especialistas, equipe pedagógica. Fomos de sala em sala orientando professores e alunos a não receber objetos estranhos, como balas e doces, e contatamos as autoridades”, detalha. “Nós temos um sistema de monitoramento muito bom que nos ajuda com a segurança, reforçamos a segurança do portão e os pais começaram a nos ligar. Acho que tomamos atitudes bem antes de muitos pais tomarem conhecimento, falamos o que podíamos fazer.
Poucos pais preferiram vir na escola buscar os filhos (antes do fim das aulas), mas os outros ficaram satisfeitos com atitude tomamos”, detalha.

A escola Nilo Morais tem 74 anos e atualmente atende cerca de 800 alunos, todos do ensino fundamental. As aulas não foram interrompidas. Não houve registro de boletim de ocorrência. “Está tudo muito tranquilo. Achamos que não tenha passado de boatos. Tivemos possibilidade ontem de conversar com o delegado, ele disse que conhecia o fato (das mensagens), mas é até difícil descobrir a origem”, diz o diretor. Apesar disso, ele garante que a atenção vai continuar redobrada nos próximos dias.

A cidade não tem notícias de moradores envolvidos no jogo. A Polícia Civil da cidade também informou que não há ocorrências, segundo a assessoria de imprensa da corporação.
Ainda de acordo com Robson Nogueira, desde que os casos relacionados ao game começaram a ser divulgados na imprensa, professores e pedagogas abordaram o assunto em sala de aula, fazendo um trabalho de prevenção.

Baleia Azul será tema de audiência na ALMG


Os perigos do desafio da Balea Azul serão tema de uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O requerimento foi feito pelo deputado João Leite (PSDB) e aprovado na terça-feira em reunião da Comissão de Participação Popular. A discussão será realizada em conjunto com as comissões de Segurança Pública e de Educação, Ciência e Tecnologia. Segundo o deputado, dados da Secretaria de Estado de Saúde mostram que o número de jovens entre 15 e 19 anos que tentaram se matar em Minas cresceu 15 vezes de 2010 a 2016. A data da reunião ainda será marcada. .