A nuvem escura de fumaça que manchou o céu de Belo Horizonte deu a dimensão da gravidade do incêndio. Um quarteirão inteiro foi interditado para o combate às labaredas no galpão localizado na Rua Major Delfino de Paula. No chão, o óleo tomou conta da via – que segue fechada na manhã desta segunda-feira. A fiação elétrica também foi muito prejudicada.
O imóvel ficou completamente destruído e o fogo se espalhou para dois galpões vizinhos, além de ameaçar residências e outros galpões. "Chegamos no local oito minutos após o Batalhão do Corpo de Bombeiros ter sido acionado. Primeiramente, foi feito isolamento da área e a retirada das pessoas.
A corporação ainda afirmou que, no momento, está sendo feita a remoção do material danificado para que seja eliminada qualquer possibilidade de um novo incêndio. "O próximo passo é o resfriamento para que, em seguida, a Defesa Civil comece o seu trabalho", afirma. Uma operação montada por forças de segurança da capital levou pelo menos 17 viaturas e 61 militares do Corpo de Bombeiros ao local. As chamas começaram às 13h30 e só foram controladas por volta das 19h, quando o trabalho de rescaldo para evitar novos focos teve início.
Técnicos da Defesa Civil são esperados hoje para avaliar as condições de risco nas edificações, bem como a possibilidade de retorno dos moradores às suas casas. "Dependemos que o trabalho do Corpo de Bombeiros e da perícia seja concluído para que a Defesa Civil faça a vistoria", afirma o técnico Marcelo Costa, da Defesa Civil. A corporação ainda informa que a corporação acompanhou representantes de um dos galpões atingindos para a retirarada de alguns pertences pessoais. Os danos ainda não foram apontados. "Agilizamos o processo para que a empresa não fique prejudicada e consiga retirar o necessário para tentar atuar em outro lugar", disse.
Veja imagens do dia seguinte ao incêndio
Até o fim da tarde já haviam sido usados pelos bombeiros cerca de 200 mil litros de água e 600 litros de líquido gerador de espuma, concentrado específico para conter a queima de combustíveis. Por causa da intensidade das chamas, famílias desesperadas tiveram que ser retiradas às pressas de suas casas, levando para a rua móveis, eletrodomésticos, documentos, animais de estimação e o que mais fosse possível. Comerciantes e empresários, donos de lojas e galpões de armazenamento no entorno também chegaram, avisados por vizinhos ou informados pelo noticiário, para conferir se o fogo havia chegado aos seus estabelecimentos. Alguns tiveram que retirar mercadorias às pressas e ainda se proteger de tentativas de saque.
Visivelmente nervosos, temiam pelo avanço das chamas e, consequentemente, por prejuízo. Em meio ao pânico, moradores relatavam a situação de perigo a que estão constantemente expostos, por serem vizinhos de galpões onde são armazenados produtos inflamáveis, como óleo, borracha, papel e plástico.
O trânsito foi interditado no quarteirão da Rua Major Delfino de Paula onde fica o imóvel; nas ruas laterais Guimarães e Aveiro; e na de fundos, Caldas da Rainha.
Mesmo depois de horas de combate, ainda era comum ouvir explosões no interior do imóvel. De acordo com o chefe da Comunicação Organizacional do 3º Batalhão dos Bombeiros, tenente Ernando Coelho da Silva, ainda não é possível afirmar qual foi a causa do incêndio. Ele explicou que a ocorrência será apurada pelo Companhia de Prevenção e Vistorias da corporação.
Veja um vídeo do fogo
De acordo com o tenente, a fiscalização para funcionamento desse tipo de empresa é de responsabilidade de vários órgãos, sendo de competência dos bombeiros averiguar as situações relacionadas a incêndios. Ele explica que o estabelecimento deve ter, entre outras exigências, um Projeto de Prevenção e Combate, para garantir a segurança das pessoas que trabalham no local, bem como dos vizinhos. “No caso deste incêndio, ainda não temos informação se a empresa tinha esse projeto, mas tudo será verificado”, disse. Ninguém ficou ferido. Até o início da noite de ontem, o fogo que havia atingido três imóveis estava confinado a um único ponto do galpão de óleo lubrificante.
Entre os moradores que ficaram amedrontados, a auxiliar administrativo Maria da Penha de Abreu, de 33 anos, que mora na Rua Guimarães, 2.361, tinha um motivo especial. Ela não estava em casa quando o fogo começou e foi alertada por um vizinho. Além dos pertences pessoais, a grande preocupação era com o cão Fred, mas ele já havia sido retirado por vizinhos quando o incêndio começou.
Lorrayne Santos de Souza, de 20, moradora da Rua Guimarães, também temia pelo seu animal de estimação e sua moradia.
Houve queixas também sobre a demora no socorro. De acordo com o motorista Wemerson Alves Rodrigues, de 41, as viaturas de combate de grande porte demoraram a chegar. “O fogo começou há mais de uma hora. Ligamos imediatamente para os bombeiros e PM e houve demora. Outro problema é que eles jogaram água em cima do óleo e o fogo se alastrou para o meio da rua, ameaçando os outros imóveis”, reclamou.
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