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Estado de Minas

Grupo de congado leva tradição e fé ao topo da Piedade

Nem frio e alta atitude espantaram os peregrinos


postado em 01/05/2017 06:00 / atualizado em 01/05/2017 08:41

(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

O frio e a altitude de 1.746 metros não foram obstáculos para a fé de centenas de fiéis e quatro guardas de congado que subiram nesse domingo em cortejo pela Serra da Piedade, como parte das comemorações pelos 250 anos de peregrinações ao santuário da padroeira de Minas Gerais. O templo em Caeté, na Grande BH, recebeu os congadeiros com missa e banda de música na Igreja das Romarias, e a celebração final ocorreu na Ermida de Nossa Senhora da Piedade.

Para a segurança dos fiéis, uma faixa da estrada que leva ao santuário foi fechada desde a Praça das Cavalgadas até o alto da montanha, para permitir a subida das quatro guardas de congado. Em roupas coloridas, enfeitadas com tiras esvoaçantes, chapéus com plumas e chocalhos nos pés, os componentes dos grupos de tradição africana subiram bem devagar, no ritmo de seus tambores e sanfonas, vencendo nessa marcha constante o caminho íngreme de 2 quilômetros e a densa e fria neblina.

Outros peregrinos também subiram a serra para rezar ou apenas passear. Podiam usar vans ou se arriscar no percurso a pé. “Não é fácil não. Vim desde lá embaixo, mas enquanto o Senhor me der forças eu vou para cima para agradecer mesmo a saúde que me deu”, disse o aposentado José Carlos Santos de Jesus, de 73 anos, morador de Caeté. Maria Beatriz da Silva, de 56, subiu descalça pela estrada de asfalto. Os pés feridos e castigados pelo frio não a impediram de demonstrar a sua fé. “Para quem superou a doença e veio agradecer, esse sofrimento aqui é alegria”, disse.

À frente do cortejo, jovens levavam uma imagem de Nossa Senhora numa liteira de flores. Em seguida, vinham as guardas de congado. Acompanhando tudo desde o início, o pró-reitor do santuário, padre Carlos Antônio da Silva, se apoiava em seu cajado. Para o religioso, o encontro dos congadeiros traz um pouco de reflexão e sentimento mariano para o santuário e para o Brasil. “Estamos num momento de dificuldades e desafios, não só no campo da política como também pessoal. A alegria e a esperança que o congado representa, depois de todo o sofrimento da escravidão, mantendo sua fé, é um exemplo para todos”, definiu o sacerdote.

LAÇOS

A reunião das guardas de congado fortalece os laços familiares e a tradição, afirma o capitão-mor da Guarda de Marujos de Nossa Senhora do Rosário, Raimundo Pedro de Oliveira, de 72. O grupo, que veio de Sabará, na Grande BH, tem grande participação da família. “É uma tradição que veio dos meus bisavós e que tenho a responsabilidade de manter com a nossa fé”, disse.


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