Colegas reconhecem corpo de travesti assassinada na noite do sábado em Contagem

Pessoas que moravam com Sophia Castro reconheceram o corpo, que havia dado entrada no IML como indigente, e apresentaram documento de identidade dela. Porém, liberação depende de parentes

Estado de Minas

Sophia foi morta por clientes durante programa no apartamento dele - Foto: Reprodução/Whatsapp

Colegas da travesti Sophia Castro, de 21 anos, reconheceram o corpo dela na tarde desta quarta-feira no Instituto Médico Legal (IML) em Belo Horizonte, onde estava como indigente. Ela foi morta na noite do sábado,  quando fazia um programa. O cliente, H.J.C., de 42, foi preso como suspeito do assassinato. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios Contagem, na Grande BH.

O crime ocorreu na casa do suspeito, na Rua Riso do Prado, no Eldorado, em Contagem. Um amigo de H. foi quem ligou para a Polícia Militar, informando sobre o homicídio. O suspeito teria ligado para ele pedindo ajuda, pois tinha matado uma pessoa e estava pensando em se matar.

H. foi preso e contou aos policiais que na madrugada do sábado combinou um programa com Sophia e foram para a casa dele.
Depois de usarem cocaína, se desentenderam e a travesti o teria agredido com golpes de martelo. Ele afirmou que revidou, usando a ferramenta e depois apertou o pescoço da vítima até que ela desmaiasse. Com ferimentos pelo corpo, o autor foi levado ao IML para exames, antes de ser preso.

A vice-presidente do Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual (Cellos-MG), Anyky Lima, disse que Shopia, nascida em Goiânia (GO), chegou a Belo Horizonte em 2015, vinda de Brasília. “Sem opção de trabalho, devido à transfobia, teve que se atirar na prostituição. Era uma menina calada, que mantinha contato telefônico com sua mãe”, descreveu.

De acordo com Anyky, dados da Rede Nacional de Pessoas Trans do Brasil (Rede Trans Brasil) apontam que o caso da jovem, morta em Contagem, é 54º assassinato de travesti somente este ano no país. “Esperamos o empenho da polícia, não só em relação à morte da Shopia, como a da Mirella de Carlo, em 19 de fevereiro, no Carlos Prates, em BH. Associam todos os travestis com roubos, drogas, e esquecem que há gente de má índole em qualquer tipo de orientação sexual. Falta vontade de punir criminosos homofóbicos. A culpa da nossa morte é sempre nossa”, lamentou.

Apesar do reconhecimento do corpo pelas colegas, com quem morava, somente os parentes de Sophia podem realizar a liberação. No IML foi apresentada uma carteira de identidade da vítima, com o nome Luan Silva Gardelha, e o nome social Sophia. A mãe dela foi comunicada e é aguardada em Belo Horizonte para os procedimentos de liberação do corpo.

RB

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