Os números de casos e mortes por febre amarela silvestre mostram que a doença deu uma trégua em Minas, com dados que seguem em tendência de estagnação. Mas, após o maior surto de que se tem registro na história da saúde pública do país, pelo menos desde 1980, ainda não é momento de baixar a guarda em relação à doença.
Até porque o período de maior circulação do vírus, que começa em setembro, ainda não acabou e se estende até o fim de maio. Além disso, casos podem ocorrer em qualquer época do ano. Depois de pelo menos 1.139 casos notificados em Minas e 151 mortes já confirmadas, autoridades de saúde recomendam que se mantenha a vacinação para pessoas ainda não protegidas, ou seja, aquelas que nunca tenham tomada nenhuma dose ao longo de toda a vida. As doses do imunizante fazem parte do calendário nacional de vacinação e estão disponíveis em todos os centros de saúde da capital.
Diferentemente do método que vinha sendo preconizado até então, desde 5 de abril o Ministério da Saúde passou a adotar dose única da vacina contra a febre amarela para as áreas com recomendação de vacinação em todo o país, assim como é o estado de Minas Gerais. A medida já era adotada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), desde 2014. Com isso, segundo o órgão, devem se imunizar crianças a partir de nove meses e adultos até 59 anos, com apenas uma dose da vacina. “Assim, a proteção está garantida para o resto da vida. Para quem ainda não foi vacinado, a orientação é receber a dose única. A indicação é apenas para pessoas que vivem ou viajam para as áreas de recomendação. A população que não vive na área de recomendação e não vai se dirigir a essas áreas não precisa buscar a vacinação neste momento”, informou o Ministério, por meio de nota. A vacinação de rotina para febre amarela é ofertada em 19 estados.
Desde o início do surto de febre amarela em Minas, houve uma corrida às unidades de saúde em busca de doses da vacina, o que elevou a cobertura vacinal da população, que era na época de aproximadamente 50%, para de 70,81%, na semana passada. Segundo o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estévão Urbano, o ideal é que 100% da população esteja imunizada, descontando aquelas pessoas que não podem tomar a vacina. Mas admite-se um índice de 80% para enfrentamento de grandes surtos, como o atual. “Ainda há um trabalho a ser feito”, adverte. Na capital, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, esse índice chegou a cerca de 90%.
“O Programa Nacional de Imunização (PNI) do Sistema Único de Saúde (SUS) já determina que a vacina de febre amarela é prioritária para áreas endêmicas da doença, a exemplo de Minas. Então, mesmo fora de épocas de surto, o imunizante permanece disponível. E como agora a recomendação é de apenas uma dose, as pessoas que não se vacinaram ainda devem conferir seus cartões e, caso nunca tenham se imunizado, devem procurar a unidade de saúde mais próxima para receber a dose”, orienta a coordenadora estadual de Imunização da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Eva Lídia Arcoverde Medeiros. Ela afirmou que um novo levantamento está sendo feito no estado para avaliar qual é o mais atual índice de cobertura vacinal nos municípios mineiros.
Em Belo Horizonte, a orientação é a mesma. De acordo com o médico infectologista e coordenador do Serviço de Atenção ao Viajante da Secretaria Municipal de Saúde (SMSa), Argus Leão Araújo, apesar de grande parte da população ter se vacinado após o início do surto em Minas, é preciso ficar atento para que essa situação não se repita. “A vacina faz parte da rotina de vacinação, assim como a da gripe ou a do tétano, por exemplo. O que não se deve é esperar ocorrer uma situação como a deste ano para se buscar o imunizante. Muito provavelmente, se a população do Leste do estado tivesse se protegido previamente, não teríamos tido tantos casos e mortes”, lembra.
O especialista lembra ainda que Belo Horizonte não teve casos autóctones de febre amarela, ou seja, aqueles contraídos dentro de seu território. Mas ressalta que o registro de mortes de macacos, inclusive em parques dentro da área urbana e com quatro resultados positivos para a doença nesses animais, são um alerta para a circulação do vírus na cidade ou, pelo menos, naquela região. E afirma que o atual momento é inclusive mais favorável à vacinação, que pode ser programada, já que o cenário não é mais de urgência. “A vacina está disponível em qualquer centro de saúde da cidade. Não há desculpa para não se vacinar, caso haja realmente necessidade. Até porque, não há filas, como em meses anteriores”, disse.
COMBATE AO VETOR O médico Carlos Starling, que é membro da Sociedade Mineira de Infectologia, destaca outro ponto importante. Ele alerta que as medidas de controle do mosquito Aedes aegypti, apto para transmitir a febre amarela na área urbana, não podem ser esquecidas. No meio rural, a doença tem como vetor os mosquitos Haemagogus e Sabethes. “Sem dúvida, a vacina é a medida prioritária, diante de sua eficácia, superior a 95%. Mas, as ações para evitar a proliferação do Aedes não podem ser deixadas de lado, durante todo o ano, já que estamos batendo há décadas nessa tecla e registramos epidemias de dengue ano após ano e atualmente estamos vendo os casos de chikungunya disparar.
CASOS Dados do Ministério da Saúde mostram a situação da febre amarela no país. Até a última quinta-feira, foram confirmados 715 (22,8%) casos da doença. Ao todo, foram notificados 3.131 casos suspeitos, sendo que 827 (26,4%) permanecem em investigação e 1.589 (50,8%) foram descartados.
Dos 392 óbitos notificados, 240 (61,2%) foram confirmados, 39 (9,9%) ainda são investigados e 113 (28,9%) terminaram descartados.A vacinação de rotina para febre amarela é ofertada em 19 estados. (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia, Maranhão, Piauí, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina) com recomendação para imunização. Vale destacar que na Bahia, Piauí, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a vacinação não ocorre em todos os municípios.
Além das áreas com recomendação, neste momento, também está sendo vacinada, de forma escalonada, a população do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Segundo o Ministério da Saúde, doses extras da vacina têm sido enviadas desde o início do ano aos estados que estão registrando casos suspeitos da doença, além de outros localizados na divisa com áreas que tenham notificado casos.
No total, 23,6 milhões de doses extras foram enviadas para cinco estados: Minas Gerais (7,5 milhões), São Paulo (4,78 milhões), Espírito Santo (3,65 milhões), Rio de Janeiro (4,6 milhões) e Bahia (2,2 milhões). Além disso, foram distribuídas, desde janeiro deste ano, 4,35 milhões doses da vacina de rotina para todas as unidades da federação. Outras 813,4 mil doses foram enviadas para intensificar ações nos outros estados.
Até porque o período de maior circulação do vírus, que começa em setembro, ainda não acabou e se estende até o fim de maio. Além disso, casos podem ocorrer em qualquer época do ano. Depois de pelo menos 1.139 casos notificados em Minas e 151 mortes já confirmadas, autoridades de saúde recomendam que se mantenha a vacinação para pessoas ainda não protegidas, ou seja, aquelas que nunca tenham tomada nenhuma dose ao longo de toda a vida. As doses do imunizante fazem parte do calendário nacional de vacinação e estão disponíveis em todos os centros de saúde da capital.
Diferentemente do método que vinha sendo preconizado até então, desde 5 de abril o Ministério da Saúde passou a adotar dose única da vacina contra a febre amarela para as áreas com recomendação de vacinação em todo o país, assim como é o estado de Minas Gerais. A medida já era adotada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), desde 2014. Com isso, segundo o órgão, devem se imunizar crianças a partir de nove meses e adultos até 59 anos, com apenas uma dose da vacina. “Assim, a proteção está garantida para o resto da vida. Para quem ainda não foi vacinado, a orientação é receber a dose única. A indicação é apenas para pessoas que vivem ou viajam para as áreas de recomendação. A população que não vive na área de recomendação e não vai se dirigir a essas áreas não precisa buscar a vacinação neste momento”, informou o Ministério, por meio de nota. A vacinação de rotina para febre amarela é ofertada em 19 estados.
Desde o início do surto de febre amarela em Minas, houve uma corrida às unidades de saúde em busca de doses da vacina, o que elevou a cobertura vacinal da população, que era na época de aproximadamente 50%, para de 70,81%, na semana passada. Segundo o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estévão Urbano, o ideal é que 100% da população esteja imunizada, descontando aquelas pessoas que não podem tomar a vacina. Mas admite-se um índice de 80% para enfrentamento de grandes surtos, como o atual. “Ainda há um trabalho a ser feito”, adverte. Na capital, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, esse índice chegou a cerca de 90%.
“O Programa Nacional de Imunização (PNI) do Sistema Único de Saúde (SUS) já determina que a vacina de febre amarela é prioritária para áreas endêmicas da doença, a exemplo de Minas. Então, mesmo fora de épocas de surto, o imunizante permanece disponível. E como agora a recomendação é de apenas uma dose, as pessoas que não se vacinaram ainda devem conferir seus cartões e, caso nunca tenham se imunizado, devem procurar a unidade de saúde mais próxima para receber a dose”, orienta a coordenadora estadual de Imunização da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Eva Lídia Arcoverde Medeiros. Ela afirmou que um novo levantamento está sendo feito no estado para avaliar qual é o mais atual índice de cobertura vacinal nos municípios mineiros.
Em Belo Horizonte, a orientação é a mesma. De acordo com o médico infectologista e coordenador do Serviço de Atenção ao Viajante da Secretaria Municipal de Saúde (SMSa), Argus Leão Araújo, apesar de grande parte da população ter se vacinado após o início do surto em Minas, é preciso ficar atento para que essa situação não se repita. “A vacina faz parte da rotina de vacinação, assim como a da gripe ou a do tétano, por exemplo. O que não se deve é esperar ocorrer uma situação como a deste ano para se buscar o imunizante. Muito provavelmente, se a população do Leste do estado tivesse se protegido previamente, não teríamos tido tantos casos e mortes”, lembra.
O especialista lembra ainda que Belo Horizonte não teve casos autóctones de febre amarela, ou seja, aqueles contraídos dentro de seu território. Mas ressalta que o registro de mortes de macacos, inclusive em parques dentro da área urbana e com quatro resultados positivos para a doença nesses animais, são um alerta para a circulação do vírus na cidade ou, pelo menos, naquela região. E afirma que o atual momento é inclusive mais favorável à vacinação, que pode ser programada, já que o cenário não é mais de urgência. “A vacina está disponível em qualquer centro de saúde da cidade. Não há desculpa para não se vacinar, caso haja realmente necessidade. Até porque, não há filas, como em meses anteriores”, disse.
COMBATE AO VETOR O médico Carlos Starling, que é membro da Sociedade Mineira de Infectologia, destaca outro ponto importante. Ele alerta que as medidas de controle do mosquito Aedes aegypti, apto para transmitir a febre amarela na área urbana, não podem ser esquecidas. No meio rural, a doença tem como vetor os mosquitos Haemagogus e Sabethes. “Sem dúvida, a vacina é a medida prioritária, diante de sua eficácia, superior a 95%. Mas, as ações para evitar a proliferação do Aedes não podem ser deixadas de lado, durante todo o ano, já que estamos batendo há décadas nessa tecla e registramos epidemias de dengue ano após ano e atualmente estamos vendo os casos de chikungunya disparar.
CASOS Dados do Ministério da Saúde mostram a situação da febre amarela no país. Até a última quinta-feira, foram confirmados 715 (22,8%) casos da doença. Ao todo, foram notificados 3.131 casos suspeitos, sendo que 827 (26,4%) permanecem em investigação e 1.589 (50,8%) foram descartados.
Dos 392 óbitos notificados, 240 (61,2%) foram confirmados, 39 (9,9%) ainda são investigados e 113 (28,9%) terminaram descartados.A vacinação de rotina para febre amarela é ofertada em 19 estados. (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia, Maranhão, Piauí, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina) com recomendação para imunização. Vale destacar que na Bahia, Piauí, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a vacinação não ocorre em todos os municípios.
Além das áreas com recomendação, neste momento, também está sendo vacinada, de forma escalonada, a população do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Segundo o Ministério da Saúde, doses extras da vacina têm sido enviadas desde o início do ano aos estados que estão registrando casos suspeitos da doença, além de outros localizados na divisa com áreas que tenham notificado casos.
No total, 23,6 milhões de doses extras foram enviadas para cinco estados: Minas Gerais (7,5 milhões), São Paulo (4,78 milhões), Espírito Santo (3,65 milhões), Rio de Janeiro (4,6 milhões) e Bahia (2,2 milhões). Além disso, foram distribuídas, desde janeiro deste ano, 4,35 milhões doses da vacina de rotina para todas as unidades da federação. Outras 813,4 mil doses foram enviadas para intensificar ações nos outros estados.