Aeronaves da PM, Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros terão comando único

Unificação é defendida pelo governo do estado como medida para ampliação do atendimento em Minas e redução de custos. Representantes das corporações questionam mudança

A publicação de decreto estadual pelo governador Fernando Pimentel criando comando único para as aeronaves do Corpo de Bombeiros e das polícias Militar e Civil causou mal-estar entre integrantes das corporações da segurança pública e Defesa Civil.

O texto, de nº 47.182, publicado nessa terça-feira no Diário Oficial Minas Gerais, determina a criação do Comando de Aviação do Estado (Comave).

Com a regra, todas as aeronaves das três corporações (10 helicópteros e cinco aviões) formam uma malha aérea única para o estado, tendo à frente a gestão da PM. A proposta não agradou à Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais (Aspra), que vê como prejuízo a retirada da autonomia das corporações sobre suas frotas.

Além da redução de despesas com os veículos aéreos, a criação do Comave é justificada pelo governo como medida para ampliar os atendimentos aéreos a todas as regiões mineiras, como explica o comandante do novo órgão, coronel Rodrigo Sousa. Segundo ele, a mudança vai aumentar a capacidade de realização de serviços com as aeronaves para toda a população, como atividades médicas e transporte de órgãos vitais, ocorrências policiais e de prestação de socorro, entre outros, em todas as regiões do estado.

"Inicialmente, a proposta é integrar os serviços, com maior controle e coordenação, para, a partir daí, expandir a atuação para todas regiões e, também, paulatinamente, consolidar a formação de uma malha da aviação para atendimento a todas as demandas de Minas Gerais", explica.

Presidente da Aspra, o sargento Marco Antônio Bahia Silva questiona a medida. “Vejo essa mudança como um desmonte de uma estrutura construída há muitas décadas e que vem para piorar o trabalho, especialmente dos bombeiros. O trabalho que o bombeiro desenvolve é de defesa civil.
A PM tem atividades de segurança pública. Não está claro como será a atuação das aeronaves no combate a incêndios ou atendimento a grandes acidentes e tragédias. Temo que a população perca em termos de atendimento”, afirma.

Segundo ele, uma reunião está marcada para esta quinta-feira entre representantes da Aspra e o comando do Corpo de Bombeiros para tratar de questões como o futuro do Batalhão de Operações Aéreas (BOA). “Vamos tentar também uma reunião com o governador. Não havendo solução, podemos até mesmo ingressar com uma ação na Justiça”, afirmou.

Por meio de nota, a PM informou que a vinculação da frota ao Comave terá papel fundamental no aumento da cobertura geográfica, da quantidade de atendimentos e na otimização dos recursos. “Até então os órgãos atuavam de forma segmentada, o que interferia na capacidade de resposta a todas as regiões de Minas Gerais."

Com o Comave, a ideia é que se reduza o tempo de atendimento e de resposta em até uma hora e meia para qualquer ponto do território mineiro. Segundo a PM, todas as corporações continuam tendo as aeronaves disponíveis para suas atividades e pilotos e demais funcionários de cada órgão continuam operando helicópteros e aviões, como anteriormente.

 

(RG) 

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