O surto de febre amarela em Minas teve início em 4 de janeiro, quando foi notificado o primeiro caso da doença. Com baixa cobertura vacinal entre a população, em torno de apenas 50%, o estado registrou 1.139 notificações e teve confirmação para 427, segundo último balanço da Secretaria de Estado da Saúde (SES), de 26 de abril. Por causa do alto grau de letalidade, a doença infecciosa febril aguda e de rápida evolução matou 151 pessoas. Outros 54 óbitos continuam sob investigação. Durante todo o período do surto houve uma corrida aos postos de saúde para vacinação em diversas regiões do estado, com destaque para as áreas de maior incidência de casos.
Atualmente, a SES confirma que a doença está controlada no estado e, com isso, resta aos municípios contabilizar os gastos e avaliar quais foram as lições do problema.
VIGILÂNCIA A Superintendência Regional de Saúde de Coronel Fabriciano, que compreende 35 municípios, continua fazendo uma varredura em toda a zona rural para atualizar ou distribuir cartões de vacinas a moradores e trabalhadores dessas áreas. São alvo também da busca ativa das equipes de saúde da família pessoas que passam fins de semana em sítios e fazendas e os outros dias na cidade.
Em Caratinga, no Vale do Rio Doce, o secretário municipal de Saúde, Giovanni Corrêa da Silva, diz que, no fim das contas, um surto evitou outro. Por causa das ações para combater a febre amarela, a anunciada epidemia de dengue, zika e chikungunya, que era esperada para março, abril e maio, não teve vez. “A ação foi tão eficaz que nossos níveis hoje estão baixíssimos, um dos mais baixos de todos os tempos”, destaca. Enquanto no ano passado a cidade registrou mais de 600 casos de chikungunya, este ano 31 pessoas foram contaminadas.
Para ele, é o resultado das ações de combate ao Aedes, também vetor da febre amarela, entre elas a aplicação de fumacê nas zonas rural e urbana. Havia temor em todos os municípios atingidos de que a febre silvestre se tornasse urbana. Segundo o secretário, o inseticida só será usado novamente se houver necessidade, mas a população está sendo conclamada a não baixar a guarda, por meio de campanhas publicitárias e informações divulgadas via imprensa. “As visitas domiciliares continuam sendo feitas e refeitas. É importante a população contribuir para não haver criadouros do mosquito.”
De acordo com Giovanni Corrêa, 90% da população foi vacinada (82 mil, do total de 91,5 mil habitantes).
ESPERA Cidade com o maior número de mortos em decorrência da febre amarela (21) e a maior quantidade de casos confirmados (50), Ladainha, no Vale do Jequitinhonha, aguarda resposta sobre pedidos de ajuda financeira. Segundo o prefeito, Walid Edir de Oliveira (PSDB), foram gastos entre R$ 280 mil e R$ 300 mil no combate, tirados do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). “Isso afeta todo o mecanismo da saúde”, afirma. A vizinha Poté passa pelo mesmo problema e aguarda pelo menos R$ 100 mil. “Tiramos dinheiro de uma saúde já debilitada para combater uma doença que nos pegou de surpresa”, diz o prefeito da cidade, Gildésio Sampaio (PRB).
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Secretaria de Estado da Saúde informou ter liberado cerca de R$ 10,9 milhões para os municípios que foram acometidos pela surto de febre amarela pertencentes às regiões de saúde de Coronel Fabriciano, Governador Valadares e Manhumirim. A verba teve como objetivo o apoio diagnóstico assistencial e laboratorial, assistência farmacêutica e qualificação da informação de doenças classificadas como emergências em saúde pública, bem como para ações de vigilância e controle das viroses transmitidas pelo Aedes aegypti. A secretaria informou também ter feito ações de vigilância, controle, prevenção e mobilização social (via campanha publicitária), que custaram em torno de R$ 2 milhões. Outro montante de recursos foi investido em ações da Diretoria Hospitalar e em vacinação.
Para o enfrentamento da doença, a SES informa que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente a vacina, por meio do Calendário Nacional de Vacinação, nas unidades básicas de saúde, principalmente para as pessoas que moram ou vão viajar para área rural, silvestre ou de mata.