Alta de internações por doenças respiratórias reforça importância da vacina contra gripe

População de grupos prioritários tem até dia 26 de maio para se imunizar. Procura ainda é baixa em Belo Horizonte e em Minas Gerais

Guilherme Paranaiba
Marina de Souza Silva levou o filho de 2 anos para tomar a vacina pela primeira vez: crianças até 5 anos de idade estão no grupo prioritário - Foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS
Faltando apenas duas semanas para o fim da campanha nacional de vacinação contra a gripe, uma estatística da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte mostra que a imunização é muito importante. Nos primeiros meses de 2017, os atendimentos de crianças por conta de doenças respiratórias graves aumentaram 22%, enquanto o crescimento nas internações de idosos com 60 anos ou mais pelos mesmos problemas foi de 7,5%.

Os dados se referem à população de BH atendida via Sistema Único de Saúde (SUS). Em Minas Gerais, 51 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave causados por vírus da influenza já foram registrados em 2017, sendo que em sete deles os pacientes morreram. Em contrapartida, passado um mês do início da disponibilização da vacina contra três vírus da gripe (H1N1, H3N2, e Influenza B) em todos os 152 centros de saúde da capital mineira, apenas 39,9% da população dos grupos prioritários está vacinada. No estado, esse percentual sobe muito pouco, apenas para 41,7%, o que preocupa as autoridades.


Entre os grupos que estão mais contribuindo negativamente na capital mineira se destacam os presos e os professores. Desde o início da campanha, em 17 de abril, apenas 19,9% dos educadores buscou a proteção. Foram cerca de 11 mil dos 56 mil estimados pela Prefeitura de BH.

Somados todos os integrantes dos grupos que podem receber a vacina, BH já vacinou 329 mil (39,9%) das 824 mil pessoas que estão aptas a receber a dose. Em todo o estado, foram aplicadas 1,7 milhão de doses (41,7%). A meta do Ministério da Saúde é imunizar 90% da população total dos grupos prioritários.

Em um contexto de aumento dos casos de internação de crianças e idosos por doenças respiratórias graves, como a pneumonia, a gerente de Vigilância em Saúde e Informação da Secretaria Municipal de Saúde de BH, Lúcia Maria Miana Mattos Paixão, destaca que a vacina pode ajudar a reverter esse quadro e precisa ser buscada por quem tem o direito de recebê-la. “Restam duas semanas de campanha. Pedimos que as pessoas se mobilizem. O principal é a prevenção, é a vacina. E além dela as medidas que são preconizadas para evitar doenças respiratórias, como manter os ambientes ventilados, manter uma distância de um metro para a pessoa que estiver infectada, quando for tossir proteger a boca com o antebraço e lavar as mãos com frequência”, afirma.

Por enquanto, Lúcia Maria destaca que não há programação para esticar a campanha em virtude da baixa vacinação, ação que também não será implementada, pelo menos por enquanto, pela Secretaria de Estado de Saúde, segundo o subsecretário de Vigilância e Proteção à Saúde, Rodrigo Said. Ele diz que a pasta vai intensificar ações em suas redes sociais para incentivar as pessoas a se vacinarem, principalmente os professores, que pela primeira vez foram incluídos entre os grupos prioritários. “Importante destacar que os educadores tinham uma reivindicação histórica para inclusão como grupo prioritário alvo dessa campanha. Esse é o primeiro ano que o Ministério da Saúde conseguiu garantir o acesso dessa categoria e a cobertura ainda é muito baixa”, afirma o subsecretário.

Ontem, os gestores da PBH e do estado estiveram no Centro de Saúde Andradas, que fica no Bairro São João Batista, na Região de Venda Nova, em Belo Horizonte, para mobilizar a população dentro da programação do Dia D da campanha nacional de vacinação contra a gripe. Durante a manhã, o movimento foi bem tranquilo e não houve fila na unidade. A operadora de caixa Marina de Souza Silva, de 28 anos, levou o filho Luiz Cláudio, de apenas 2, pela primeira vez para ser vacinado. “Para ele vai ser muito melhor, porque vai prevenir os casos de gripe mais forte.
Vou trazê-lo todos os anos, até completar a idade-limite”, afirma. Pela terceira vez, o marceneiro Osvaldo Pereira da Silva, de 59, que é portador de doença crônica, tomou a vacina. Ele relata que costumava gripar e passar muito mal de três em três meses, situação que mudou após a vacina. “Posso gripar uma vez por ano e mesmo assim muito fraco, a vacina foi a melhor coisa para mim, não abro mão dela nunca mais”, afirma.

PÚBLICO-ALVO
Devem se vacinar até 26 de maio idosos a partir dos 60 anos, crianças na faixa etária de 6 meses a 4 anos, 11 meses e 29 dias, trabalhadores da área da saúde e professores das redes pública e particular, gestantes, mães até 45 dias após o parto, portadores de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais, indígenas, população privada de liberdade e os funcionários do sistema prisional. “Queremos conclamar a população a se vacinar para prevenir formas graves da doença respiratória e evitar óbitos. O objetivo todo é esse”, completa a gerente da Secretaria Municipal de Saúde, Lúcia Maria Miana Mattos Paixão.

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