A cada quatro minutos, uma pessoa tem um objeto ou bem levado por bandidos em Minas Gerais mediante violência, enquanto em Belo Horizonte isso ocorre a cada 12 minutos. O cenário dos roubos no estado e na capital mineira em 2016, revelado pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) quatro meses e meio depois de o ano ter sido fechado, mostra que esse tipo de crime mais do que dobrou em cinco anos em Minas e em BH. Na capital, dados de 2012 mostram que naquele ano os belo-horizontinos foram vítimas de 23,1 mil assaltos, número que cresceu 102,5% e bateu em 46,8 mil casos em 2016. Ampliando a área de abrangência para os 853 municípios do estado, enquanto em 2012 foram 60 mil roubos, no ano passado o número cresceu 118,5%, chegando aos 131,2 mil registros. Outra situação revelada pelos dados atualizados de 2016 diz respeito a um aumento ligeiro de homicídios tanto em BH quanto em Minas, após dois anos de queda nos registros desse tipo de crime. (Veja quadro)
No comparativo somente em relação ao ano anterior, 2015, também constata-se o crescimento dos crimes violentos em Minas e Belo Horizonte. No estado, foram 145.185 ocorrências do tipo em 2016, contra 128.336 do ano anterior, aumento de 13,1%. Na capital, houve 48.904 registros no ano passado, contra 44.361 de 2015, elevação de 10,2%. São considerados crimes violentos nas estatísticas da Secretaria de Segurança Pública estupro, tentado ou consumado, homicídio, também tentando ou consumado, roubo, extorsão mediante sequestro e sequestro e cárcere privado.
Especialista ouvido pela reportagem do Estado de Minas acredita que essa situação verificada nos roubos é motivada por uma soma de problemas: o poder público não consegue combater a criminalidade e a crise econômica aumenta a marginalidade, pois os ladrões buscam dinheiro fácil e rápido em um contexto de falta de trabalho formal. Porém, a Polícia Militar garante que a população flutuante de grandes eventos como o carnaval, que vem crescendo nos últimos cinco anos em BH e alcançou um público de 3 milhões de pessoas em 2017, deve ser considerada para entender esse fenômeno. Sem revelar números, o major Flávio Santiago, que é assessor de imprensa da corporação, afirma que o primeiro trimestre deste ano já traz uma redução nos casos de roubo no estado, segundo dados preliminares.
Os dados da Sesp normalmente são divulgados mensalmente até por volta do dia 20 do mês seguinte, mas ao fim de cada ano a pasta demora mais tempo para consolidar todas as estatísticas. Os números de 2016 mostram que, entre as regiões integradas de segurança pública, Belo Horizonte ocupou o primeiro lugar de roubos de forma disparada, com os 46,8 mil registros. Logo depois vem a região de Contagem, que inclui cidades como Betim e Ibirité, todas na Grande BH, com 26.634 assaltos. Em terceiro lugar aparece a região centralizada em Divinópolis, com 50 cidades da Região Centro-Oeste, que teve mais de 7 mil roubos no ano passado. A região integrada em Minas Gerais com menos roubos é a de Barbacena, no Campo as Vertentes, que engloba 61 cidades e teve 1 mil roubos em 2016.
O advogado criminalista e mestre em ciências penais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Warley Belo destaca que um fator muito importante para entender um aumento de mais de 100% nos assaltos na capital e no estado nos últimos cinco anos é o aumento do desemprego, causado pela crise econômica. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em 2012, a taxa de desemprego no Brasil era de 5,5%. Hoje, esse número subiu para 13,7%, com base no primeiro trimestre de 2017. O especialista lembra que na Grande BH são cerca de 700 mil pessoas sem trabalho e 2,5 milhões na mesma situação em Minas. “O assaltante quer fazer um dinheiro rápido normalmente para comprar roupas, drogas, ir em uma festa, viajar e demais coisas de tiro curto”, afirma.
Em outra frente, Warley lembra que melhorias no policiamento, com um aparelhamento melhor das polícias, certamente traria redução desses dados, mas o problema está longe de ser resolvido apenas por essa vertente. “O índice de reincidência de pessoas que estão presas é muito grande. O que significa que a prisão não resolve o problema. O próprio poder público cria o aumento da criminalidade”, afirma. Para o especialista, o próprio estado admite que não tem condições de resolver o problema sozinho quando tenta aumentar seus laços com a sociedade, fomentando a criação de redes de vizinhos, de comerciantes e incentivando o aumento da vigilância privada, com a instalação de câmeras de monitoramento e segurança privada.
PREVENÇÃO O major Flávio Santiago, que é o assessor de imprensa da Polícia Militar, destaca que a corporação está investindo em operações focadas na prevenção do roubo a transeunte, já que o uso em larga escala de smartphones é o principal atrativo para os bandidos que praticam essa modalidade. Porém, o militar acredita que o mais importante para entender o aumento dos roubos é reconhecer a influência da população flutuante no estado nos últimos cinco anos, em eventos como as copas do Mundo e das Confederações, Olimpíada do Rio de Janeiro e o carnaval, que teve 3 milhões de pessoas em BH neste ano, conforme o militar. “Se você tem um número majorado de pessoas no estado, com Belo Horizonte sempre carreando, você tem um aumento de delitos em número absoluto, mas que não representa efetivamente um aumento proporcional. Cada roubo é um caso importante para nós, mas não podemos desatrelar a análise científica em relação a variáveis que são importantes”, afirma o porta-voz da PM.
Os números mostram que o percentual do crescimento dos roubos diminuiu em 2016. Em BH, por exemplo, de 2014 para 2015 houve um aumento que alcançou 22,76%. De 2015 para 2016, o crescimento foi de 10,71%. Mesma situação foi vivenciada no estado, com um aumento percentualmente menor no ano passado do que em 2015.
OUTROS CRIMES Minas Gerais registrou ainda ligeira redução dos casos de estupro (-1,1%), de extorsão mediante sequestro (-1,1%) e de sequestro e cárcere privado (-2,1%) na comparação de 2015 com 2016. Em Belo Horizonte, as ocorrências aumentaram 3,2%, 12,8% e 3% no mesmo período, respectivamente.
ENQUANTO ISSO...
...homicídios voltam a subir
Depois de dois anos de queda, o número de pessoas assassinadas em Minas Gerais e também em Belo Horizonte voltou a subir. Em Minas, 4.194 pessoas foram assassinadas no ano passado, contra 4.176 em 2015. Na capital, foram 615 em 2016, contra 609 do ano anterior. Em Belo Horizonte, os meses críticos do ano passado foram março, com 63 óbitos, e abril, com 60. Dezembro, mês que ficou pendente da divulgação dos dados, teve 49 homicídios. Segundo a Polícia Militar, ações que visam à retirada das armas de fogo de circulação são as principais formas de atuação contra esse tipo de crime, já que 60% a 70% dos casos têm relação com o tráfico de drogas.
No comparativo somente em relação ao ano anterior, 2015, também constata-se o crescimento dos crimes violentos em Minas e Belo Horizonte. No estado, foram 145.185 ocorrências do tipo em 2016, contra 128.336 do ano anterior, aumento de 13,1%. Na capital, houve 48.904 registros no ano passado, contra 44.361 de 2015, elevação de 10,2%. São considerados crimes violentos nas estatísticas da Secretaria de Segurança Pública estupro, tentado ou consumado, homicídio, também tentando ou consumado, roubo, extorsão mediante sequestro e sequestro e cárcere privado.
Especialista ouvido pela reportagem do Estado de Minas acredita que essa situação verificada nos roubos é motivada por uma soma de problemas: o poder público não consegue combater a criminalidade e a crise econômica aumenta a marginalidade, pois os ladrões buscam dinheiro fácil e rápido em um contexto de falta de trabalho formal. Porém, a Polícia Militar garante que a população flutuante de grandes eventos como o carnaval, que vem crescendo nos últimos cinco anos em BH e alcançou um público de 3 milhões de pessoas em 2017, deve ser considerada para entender esse fenômeno. Sem revelar números, o major Flávio Santiago, que é assessor de imprensa da corporação, afirma que o primeiro trimestre deste ano já traz uma redução nos casos de roubo no estado, segundo dados preliminares.
Os dados da Sesp normalmente são divulgados mensalmente até por volta do dia 20 do mês seguinte, mas ao fim de cada ano a pasta demora mais tempo para consolidar todas as estatísticas. Os números de 2016 mostram que, entre as regiões integradas de segurança pública, Belo Horizonte ocupou o primeiro lugar de roubos de forma disparada, com os 46,8 mil registros. Logo depois vem a região de Contagem, que inclui cidades como Betim e Ibirité, todas na Grande BH, com 26.634 assaltos. Em terceiro lugar aparece a região centralizada em Divinópolis, com 50 cidades da Região Centro-Oeste, que teve mais de 7 mil roubos no ano passado. A região integrada em Minas Gerais com menos roubos é a de Barbacena, no Campo as Vertentes, que engloba 61 cidades e teve 1 mil roubos em 2016.
O advogado criminalista e mestre em ciências penais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Warley Belo destaca que um fator muito importante para entender um aumento de mais de 100% nos assaltos na capital e no estado nos últimos cinco anos é o aumento do desemprego, causado pela crise econômica. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em 2012, a taxa de desemprego no Brasil era de 5,5%. Hoje, esse número subiu para 13,7%, com base no primeiro trimestre de 2017. O especialista lembra que na Grande BH são cerca de 700 mil pessoas sem trabalho e 2,5 milhões na mesma situação em Minas. “O assaltante quer fazer um dinheiro rápido normalmente para comprar roupas, drogas, ir em uma festa, viajar e demais coisas de tiro curto”, afirma.
Em outra frente, Warley lembra que melhorias no policiamento, com um aparelhamento melhor das polícias, certamente traria redução desses dados, mas o problema está longe de ser resolvido apenas por essa vertente. “O índice de reincidência de pessoas que estão presas é muito grande. O que significa que a prisão não resolve o problema. O próprio poder público cria o aumento da criminalidade”, afirma. Para o especialista, o próprio estado admite que não tem condições de resolver o problema sozinho quando tenta aumentar seus laços com a sociedade, fomentando a criação de redes de vizinhos, de comerciantes e incentivando o aumento da vigilância privada, com a instalação de câmeras de monitoramento e segurança privada.
PREVENÇÃO O major Flávio Santiago, que é o assessor de imprensa da Polícia Militar, destaca que a corporação está investindo em operações focadas na prevenção do roubo a transeunte, já que o uso em larga escala de smartphones é o principal atrativo para os bandidos que praticam essa modalidade. Porém, o militar acredita que o mais importante para entender o aumento dos roubos é reconhecer a influência da população flutuante no estado nos últimos cinco anos, em eventos como as copas do Mundo e das Confederações, Olimpíada do Rio de Janeiro e o carnaval, que teve 3 milhões de pessoas em BH neste ano, conforme o militar. “Se você tem um número majorado de pessoas no estado, com Belo Horizonte sempre carreando, você tem um aumento de delitos em número absoluto, mas que não representa efetivamente um aumento proporcional. Cada roubo é um caso importante para nós, mas não podemos desatrelar a análise científica em relação a variáveis que são importantes”, afirma o porta-voz da PM.
Os números mostram que o percentual do crescimento dos roubos diminuiu em 2016. Em BH, por exemplo, de 2014 para 2015 houve um aumento que alcançou 22,76%. De 2015 para 2016, o crescimento foi de 10,71%. Mesma situação foi vivenciada no estado, com um aumento percentualmente menor no ano passado do que em 2015.
OUTROS CRIMES Minas Gerais registrou ainda ligeira redução dos casos de estupro (-1,1%), de extorsão mediante sequestro (-1,1%) e de sequestro e cárcere privado (-2,1%) na comparação de 2015 com 2016. Em Belo Horizonte, as ocorrências aumentaram 3,2%, 12,8% e 3% no mesmo período, respectivamente.
ENQUANTO ISSO...
...homicídios voltam a subir
Depois de dois anos de queda, o número de pessoas assassinadas em Minas Gerais e também em Belo Horizonte voltou a subir. Em Minas, 4.194 pessoas foram assassinadas no ano passado, contra 4.176 em 2015. Na capital, foram 615 em 2016, contra 609 do ano anterior. Em Belo Horizonte, os meses críticos do ano passado foram março, com 63 óbitos, e abril, com 60. Dezembro, mês que ficou pendente da divulgação dos dados, teve 49 homicídios. Segundo a Polícia Militar, ações que visam à retirada das armas de fogo de circulação são as principais formas de atuação contra esse tipo de crime, já que 60% a 70% dos casos têm relação com o tráfico de drogas.