No comparativo somente em relação ao ano anterior, 2015, também constata-se o crescimento dos crimes violentos em Minas e Belo Horizonte. No estado, foram 145.185 ocorrências do tipo em 2016, contra 128.336 do ano anterior, aumento de 13,1%. Na capital, houve 48.904 registros no ano passado, contra 44.361 de 2015, elevação de 10,2%.
Especialista ouvido pela reportagem do Estado de Minas acredita que essa situação verificada nos roubos é motivada por uma soma de problemas: o poder público não consegue combater a criminalidade e a crise econômica aumenta a marginalidade, pois os ladrões buscam dinheiro fácil e rápido em um contexto de falta de trabalho formal. Porém, a Polícia Militar garante que a população flutuante de grandes eventos como o carnaval, que vem crescendo nos últimos cinco anos em BH e alcançou um público de 3 milhões de pessoas em 2017, deve ser considerada para entender esse fenômeno. Sem revelar números, o major Flávio Santiago, que é assessor de imprensa da corporação, afirma que o primeiro trimestre deste ano já traz uma redução nos casos de roubo no estado, segundo dados preliminares.
Os dados da Sesp normalmente são divulgados mensalmente até por volta do dia 20 do mês seguinte, mas ao fim de cada ano a pasta demora mais tempo para consolidar todas as estatísticas. Os números de 2016 mostram que, entre as regiões integradas de segurança pública, Belo Horizonte ocupou o primeiro lugar de roubos de forma disparada, com os 46,8 mil registros. Logo depois vem a região de Contagem, que inclui cidades como Betim e Ibirité, todas na Grande BH, com 26.634 assaltos. Em terceiro lugar aparece a região centralizada em Divinópolis, com 50 cidades da Região Centro-Oeste, que teve mais de 7 mil roubos no ano passado. A região integrada em Minas Gerais com menos roubos é a de Barbacena, no Campo as Vertentes, que engloba 61 cidades e teve 1 mil roubos em 2016.
O advogado criminalista e mestre em ciências penais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Warley Belo destaca que um fator muito importante para entender um aumento de mais de 100% nos assaltos na capital e no estado nos últimos cinco anos é o aumento do desemprego, causado pela crise econômica. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em 2012, a taxa de desemprego no Brasil era de 5,5%. Hoje, esse número subiu para 13,7%, com base no primeiro trimestre de 2017. O especialista lembra que na Grande BH são cerca de 700 mil pessoas sem trabalho e 2,5 milhões na mesma situação em Minas. “O assaltante quer fazer um dinheiro rápido normalmente para comprar roupas, drogas, ir em uma festa, viajar e demais coisas de tiro curto”, afirma.
Em outra frente, Warley lembra que melhorias no policiamento, com um aparelhamento melhor das polícias, certamente traria redução desses dados, mas o problema está longe de ser resolvido apenas por essa vertente. “O índice de reincidência de pessoas que estão presas é muito grande. O que significa que a prisão não resolve o problema.
Os números mostram que o percentual do crescimento dos roubos diminuiu em 2016. Em BH, por exemplo, de 2014 para 2015 houve um aumento que alcançou 22,76%. De 2015 para 2016, o crescimento foi de 10,71%. Mesma situação foi vivenciada no estado, com um aumento percentualmente menor no ano passado do que em 2015.
OUTROS CRIMES Minas Gerais registrou ainda ligeira redução dos casos de estupro (-1,1%), de extorsão mediante sequestro (-1,1%) e de sequestro e cárcere privado (-2,1%) na comparação de 2015 com 2016. Em Belo Horizonte, as ocorrências aumentaram 3,2%, 12,8% e 3% no mesmo período, respectivamente.
ENQUANTO ISSO...
...homicídios voltam a subir
Depois de dois anos de queda, o número de pessoas assassinadas em Minas Gerais e também em Belo Horizonte voltou a subir. Em Minas, 4.194 pessoas foram assassinadas no ano passado, contra 4.176 em 2015.