Santa Casa coloca 350 funcionários em férias coletiva diante de crise financeira

Nos últimos dois meses, instituição reduziu 430 leitos, já que dívida milionária do estado se arrasta sem perspectiva de repasses de recursos

Estado de Minas

No começo da semana, cinco mil pessoas deram um abraço simbólico em hospital - Foto: Leandro Couri/EM/D.A.Press

A direção da Santa Casa de Belo Horizonte oficializou a proposta de férias coletivas e, a partir desta segunda-feira,  350 trabalhadores, a maioria de técnicos de enfermagem, deixam de prestar serviço por 30 dias. A medida, que vinha sendo anunciada entre outras para conter gastos, já está implementada, indiferente do repasse de recursos financeiros pelo governo estadual, que deve R$ 21 milhões à instituição, que atende somente pacientes do Serviço Único de Saúde (SUS).

Desde março deste ano, o hospital fechou 430 leitos, o que representa 40% de vagas de sua capacidade de atender 1.086 pacientes. Agora, somando o pessoal que já está de férias com aqueles que vão parar a partir da segunda-feira, são 650 trabalhadores a menos, quase 40% dos 1,7 mil funcionários da Santa Casa.

“Entre outras medidas, as férias coletiva faz parte das ações de economia planejada. Sem esses 350 funcionários, o atendimento atual não fica prejudicado, pois foram fechados 430 leitos, o que gerou uma ociosidade. Com isso, temos condições de manter os salários em dia e recursos para comprar os medicamentos necessários à manutenção dos 656 leitos em funcionamento”, explicou o diretor de Finanças, Recursos Humanos e Relações Institucionais da Santa Casa, Gonçalo de Abreu Barbosa.

 

Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) informou que Belo Horizonte é um município de gestão plena. “A Secretaria Estadual de Saúde encaminha os recursos para o município que, por sua vez, define os valores que serão disponibilizados para cada instituição, incluindo, a Santa Casa. Ou seja, qualquer recurso da SES-MG é devido ao município de Belo Horizonte, e não à Santa Casa”, destacou o comunicado.

Ainda, na nota, a secretaria disse que está verificando e conferindo cada valor informado por Belo Horizonte, para que possa ter ciência do que realmente está pendente de pagamento.

E acrescenta, que alguns dos valores considerados pendentes pela prefeitura são referentes a pagamentos de resoluções publicadas. “Contudo, o estado tem um prazo de até um ano (desde que a resolução foi publicada) para realizar o pagamento, ou seja, não se pode considerar que os valores referentes a essas resoluções estejam pendentes”.

Já a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte (SMSA), informou, por meio de nota, que repassa os recursos para o hospital 24 horas depois de receber a parcela do Fundo Nacional de Saúde (FNS). “Está sendo feito encontro de contas entre débitos e créditos entre SMSA e Secretaria de Estado de Saúde (SES). O trabalho ainda não foi concluído, pois há discordância entre valores, conforme análise apresentada em cada esfera”, finalizou o comunicado.

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