Apesar das fragilidades da rede de proteção, que ainda resultam na reincidência dos casos de agressão contra mulheres, autoridades que trabalham com o tema alertam para a importância de novamente denunciar o agressor, o que pode frear a brutalidade masculina. Isso porque, após o descumprimento da medida, o homem é detido pela violação que pode ser desde se aproximar da vítima, ameaçá-la em ligações, mensagens ou pessoalmente, entre outras infrações até regras determinadas pelo Judiciário.
“Não é necessário haver agressão física para pedir a prisão preventiva do agressor. A partir do momento em que ele xinga, ameaça e incomoda, contrariando o que está previsto nas medidas protetivas, a Polícia Civil tem motivos fazer a representação da prisão preventiva”, explica a delegada Danúbia Quadros. Desde 2013, outro mecanismo usado pelo Judiciário para frear a reincidência é o monitoramento eletrônico.
“A tornozeleira é a medida mais extrema para o agressor e serve para controlar a aproximação do homem em relação à vítima, o que tem se mostrado eficaz”, afirma o juiz Marcelo Gonçalves de Paula, titular da 14ª Vara Criminal de Belo Horizonte, uma das quatro especializadas em violência doméstica da capital. O magistrado explica que, nos casos de reincidência, a mulher não mais precisa voltar à delegacia para relatar o problema e pode se dirigir direto ao atendimento do Judiciário.
O juiz também defende a expansão da estrutura física de atendimento e ampliação das equipes no Judiciário, bem como a presença de mais assistentes sociais e psicólogos para maior eficiência do trabalho. Apesar disso, ele disse que a atual equipe trabalha no limite, mas é “extremante eficaz e tem conseguido dar resposta aos casos de violência doméstica que dão entrada diariamente”.
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Mulheres vítimas de agressões relatam medo mesmo com medidas protetivas Mulheres poderão pedir medidas protetivas pela internetPolícia Civil prende sete agressores de mulheres que descumpriram medidas protetivas Redes precisam de ampliação para melhor proteger vítimas de violência domésticaDois homens são presos no Triângulo por crimes contra mulheresPolícia prende dois suspeitos por descumprimento de medidas protetivasEm alguns casos, as vítimas são encaminhadas para abrigos, como forma de interromper o ciclo da violência. Ainda segundo a SES, o atendimento à vítima de violência sexual é obrigatório em todos os hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS). Em Minas, 87 hospitais foram aprovados como serviços de referências em 2014. Portanto, devem oferecer atendimento emergencial, integral e multidisciplinar às vítimas e, se necessário, encaminhar aos demais serviços do sistema de saúde, justiça, segurança e assistência social.
MEMÓRIA
Empresário preso no Belvedere, em BH
Imagens enviadas por meio de um aplicativo com fotos de armas e diálogos que revelam ameaças de morte foram o ponto-chave para o pedido de prisão preventiva contra um empresário de 29 anos, detido na semana passada no apartamento de luxo onde mora no Bairro Belvedere, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. O homem era investigado desde julho de 2016, em inquérito policial de violência doméstica contra a ex-companheira, com quem manteve relacionamento de quatro anos e tem dois filhos – um de 2 anos e um bebê de 9 meses.
Na ocasião, exame de corpo de delito comprovou que a mulher foi agredida com um soco no rosto, abaixo do olho direito. Na época, o acusado não foi preso, mas desde então o casal se separou e o inquérito teve início. O homem chegou a ser intimado pela Polícia Civil para prestar depoimento, em fevereiro, mas não compareceu à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher. De acordo com a delegada Ana Paula Lamego Balbino, que coordena a investigação, neste ano o agressor deu início às ameaças por meio do aplicativo de mensagens.