- Foto: Lorien Bianca/DivulgaçãoO amor não tem idade. É o que mostra o casamento que parou a pequena Fortaleza de Minas, de 4 mil habitantes, a 378 quilômetros de Belo Horizonte, no Sul do estado, no último fim de semana. O noivo, o aposentado José Valério, tem 102 anos; a noiva, a aposentada Antônia de Jesus, 80. "O amor traz alegria, traz tudo na vida. Quem não ama não tem alegria de viver", disse José Valério, mais conhecido como "Zé Gustavo", nesta segunda-feira, vivendo o clima de núpcias. "Estou muito feliz. Foi um sonho realizado", afirmou Antônia, que tem uma curiosidade: nunca namorou antes de conhecer "seu” José.
A união deles foi oficializada na manhã de sábado, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, o templo católico na cidade, que recebeu centenas de pessoas – só parentes dos noivos eram cerca de 150 convidados.
A tradição foi seguida, com a entrada da noiva ao som da marcha nupcial. Em seguida, eles participaram de uma grande festa no Clube Municipal de Fortaleza de Minas. Ao celebrar o casamento, o padre Geraldo Henrique Benjamin destacou que os dois aposentados deram um exemplo de valorização do sacramento da união, lembrando que hoje "os jovens já não estão querendo muito compromisso".
- Foto: Lorien Bianca/DivulgaçãoNa cidade são realizados poucos casamentos diante do altar, normalmente de dois a três por ano. A união de "seu" José e "dona" Antônia foi o segundo matrimônio deste ano no lugar, conforme Jussara Queiroz de Pádua, secretária paroquial da Igreja Nossa Senhora do Rosário. "Às vezes, as pessoas idosas ficam desanimadas e até deprimidas. Eles demonstraram o contrário. Fico muito feliz pelo ânimo dos dois", disse Jussara. José Valério foi trabalhador rural, marceneiro e já foi até "delegado nomeado" da pequena Fortaleza de Minas. Em 1989, ficou viúvo do primeiro casamento, com Juvercina Cândida, com quem teve 10 filhos, que geraram uma prole numerosa, somando mais de 120 descendentes, entre netos, bisnetos e trinetos.
Pouco depois de ficar viúvo, "seu" José conheceu Antônia, cuja família mora em Passos (20 quilômetros de Fortaleza de Minas). Em 1991, o então pretendente tinha 76 anos e pediu a mão dela em casamento. Ele conta que seguiu a "moda antiga".
"Falei com o pai dela", disse. De imediato, o pedido não foi aceito, tendo em vista que Antônia, à época com 54 anos, mudou-se para São Paulo, onde cuidava de um casal de idosos. "Mas, sempre que ela passeava por aqui, eu dava um jeito de encontrar com ela", descreve o feliz noivo.
- Foto: Lorien Bianca/DivulgaçãoNo ano passado, após a morte do casal de idosos que cuidava em São Paulo, Antônia voltou a morar em Passos e o namoro com José Valério engatou de vez. Ela disse a ele que queria casar na igreja, de branco, de véu e grinalda, como manda a tradição. O casório foi marcado em novembro de 2016. Neta de José Valério, a funcionária pública Edmar Rosa dos Santos, de 40, relata que o avô andava desanimado e enfrentava vários problemas de saúde, com dificuldades para andar. Mas ele melhorou e ganhou um novo ânimo depois que iniciou o namoro e marcou o casamento com Antônia. "O amor revigora as pessoas. A essência do amor é uma coisa bela.
Quando a pessoa ama alguém, ela se sente renovada", afirma Edmar Rosa. Ela também disse que o avô já superou muitos obstáculos na vida e as perdas de dois filhos e de quatro netos; "Mas sempre foi uma pessoa tranquila, que sabe passar por cima dos baques da vida".
"Estou cheio de felicidades. Eu agora só peço a Deus para me dar ânimo e saúde para que eu possa aproveitar a vida", disse José Valério, nesta segunda-feira, ao lado de Antônia. "Estou muito feliz. Agora, só quero viver em paz com ele (José Valério). Também peço a Deus para dar muita felicidade pra gente", completou a recém-casada..