Uma das piores formas de agressão encontradas no alto Rio das Velhas são as erosões gigantes ocorridas após os desmatamentos. “É impressionante: primeiro se desmata a floresta ao redor do rio, depois se usa a mata para carvão e vem o gado e pisoteia tudo. A água da chuva entra nesse contexto, escavando seus caminhos e levando sedimentos para baixo, até o rio, que vai sendo enterrado”, aponta o membro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH-Velhas) Ronald Guerra. Ronald, que já foi secretário de Turismo de Ouro Preto, é um dos canoeiros que navega pelo Rio das Velhas e critica a devastação desse manancial. “Se não nos unirmos pelo rio, não teremos mais nada.
Logo nos primeiros metros, quando o rio ainda é estreito, os canoístas precisam lutar contra a fina lâmina d’água e as pedras para poder prosseguir. O Rio das Velhas ali é assim: paisagem e não protagonista. “A gente tem de pensar nesse rio como um dos primeiros lugares onde o europeu mexeu. Não fosse por ele, não conseguiriam chegar aqui, e o que queremos é ter alguma memória preservada, matas ciliares, ambiente propício para que a natureza se desenvolva”, afirma o presidente do CBH-Velhas, Marcus Vinícius Polignano. De acordo com ele, as agressões ao Velhas são conhecidas e demandam mais fiscalização. “Vemos áreas degradadas, espaços destruídos e quem faz isso sai impune. O Projeto Manuelzão foi muito importante para a saúde do rio, mas é preciso manter essas iniciativas”, afirma.
PANORAMA Do líquido puro que brota no Parque Natural Municipal das Andorinhas, em Ouro Preto, às cargas de esgoto, lixo e rejeitos que turvam o Rio das Velhas na Grande BH, um panorama atual sobre a qualidade e a quantidade das águas desse curso hídrico começou a ser traçado ontem. Apesar dessa importância, o rio é duramente maltratado ao longo do seu curso, com a devastação de suas matas ciliares, erosão das margens e poluição das águas. A expedição terá uma parte aquática, com navegadores descendo em caiaques por 107 quilômetros, entre o distrito ouro-pretano de São Bartolomeu e o município de Santa Luzia, colhendo amostras, registrando problemas e paisagens belas. Enquanto isso, com o apoio das prefeituras da região, serão feitas ações de conscientização nas comunidades ribeirinhas e também rodas de discussão sobre a situação do Rio das Velhas.
No dia 4 de junho, o grupo de expedicionários chega a Belo Horizonte. Na capital mineira, a partir das 9h, entidades ambientais se reúnem na Praça da Liberdade para comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente e encerrar a expedição. Ao final, um cortejo com todos os participantes descerá a Avenida João Pinheiro, em direção ao Parque Municipal.
Parque da Serra do Curral será reaberto hoje
As visitas ao Parque da Serra do Curral serão retomadas hoje, a partir das 8h, depois de 96 dias de interdição.