O mecânico Paulo Filipe da Silva Gonçalves, de 29 anos, foi condenado a nove anos de prisão em regime fechado pelo assassinato a tiros do comerciante Guilherme dos Santos Alves, de 33, em abril do ano passado, na saída da casa de show Alambique, na Avenida Raja Gabaglia, no Bairro Estoril, Oeste de Belo Horizonte. O Ministério público recorreu da sentença e o mecânico, que desde o crime está preso, vai aguardar a decisão atrás das grades, sem o benefício da liberdade provisória.
O julgamento foi no 2º Tribunal do Júri de Belo Horizonte. Paulo Gonçalves foi condenado sentenciado por homicídio privilegiado, quando o autor comete o crime sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. E também por homicídio qualificado, pois impossibilitou a defesa da vítima.
O assassinato ocorreu em 29 de abril de 2016, depois de uma briga dentro da casa noturna Alambique. O atrito seguiu na saída e o acusado buscou uma arma de fogo no carro e matou o comerciante.
Em seu depoimento no júri, o réu contou que a confusão começou depois que a vítima e seus amigos jogaram bebidas no camarote, acima da pista, onde ele estava. Ainda segundo ele, as pessoas que estavam no espaço revidaram, lançando bebidas na pista. Na sequência, segundo o acusado, o comerciante e seus amigos subiram até o camarote e agrediram algumas pessoas, incluindo ele, que foi ainda ameaçado.
Paulo disse que depois da briga saiu da casa noturna e foi para o carro do amigo que estava com ele. Preocupado com outro amigo, que ainda estava dentro do estabelecimento com a namorada, ele pegou sua arma e retornou à porta da casa noturna.
Segundo o mecânico, a vítima e seus amigos começaram a persegui-lo, momento em que, transtornado, atirou em direção ao grupo.
O promotor Francisco Santiago, no entanto, afirmou que o réu saiu da casa noturna, foi ao carro pegar a arma e ficou aguardando a vítima e seus amigos saírem do estabelecimento. Ele também disse que a altura do camarote não permitiria que a vítima, que estava na pista, atingisse o público de cima com bebidas. O representante do Ministério Público apontou o fato de o comerciante ter sido baleado pelas costas, o que comprova que ele e seus amigos não tentaram perseguir o réu na avenida.
O advogado do mecânico, Igor Cury, destacou o fato de seu cliente ter sido ameaçado e agredido pela vítima dentro da casa noturna, o que motivou sua ação. Observando que o mecânico confessou o crime, o advogado pediu sua condenação, mas sem as qualificadoras, motivo fútil, perigo comum e emprego de meio que dificultou a defesa da vítima, de modo que a condenação fosse "justa, na medida da culpabilidade do acusado".