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Estado de Minas

Extração de areia e lançamento de esgoto são primeiras agressões ao Rio das Velhas

No segundo dia da expedição "Rio das Velhas que te quero vivo", o trecho entre Ouro Preto e Itabirito se mostrou um dos mais desafiadores


postado em 31/05/2017 06:00 / atualizado em 31/05/2017 08:04

Atividade das dragas é considerada das mais danosas na região(foto: Túlio Santos/EM/DA Press)
Atividade das dragas é considerada das mais danosas na região (foto: Túlio Santos/EM/DA Press)
Ouro Preto e Itabirito – O serpentear entre as rochas e as encostas densas da mata atlântica é um grande desafio para os remos dos ambientalistas que descem o Rio das Velhas buscando demonstrar pelo seu suor a devastação que aos poucos consome o manancial responsável pelo abastecimento de 60% da Grande BH. No segundo dia da expedição “Rio das Velhas que te quero vivo” – que partiu da cabeceira e vai até Santa Luzia –, o trecho entre Ouro Preto e Itabirito se mostrou um dos mais desafiadores, com longos trechos selvagens, corredeiras, pontos de extração de areia e os primeiros lançamentos de esgoto no leito.

Ainda que legalizadas, as áreas de explorações de areia dragam a calha do manancial e, ao lado do esgoto de Itabirito, são o pior tipo de devastação que esse trecho do Alto Rio das Velhas experimenta. “É preciso rever todos os tipos de usos, pois, mesmo que ainda sejam permitidas, atividades como a extração de areia prejudicam demais um rio assolado como o Velhas”, considera Ronald Guerra, que é um dos expedicionários e integra o comitê das nascentes do Rio das Velhas.

A expedição dos canoeiros não tem sido fácil. E não são apenas os acidentes geográficos e desafios técnicos que exigem perícia dos remadores, mas também a quantidade de lixo no leito e a seca prolongada dos últimos quatro anos. “O rio está muito seco e isso cria obstáculos, nos obriga a usar os remos de forma mais brusca. Conhecer o Rio das Velhas é importante, mas a cada dia ele vem ficando mais desafiador”, disse Ronald.

BAIXAS A expedição começou com seis canoeiros partindo de São Bartolomeu, distrito de Ouro Preto. Pelo menos dois já tiveram de recolher seus remos, vítimas dos desafios das curvas. “Atravessar o Rio das Velhas exige estudo, experiência e gostar muito deste rio, porque quando entramos aqui, nossa saída é só ao final”, disse Ronald, que desde 2003 encara as corredeiras e desafios do leito.

Entre Acuruí, represa da Cemig dentro de Itabirito, e as fazendas que ficam a Oeste do distrito, a extração de areia é intensa e, ainda que legalizada, motiva os trabalhadores dessa atividade a tentar espantar qualquer tipo de propaganda negativa. A própria equipe de reportagem chegou a ser ameaçada quando registrava imagens das dragas que revolvem e extraem o material do fundo, assim como o movimento de deposição e os montes que vão se acumulando ao largo.

“O Rio das Velhas é um rio sacrificado ao longo da história do Brasil, mas ainda podemos pensar em restaurar esse lindo curso d’água, pescar, nadar e brincar nele. Temos fontes de poluição e isso ainda queremos mostrar. Mas há água boa. Temos cuidadores de nascentes e pessoas comprometidas com a saúde do Velhas”, afirma o presidente do CBH-Velhas, Marcus Vinícius Polignano.

ESPERANÇA Em Itabirito, cidade mineradora onde os expedicionários entraram ontem, a poluição urbana já se faz notar, seja pelas manilhas urbanas que despejam águas tóxicas ou pelo lixo que escorre pelos canais. “Essa é uma grande luta e nós de Itabirito temos orgulho de dizer que dentro dos próximos três meses teremos 90% do nosso esgoto tratado, algo que não existe no Alto Rio das Velhas”, afirma o secretário de Meio Ambiente do município, Antônio Generoso.


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