O resultado mais esperado após a expedição “Rio das Velhas, Te Quero Vivo” é a assinatura, hoje, de um termo para a revitalização do manancial, a ser pactuado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH-Rio das Velhas), as prefeituras que integram a bacia, a Copasa e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad). De acordo com o presidente do CBH, Marcus Vinicius Polignano, o termo conterá três ações previstas para a revitalização. “A primeira é a preservação dos parques e cinturões verdes onde ficam as á reas de recarga e nascentes dos rios da bacia. A segunda é o tratamento do esgoto, que deve ter como alvo o índice de 100% e ser implementado onde ainda não existe, como em Nova Lima, Raposos e Rio Acima. E a terceira é o envolvimento e a participação dos demais setores da sociedade para que se alcance esse objetivo”, afirma.
De acordo com a Semad, a parceria com o CBH-Rio das Velhas e as prefeituras da bacia consta de uma carta-compromisso estabelecendo as medidas com as quais cada um dos participantes se responsabilizará. “A proposta é de atuação sistêmica e coordenada dos vários atores para alcançar a disponibilidade de água em quantidade e qualidade, visando a garantia dos múltiplos usos da água e da segurança hídrica da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, especialmente da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH)”, informa o órgão.
METAS Essa é a terceira expedição pelo Velhas, promovida pelo Projeto Manuelzão e pelo CBH-Rio das Velhas para a revitalização do manancial. As outras duas ocorreram em 2003 e em 2009 e a partir delas o estado e alguns municípios se comprometeram com ações que visavam tornar o rio limpo o suficiente para voltar a ser navegável, servir de habitat para peixes que possam ser pescados e consumidos e ainda uma fonte de banho para o lazer dos ribeirinhos. Houve avanços, como a construção das estações de tratamento (ETEs) dos ribeirões Arrudas e Onça, capazes de remover os poluentes de 60% do esgotos de Belo Horizonte. Mas as chamadas metas 2010 e 2014 não conseguiram nenhum dos grandes objetivos. Atualmente navegar no Velhas é uma atividade de risco extremo, os peixes vivem num ambiente repleto de metais pesados que podem trazer doenças para quem os consome e nadar naquelas águas beira o suicídio.
“A expedição termina atingindo seus objetivos. Mostramos que a poluição e os abusos contra o Rio das Velhas precisam cessar, pois ainda há água limpa e vida no Velhas. Mas essas águas nascem limpas e acabam sendo degradadas por esgoto, lixo, assoreamento e mineração”, afirma Polignano. “É urgente que pensemos no rio como uma bacia, um resultado de água que vem das montanhas da Serra da Moeda, do Gandarela e do Parque das Andorinhas, por isso tais locais precisam ser preservados com urgência”, disse.
OS EXPEDICIONÁRIOS
Saiba quem são e o que dizem os canoístas que se voluntariaram para descer o Alto Rio das Velhas pela sua revitalização
Erick Wagner Sangiorgi, de 45 anos
Mobilizador social do Projeto Manuelzão e coordenador da Equipe Água da expedição
“Duas coisas me surpreenderam. A primeira foi o dourado de uns cinco quilos que saltou na frente do meu barco. Acima de Bela Fama o rio tem muitos peixes e pescadores contam que conseguem fisgar curimbas de até seis quilos, algo que só se imagina no Baixo Rio das Velhas (perto da foz, no São Francisco). Significa que esses peixes ainda acham onde se alimentar e reproduzir. Outra foi o vale do Rio Itabirito. É um local de beleza extraordinária, que daria muito bem para se fazer um parque. Precisa ser preservado.”
Ronald Carvalho Guerra, de 57 anos
Coordenador do Subcomitê das Nascentes e canoísta das expedições desde 2003
“A gente sempre quer um rio com muita qualidade e quantidade de água. Mas são quatro anos de poucas chuvas e uma demanda muito grande para os diversos usos, principalmente para a mineração e o consumo humano. A partir de Bela Fama, essa vazão ficou muito reduzida, o que piora impactos como o lançamento de resíduos sólidos e esgotos urbanos. É inaceitável que qualquer quantidade de esgoto seja lançada num rio, por isso não adianta dizer que trata 50%, porque mesmo que seja um avanço, ainda é um absurdo jogar 50% direto no rio. Com a pouca água que se tem isso fica cada vez menos diluído.”
Rafael Gonçalves Costa, de 31 anos
Voluntário do Projeto Manuelzão e vereador de Raposos
“Entrei na expedição por ser amante da causa das águas. Como canoísta de primeira viagem, senti um desafio físico normal pela inexperiência, mas fui muito ajudado. E me chamou muito a atenção ter visto que o rio corre tão limpo até São Bartolomeu e aos poucos surge a degradação, quando se aproxima do Rio Itabirito. Outra coisa é a captação de água de Bela Fama, que é importante, mas deixa a gente que está abaixo, como em Raposos, num trecho de vazão reduzida.”
Elias Gonçalves Nogueira, de 28 anos
Estudante de engenharia mecânica e voluntário estreante
“Estou novo como canoísta, tive apenas três treinamentos na água, então posso dizer que aprendi a remar remando. Gostei muito da descida do rio, o Rio das Velhas é muito bonito, mas quanto mais vamos descendo, essa beleza vai se acabando. Quanto mais homens aparecem ou cidades passam, mais esgoto vai sendo jogado no rio e ele perde um pouco mais da sua beleza.”
Rodrigo De Angelis, de 40 anos
Diretor de comunicação do CBH-Rio das Velhas e veterano das expedições
“Senti muito essa questão da vazão reduzida por causa da crise hídrica. Em São Bartolomeu, que é mais perto das nascentes, você rema batendo o remo em pedras do leito, de tão baixo que está. Uma coisa que observei é uma oportunidade. O Alto Rio das Velhas, até Rio Acima, é excepcional para fomentar a canoagem e o ecoturismo em geral. Se o esgoto de Itabirito for tratado, o potencial turístico será grande pela beleza natural”
Leandro Durães Ávila Santos, de 31 anos
Engenheiro ambiental e voluntário do Projeto Manuelzão
“Estou desde 2006 como canoísta do Projeto Manuelzão e esta é a minha quinta expedição, contando outras para rios menores. Tenho experiência em remar em corredeiras, já remei em vários rios pelo país. Infelizmente, no meu primeiro dia, entrei na água escorregando de um barranco para dentro do rio e sofri uma lesão na parte muscular do ombro. Isso me tirou da expedição como remador, mas não desisti. Vejo que o rio precisa de mais fiscalização, se os órgãos fizessem sua parte, não estaríamos aqui lutando para sermos ouvidos.”
De acordo com a Semad, a parceria com o CBH-Rio das Velhas e as prefeituras da bacia consta de uma carta-compromisso estabelecendo as medidas com as quais cada um dos participantes se responsabilizará. “A proposta é de atuação sistêmica e coordenada dos vários atores para alcançar a disponibilidade de água em quantidade e qualidade, visando a garantia dos múltiplos usos da água e da segurança hídrica da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, especialmente da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH)”, informa o órgão.
METAS Essa é a terceira expedição pelo Velhas, promovida pelo Projeto Manuelzão e pelo CBH-Rio das Velhas para a revitalização do manancial. As outras duas ocorreram em 2003 e em 2009 e a partir delas o estado e alguns municípios se comprometeram com ações que visavam tornar o rio limpo o suficiente para voltar a ser navegável, servir de habitat para peixes que possam ser pescados e consumidos e ainda uma fonte de banho para o lazer dos ribeirinhos. Houve avanços, como a construção das estações de tratamento (ETEs) dos ribeirões Arrudas e Onça, capazes de remover os poluentes de 60% do esgotos de Belo Horizonte. Mas as chamadas metas 2010 e 2014 não conseguiram nenhum dos grandes objetivos. Atualmente navegar no Velhas é uma atividade de risco extremo, os peixes vivem num ambiente repleto de metais pesados que podem trazer doenças para quem os consome e nadar naquelas águas beira o suicídio.
“A expedição termina atingindo seus objetivos. Mostramos que a poluição e os abusos contra o Rio das Velhas precisam cessar, pois ainda há água limpa e vida no Velhas. Mas essas águas nascem limpas e acabam sendo degradadas por esgoto, lixo, assoreamento e mineração”, afirma Polignano. “É urgente que pensemos no rio como uma bacia, um resultado de água que vem das montanhas da Serra da Moeda, do Gandarela e do Parque das Andorinhas, por isso tais locais precisam ser preservados com urgência”, disse.
OS EXPEDICIONÁRIOS
Saiba quem são e o que dizem os canoístas que se voluntariaram para descer o Alto Rio das Velhas pela sua revitalização
Erick Wagner Sangiorgi, de 45 anos
Mobilizador social do Projeto Manuelzão e coordenador da Equipe Água da expedição
“Duas coisas me surpreenderam. A primeira foi o dourado de uns cinco quilos que saltou na frente do meu barco. Acima de Bela Fama o rio tem muitos peixes e pescadores contam que conseguem fisgar curimbas de até seis quilos, algo que só se imagina no Baixo Rio das Velhas (perto da foz, no São Francisco). Significa que esses peixes ainda acham onde se alimentar e reproduzir. Outra foi o vale do Rio Itabirito. É um local de beleza extraordinária, que daria muito bem para se fazer um parque. Precisa ser preservado.”
Ronald Carvalho Guerra, de 57 anos
Coordenador do Subcomitê das Nascentes e canoísta das expedições desde 2003
“A gente sempre quer um rio com muita qualidade e quantidade de água. Mas são quatro anos de poucas chuvas e uma demanda muito grande para os diversos usos, principalmente para a mineração e o consumo humano. A partir de Bela Fama, essa vazão ficou muito reduzida, o que piora impactos como o lançamento de resíduos sólidos e esgotos urbanos. É inaceitável que qualquer quantidade de esgoto seja lançada num rio, por isso não adianta dizer que trata 50%, porque mesmo que seja um avanço, ainda é um absurdo jogar 50% direto no rio. Com a pouca água que se tem isso fica cada vez menos diluído.”
Rafael Gonçalves Costa, de 31 anos
Voluntário do Projeto Manuelzão e vereador de Raposos
“Entrei na expedição por ser amante da causa das águas. Como canoísta de primeira viagem, senti um desafio físico normal pela inexperiência, mas fui muito ajudado. E me chamou muito a atenção ter visto que o rio corre tão limpo até São Bartolomeu e aos poucos surge a degradação, quando se aproxima do Rio Itabirito. Outra coisa é a captação de água de Bela Fama, que é importante, mas deixa a gente que está abaixo, como em Raposos, num trecho de vazão reduzida.”
Elias Gonçalves Nogueira, de 28 anos
Estudante de engenharia mecânica e voluntário estreante
“Estou novo como canoísta, tive apenas três treinamentos na água, então posso dizer que aprendi a remar remando. Gostei muito da descida do rio, o Rio das Velhas é muito bonito, mas quanto mais vamos descendo, essa beleza vai se acabando. Quanto mais homens aparecem ou cidades passam, mais esgoto vai sendo jogado no rio e ele perde um pouco mais da sua beleza.”
Rodrigo De Angelis, de 40 anos
Diretor de comunicação do CBH-Rio das Velhas e veterano das expedições
“Senti muito essa questão da vazão reduzida por causa da crise hídrica. Em São Bartolomeu, que é mais perto das nascentes, você rema batendo o remo em pedras do leito, de tão baixo que está. Uma coisa que observei é uma oportunidade. O Alto Rio das Velhas, até Rio Acima, é excepcional para fomentar a canoagem e o ecoturismo em geral. Se o esgoto de Itabirito for tratado, o potencial turístico será grande pela beleza natural”
Leandro Durães Ávila Santos, de 31 anos
Engenheiro ambiental e voluntário do Projeto Manuelzão
“Estou desde 2006 como canoísta do Projeto Manuelzão e esta é a minha quinta expedição, contando outras para rios menores. Tenho experiência em remar em corredeiras, já remei em vários rios pelo país. Infelizmente, no meu primeiro dia, entrei na água escorregando de um barranco para dentro do rio e sofri uma lesão na parte muscular do ombro. Isso me tirou da expedição como remador, mas não desisti. Vejo que o rio precisa de mais fiscalização, se os órgãos fizessem sua parte, não estaríamos aqui lutando para sermos ouvidos.”