Seis anos é tempo mais que bastante para concluir um curso superior; é também mais da metade da duração do chamado ensino fundamental, e três anos além do prazo necessário para concluir o ensino médio. Mas o período não foi suficiente para terminar as obras de uma das escolas estaduais mais tradicionais de Belo Horizonte, a Barão do Rio Branco, localizada na Savassi, Região Centro-Sul da capital. Fechada em 2011, a unidade transferiu seus mais de mil alunos para o que pais classificam como “um porão” em anexo do Instituto de Educação, no Centro da capital. Os atrasos na reforma – que atualmente sofre até com falta de luz e insumos básicos, segundo operários – criam uma situação que beira o inacreditável: estudantes matriculados no colégio, que tem turmas da 6ª à 9ª série, passarão pela instituição sem conhecer o prédio histórico de 1913, onde funcionou o primeiro grupo escolar da cidade.
A reinauguração prevista para 2013, ano do centenário, nunca ocorreu. Remarcada para meados de 2015, não vingou de novo. Nova previsão garantia que os alunos voltariam no início de 2017, e nada. A nova promessa de conclusão, agora, é para o fim deste ano, mas a situação na obra faz muita gente duvidar que a estimativa será cumprida. É a pior situação entre três escolas estaduais tradicionais que também têm reformas pendentes na capital, mas que pelo menos mantêm os alunos em suas dependências: a Pandiá Calógeras, no Bairro Santo Agostinho, o Colégio Estadual Central, em Lourdes, e o Barão de Macaúbas, na Floresta.
Tombada pelo patrimônio histórico estadual e localizada na Avenida Getúlio Vargas, entre as ruas Rio Grande do Norte e Tomé de Souza, em Belo Horizonte, a Escola Estadual Barão do Rio Branco há tempos já não revela sua fachada histórica a quem passa pela calçada. O que se vê por lá são muros quebrados, tapumes e pichações que passaram a fazer parte do cenário, dando a sensação de total abandono a quem passa pelo local. A data para o retorno dos alunos continua imprevisível.
Trabalhadores com acesso ao prédio, que preferem o anonimato, contam que há dois meses o trabalho não anda, por um motivo simples: falta material de construção. “Os trabalhadores vêm aqui todos os dias, gastam passagem, mas falta até cimento. Assim fica difícil”, diz um deles. Outro confirma, e acrescenta: a energia elétrica também foi cortada. “Só temos a britadeira e a areia. Os pedreiros não conseguem nem bater o ponto, porque estamos sem luz. Ficam até o meio-dia e vão embora”, relata, afirmando não ser a primeira vez que se enfrenta o problema. Quem convive com o dia a dia arrastado da reforma duvida da previsão oficial: “É muito difícil que as obras terminem ainda este ano. Tem que colocar muita pressão para esta obra sair”, afirma um dos trabalhadores.Depois do fechamento do Barão do Rio Branco, as obras foram iniciadas na gestão anterior do governo do estado, em janeiro de 2013, com prazo inicial de 900 dias. Mas foram paralisadas em janeiro de 2015 e retomadas pela administração atual em julho de 2015. O plano inicial contemplava apenas uma reforma pontual, em decorrência da interdição pela Defesa Civil de três salas e do fechamento de uma das quadras, devido à queda de parte de um muro.
Mas, pelo estado precário do imóvel, que ainda sofria com rachaduras, infiltrações e mobiliário quebrado, a edificação ganhou projeto de restauração ampla. Os investimentos previstos foram de cerca de R$ 9 milhões. O projeto prevê a reforma da rede elétrica, hidráulica e a restauração das características arquitetônicas do prédio, incluindo as pinturas artísticas originais. Contempla também paisagismo, prevenção e combate a incêndio, central de gás, área de resíduos sólidos e construção de quadra poliesportiva e de dois blocos de edificações. Um dos anexos deve abrigar sala de xerox, sala da supervisão, sala do professor, sala de orientação e guarita de segurança. No outro serão instalados a biblioteca, a sala de informática e dois laboratórios. Só não se sabe quando.