Adolescente que morreu atropelado na calçada na Pampulha é sepultado

Foi sepultado, no fim da manhã deste sábado, o corpo do estudante Paulo Augusto Dalmazio Fonseca, de 16 anos, que morreu atropelado na manhã de ontem em um ponto de ônibus do Bairro São Francisco, Região da Pampulha, em Belo Horizonte. A cerimônia foi realizada no Cemitério Bosque da Esperança, na Região Norte da capital.

Pelas redes sociais, amigos de Paulo usaram as redes sociais para lamentar a perda. “Hoje mais uma estrelinha brilha no céu... Num lugar melhor que nós você com certeza está, mas era melhor que todos os seus amigos e sua família estivessem com você!”, comentou uma adolescente no Facebook. “Logo você, meu mano”, disse outro rapaz. “Sempre lembraremos de você com esse sorriso e como nos fazia feliz. Você e todos os momentos que nos proporcionou são inesquecíveis em nossos corações, que tanto choram agora”, disse outra amiga.

O motorista Dênis Couto Batista, de 28, foi detido por homicídio culposo (não intencional), com agravante de ter subido na calçada. Ele fazia uma ultrapassagem em local proibido na Rua Estoril, ignorando a faixa amarela contínua e a área de cruzamento. Seu Gol, na contramão, colidiu com o EcoSport de uma condutora que fazia conversão permitida à esquerda. O motorista perdeu o controle do veículo e acertou o muro de uma casa, invadindo o passeio, onde Paulo esperava carona para ir à escola.

Quando os primeiros socorristas do Corpo de Bombeiros atenderam o jovem, ele já estava inconsciente e com sangramento na cabeça. Ao chegar, um médico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) constatou a morte. A câmera de segurança de um imóvel na Rua Estoril, ligação entre a Rua Boaventura e a Avenida Antônio Carlos, flagrou o desastre. Paulo subia a rua a pé, com a mochila nas costas, e parou na esquina com a Rua Beira Alta. Segundo a cozinheira Luiza de Marilac, de 70, o estudante esperava ali diariamente a carona do pai de um amigo, no caminho para a Escola Estadual Anita Brina Brandão, no Bairro Jaraguá, onde as aulas foram suspensas na manhã de ontem.


A mãe de Paulo foi até o local do acidente e ficou em estado de choque. Segundo a vizinha Daniela Fernandes, de 41, o adolescente era filho único, muito estudioso e morava com a mãe, que é separada do pai. “Ele era uma pessoa muito boa, assim como a família. Ia para a escola de carona ou pegava ônibus. A mãe é uma pessoa ótima, trabalha como enfermeira e não mede esforços para ajudar pessoas doentes aqui no bairro”, contou.

O motorista do Gol teve lesão no maxilar e foi encaminhado para o Hospital Odilon Behrens. À PM, relatou que estava na Rua Estoril, em velocidade compatível com a via, quando observou o EcoSport fazer uma manobra para esquerda, o que o obrigou a pegar a contramão de direção. A versão não corresponde à dinâmica do acidente revelada pelas câmeras de segurança, que indicam claramente que o condutor ultrapassou carros e se deslocava na contramão por vários metros antes da batida.

O delegado de plantão, Fernando Andrade, ouviu Dênis e ratificou o auto de prisão em flagrante por homicídio culposo. A pena pelo crime é de dois a quatro anos de prisão, e pode ser aumentada em até a metade, devido ao fato de a vítima ter sido atropelada sobre o passeio. O delegado afirmou que as análises iniciais indicaram que o motorista teve conduta imprudente.  O advogado Nilmar Gonçalves Teixeira, que defende Dênis, afirmou que a família do rapaz está solidária e disposta a ajudar os parentes da vítima. “Meu cliente não saiu de casa para se envolver em acidente e muito menos ceifar a vida de ninguém.” Segundo ele, o motorista seguia do Bairro União para o Bairro Ouro Preto, onde iria se encontrar com um amigo. Sobre a prisão, o defensor afirma que vai entrar com pedido de relaxamento na Justiça. (Com informações de Guilherme Paranaíba, João Henrique do Vale e Landercy Hemerson)